Noite em Cavernas
Tem restos de pensamentos
em todas as minhas noites.
Aqueles que aconteceram e os que eu
martelomartelomartelo
incoerentemente
irritantemente
como um futuro planejado
ou no desejo de um passado.
Meus sonhos têm cheiro real
e a umidade do ar me abafa
em cavernas gotejantes
do meu labirinto particular.
Nascem problemas miúdos
estalagtiticamente,
tornando as passagens mais densas
e impenetráveis.
Quero dormir, na paz dos burros
e dos sem criatividade.
Mas nascem idéias,
poemas, situações novas para o
filme da minha vida,
que roda desde que sou
uma pessoa sem contas para pagar.
São os ratos do dia,
aqueles que ficam
roendoroendoroendoroendo
uma carcaça infindável, que só
se esvai na noite, depois que o
limite entre a insônia e
a morte dos ossos
torna-se insuportável.
A noite tem um ponto,
ainda não desvendado,
em que cai num buraco:
os ratos dormem,
os martelos cessam de bater.
O meu corpo morre,
temporariamente,
prevendo as erupções da noite seguinte.
(06/12/2004)
Descubra mais sobre blog da kikacastro
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

E pensar que você só tinha 19 anos quando escreveu o poema, dona menina!
CurtirCurtir
E era a época em que eu mais sofria com insônia…
Hoje em dia tenho dormido como pedra, mas ontem e anteontem, não sei por quê, não dormi bem…
CurtirCurtir