Desafio literário: 30 dicas de livros (ou muito mais) em 30 dias

Pelo menos 50 livros apareceram no meu desafio dos 30 livros em 30 dias :)
Pelo menos 50 livros apareceram no meu desafio dos 30 livros em 30 dias :)

Não sou muito fã de correntes de redes sociais, mas sempre que aparece uma mais literária eu acabo cedendo. Foi o caso do “Desafio 30 Livros – 30 Dias“, que algum desocupado criou para o Instagram e eu, é claro, resolvi participar – mesmo estando bem ocupada 😛

E não me limitei a colocar uma capinha de livro para cada dia, não. Sempre dei um jeito de fazer a coisa toda pensando, tentando trazer recomendações úteis, impressões, links para resenhas… Acabou ficando tão legal que resolvi trazer também para os leitores do blog 😀

Desafio 30 livros no Instagram

Então, anotem aí:

Dia 1 – Todos amam, menos eu:A Cabeça do Santo“, de Socorro Acioli. Li este no ano passado e foi o único que classifiquei como “ruim” dentre todas as minhas leituras de 2024. Achei bobo, bobo. E não entendo como tanta gente pode ter amado, a ponto de ter figurado na lista dos melhores do século 21. Sem resenha no blog.

Dia 2 – Livro preferido: Não faço a mínima ideia de qual é meu livro preferido. Quando tentei fazer uma lista dos favoritos, há 11 anos, cheguei a 60 livros. Imagina hoje, que estou lendo beeeeem mais? São muuuuuuitos favoritos, mas “A Boa Sorte”, de Rosa Montero, é um deles 😀

Dia 3 – Uma dívida literária:Grande Sertão: Veredas“, de Guimarães Rosa. Na verdade, nunca li nada deste mineiro de Cordisburgo. Acho que só um conto, que tinha na coleção “Para Gostar de Ler”, e, na época, não gostei. Daí acho que fiquei com medo de tentar outros, e hoje carrego esta dívida.

Dia 4 – Todo mundo leu menos eu:Torto Arado“, de Itamar Vieira Junior. Na verdade, eu comecei a ler. Logo no início, quando a personagem tem a língua cortada, fiquei meio desesperada e parei. Mas deu pra ver que o autor escreve bem, então um dia ainda quero tentar de novo.

Box Trilogia dos Gêmeos, de Ágota KristófDia 5 – De um país diferente: Acho que eu nunca tinha lido nada de um autor húngaro antes, até conhecer a trilogia sensacional da Ágota Kristóf, que ganhei de presente da amiga Carol. Então ficou sendo meu exemplo de “país diferente”. Se por “diferente” o desafio quis dizer “não brasileiro”, eu teria incontáveis exemplos a dar. Dos 56 livros que li neste ano, até o momento, 46 eram de autores de outros países (incluindo Japão, Venezuela, Rússia, Nigéria, Panamá e outros 11).

Capa do livro 'Não me abandone jamais', de Kazuo IshiguroDia 6 – O melhor do autor favorito: De novo, impossível dizer que tenho um autor favorito. Mas Kazuo Ishiguro é, sem dúvida, um dos favoritos. Difícil é escolheu meu livro preferido dele. Pincei Não me abandone jamais para o desafio, mas também amo O Gigante enterrado, Noturnos, Klara e o Sol

Dia 7 – Um clássico ruim: Um dos livros de que menos gostei foi “Broquéis“, de Cruz e Sousa, obrigatório para o vestibular da UFMG em 2002, que tive de ler e reler. Por mim, podia ter jogado na fogueira. Mas nem sei se dá pra chamar de clássico. Para o desafio, respondi “Frankenstein“, de Mary Shelley, que acho que achei marromenos quando li, há mil anos.

Dia 8 – A escola me fez odiar: Nenhum, que eu me lembre. “Broquéis” eu odiei porque o livro é ruim mesmo, não por culpa da escola 😀

Dia 9 – A escola me fez amar: Vários! “O Cortiço” (Aluísio Azevedo), “Amar, Verbo Intransitivo” (Mário de Andrade) e “Capitães de Areia” (Jorge Amado), se não me engano, eu conheci graças à escola – e adorei os três. Mas no desafio lembrei de “O Jardim da Meia-Noite“, de Philippa Pearce, que li primeiro em 1999, a pedido da professora Laíse, e depois li mais três vezes – e guardei para o Luiz ler no futuro 🙂

Dia 10 – Último que dei de presente:Caderno de Maldades do Scorpio“, que dei ao Luiz quando ele conseguiu o mérito escolar (todas as notas acima de 90%), de novo ❤ É de uma autora daqui de BH e faz parte de uma coleção que ele e os amigos adoram 😀

Capa do livro O Vendido, de Paul BeattyDia 11 – Gostei, mas não leria duas vezes: citei “O Vendido“, de Paul Beatty, como exemplo, por ser uma leitura difícil. Mas qualquer livro que eu tenha classificado só como “bom” entra aqui. E aí são muitos… Afinal, tem tanto livro excelente pra descobrir ainda, né, gente? 😀

Livro Para todas as mulheres que não têm coragem, de Daniela ArraisDia 12 – De um autor LGBTQIA+: Citei a Dani Arrais, que abraça a luta contra a homofobia em tudo o que faz e, embora este não seja o tema principal de seu livro, também aparece em “Para Todas as Mulheres que Não Têm Coragem“. Se eu já tivesse lido, teria provavelmente citado “Fun Home“, de Alison Bechdel, que além de lésbica, trata muito da homossexualidade (dela e do pai) no livro – e de como ficar a vida toda “dentro do armário” pode ser danoso para muita gente.

Capa do livro Água Fresca para as FloresDia 13 – Me fez chorar: lembrei de “Água fresca para as flores“, de Valérie Perrin, que tem uma passagem, em especial, que é impossível de ler sem chorar. Mas normalmente sou chorona, tanto com livros quanto com filmes, então eu poderia ter citado várias outras obras.

Dia 14 – Que tenha uma cor no título: este foi divertido de responder, porque, além de lembrar de “O Olho Mais Azul“, da Toni Morrison, saí procurando na minha planilha todos os livros com cores no título que já li heheheh 😀 Deu pra perceber como a Agatha Christie gosta de botar cores nos títulos!

Outros livros com uma cor no título que já li:

  • Horizonte Azul, de Wilbur Smith
  • O Mistério do Trem Azul, da Agatha Christie
  • O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon
  • O Enigma das Letras Verdes, de Stella Carr
  • A Caixa Vermelha, de Rex Stout
  • Um Estudo em Vermelho, de Conan Doyle
  • O Cão Amarelo, de Georges Simenon
  • O Cavalo Amarelo, da Agatha Christie
  • A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga Nunes
  • O Tigre Branco, de Aravind Adiga
  • Uma Paixão em Preto e Branco, de Roberto Drummond
  • O Homem do Terno Marrom, da Agatha Christie
  • Café Preto, da Agatha Christie
  • Setembro Negro, de Sandro Veronesi
  • O Corsário Negro, de Emílio Salgari
  • O Papel Roxo da Maçã, Marcos Bagno

Capa do livro 'Véspera', de Carla Madeira.Dia 15 – De um autor local/regional: Foi-se o tempo que Carla Madeira podia ser chamada de uma “autora de Minas Gerais”. Hoje ela é do mundo. Já faz sucesso em Portugal, França e Itália, e agora ainda vai ser traduzida nos Estados Unidos, Rússia e Turquia. Reconhecimento merecido, apesar da inveja que rola no meio literário 😉 Já escrevi sobre todos os livros dela: Tudo é Rio, Véspera, A Natureza da Mordida e um livro com um conto dela.

Capa do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.Dia 16 – De um autor ou autora negro(a): Tem vários autores negros que adoro, como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Chimamanda Ngozi Adichie, Toni Morrison, Djamila Ribeiro, Octavia E. Butler etc. Mas no desafio fiz questão de destacar Machado de Assis, que foi um dos maiores escritores brasileiros, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, e que custou a ser visto como negro, porque fizeram um “embranquecimento” ridículo nas imagens dele ao longo da história.

Capa do livro 'Expiração', de Ted Chiang.Dia 17 – Merecia ser mais conhecido: “Expiração”, de Ted Chiang, foi um dos livros mais interessantes que já li de ficção científica e o melhor que li em 2023. Merecia ser mais conhecido.

Dia 18 – Último que favoritei:O pianista da estação“, do mesmo autor de Velar por ela, que eu tinha acabado de ler e gostado muito. Favoritei no site da biblioteca, pra lembrar de pegar emprestado no futuro 🙂

Dia 19 – Último que abandonei: Não passei da página 40 do livro “Hospício é Deus“, de Maura Lopes Cançado. Foi o único do clube do livro, dentre os vários discutidos desde que fevereiro, que não li até o fim.

Dia 20 – O que li mais vezes até hoje: Com certeza absoluta foi “Milagre na Rua 34“, de Valentine Davies, um livreto de 117 páginas, bem melhor que o filme, que me ajuda a entrar no espírito de Natal no fim de um ano difícil. Li no mínimo 12 vezes, entre 1997 e 2025.

Capa do livro Verões FelizesDia 21 – Trilogia ou série preferida: Já citei a da Ágota Kristof, poderia falar também de “Fundação“, do Isaac Asimov, da série do Harry Potter, do “Senhor dos Anéis” ou da tetralogia de Elena Ferrante, por exemplo. Mas no desafio preferi colocar a linda série em HQ Verões Felizes – talvez meus livros favoritos no ano passado ❤

Capa do livro Amêndoas, de Won-pyung Sohn.Dia 22 – Que tem uma capa que amo: Este desafio também me empolgou, porque adoro várias capas, principalmente quando feitas com obras de arte. Citei como exemplo a capa de “Amêndoas“, que me fisgou com a arte de Ing Lee – que também fez a capa de Coelho Maldito. Mas lembrei de muitas outras também:

Livros com capas que eu adoro

Capas de livros que adoro
Capas de livros que adoro. Clique para ver a imagem em tamanho maior.

Aí os 14 livros citados nas imagens acima:

  1. Água Fresca para as Flores
  2. Três
  3. O elefante desaparece
  4. Anos de chumbo
  5. A boa sorte
  6. O que resta de nós
  7. Dona Bárbara
  8. Sobre os ossos dos mortos
  9. Vamos comprar um poeta
  10. (Con)vivências
  11. Com sangue
  12. O Vendido
  13. Esboço
  14. Uma árvore cresce no Brooklyn

Capa do livro Sucursal das Incertezas, de José de Souza CastroDia 23 – De uma editora independente: Desconheço uma editora mais independente que… eu! Que nem tenho uma editora, mas já cuidei da revisão, edição, diagramação, catalogação e impressão de CINCO livros, inclusive o livro do meu pai, “Sucursal das Incertezas” 😀 Por sinal, um livro imperdível!

Dia 24 – Que tem um título que amo: “Esperando Bojangles”, de Olivier Bourdeaut. Belo livro e belo título, que faz referência a uma bela música, que aqui deve ser ouvida na bela voz de Nina Simone:

Capa do livro Fun Home, de Alison BechdelDia 25 – Leitura atual: quando fiz o desafio, era “Após o Anoitecer”, de Murakami. Depois dele já li “Quarto de despejo – Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, e o já citado “Fun Home: uma tragicomédia em família”, de Alison Bechdel. Agora estou lendo “Querida Tia“, de Valérie Perrin.

Livro (Con)vivências, de Cristina Moreno de CastroDia 26 – Com meu nome na história: pelejei pra lembrar de algum livro (que eu já tivesse lido) com uma personagem chamada Cristina, Cristine, Christina, Christie e afins. Pedi até ajuda ao ChatGPT, que analisou minha planilha em que anoto todos os livros que já li, desde 1997 – e nada. Então pus meu livro de crônicas, que é escrito em primeira pessoa na maior parte do tempo, e com certeza deve ter uma “Cristina” lá no meio 😉

Dia 27 – De um autor independente: Já que já falei do meu pai e de mim, citei neste dia o meu filhote Luiz, de 9 anos, que também é um autor independente, com dois livros publicados e muito lindos ❤

Luiz segura seu segundo livro: 'Aventura no sítio e outras histórias'
Luiz segura seu segundo livro: ‘Aventura no sítio e outras histórias’

"Alice no País das Maravilhas", da editora ÁticaDia 28 – Que marcou a infância: Ganhei do meu pai uma edição de capa dura de “Alice no País das Maravilhas”, da editora Ática (este da foto), no Dia das Crianças de quando eu tinha uns 9 ou 10 anos. Li de uma tacada só, na casa da vovó Rosa, onde dormi naquele fim de semana. Depois reli muitas vezes mais. Guardei o livro para deixar para o Luiz.

Capa de O Mundo Assombrado pelos Demônios, de Carl SaganDia 29 – Um que sempre recomendo: Li este livro em 2004, ainda uma jovem estudante de jornalismo, e ele foi como uma vela no escuro mesmo, como diz a capa desta edição da Companhia das Letras igual à que eu tenho. Se todos lessem “O Mundo Assombrado pelos Demônios“, de Carl Sagan, talvez o mundo fosse menos infestado por fanáticos, negacionistas, conspiracionistas, místicos e charlatões. Já dei de presente várias vezes e recomendo a todo mundo esta leitura (e também A Festa do Bode, de Mario Vargas LLosa, sobre os perigos das ditaduras, e o livro do meu pai, Sucursal das Incertezas, sobre bom jornalismo e a história recente do Brasil, com foco em Minas).

Livros que comprei por últimoDia 30 – Último que comprei: os dois últimos que comprei (pra mim) foram estes, totalmente fisgada pelo preço deles. “Um conto para ser tempo“, de Ruth Ozeki, estava de R$ 109 por impressionantes R$ 29 na Leitura do Boulevard Shopping. De capa dura, com linda arte, e sinopse interessante, resolvi comprar, espantada com o tamanho do desconto. Já “A Garota Roubada“, de Tess Stimson, estava por também impressionantes R$ 9,90 na Leitura do Pátio Savassi. Sério, onde vocês veem livros NOVOS, numa livraria física (que paga aluguel, tem funcionários etc), por menos de dez reais? (Detalhe: na Amazon está por mais de R$ 40). Sem contar que adoro mistério, então trouxe pra casa. Um viva aos garimpos e às bibliotecas: só assim pros amantes de livros não irem à falência! 😀

E assim termino meu desafio de 30 livros em 30 dias. Espero que tenham gostado das minhas dicas literárias 😀

E que tal participar do desafio com as suas considerações? Deixe suas respostas para cada dia no comentário deste post! 😉

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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