O dia em que fui recebida em casa por um misterioso cheiro
Anteontem às 22h, quando voltei do trabalho para meu apezinho, fui recebida por um cheiro.
Melhor dizendo, um fedor de lascar.
Nunca fui boa de olfato (assim como nunca prestei para identificar a origem das dores: será dor de dente, de cabeça ou de ouvido?), então não consegui distinguir qual tipo de cadáver empesteava de tal forma o ambiente vedado por janelas fechadas.
Seriam os restos do almoço de domingo apodrecendo na geladeira? A lixeira do banheiro, talvez há muito sem ser trocada? Esqueci de dar a descarga de manhã? Algum problema no esgoto? A água suja nas vasilhas acumuladas sobre a pia, há vários dias sem lavar? Algum chulé desprevenido daquelas sandálias hippies de couro que só servem pra dar chulé?
Sim, porque seres humanos são fonte inesgotável de cheiros ruins, próprios ou provocados.
Primeira providência: abri as janelas. Tenho a sorte de ter duas janelas bem grandes, uma de frente pra outra, formando uma corrente de ar de deixar qualquer um empneumoniado.
Segundo passo: tirei de casa o lixo do banheiro (que nem estava tão cheio assim) e o da cozinha. Primeira descoberta concreta: a alface e o tomate nesse lixo estavam com um aspecto péssimo, escorrendo uma aguinha preta que pingou no chão branco da cozinha, deixando manchinhas.
Terceiro passo: examinei cautelosamente todos os itens da minha geladeira, que não eram muitos. Tudo certo.
Quarto passo: escorri a água suja das vasilhas e lavei todas aquelas panelas engorduradas, uma a uma.
Antes que eu percebesse, o monstro das donas de casa, que os comerciais chamam de “neura” e afins, me amordaçou. Comecei a lavar as roupas sujas, passar aquelas que estavam há uma semana ganhando poeira no varal, varri a casa, descartei os jornais velhos, praticamente refiz a faxina que já tinha feito logo antes, no sábado. Só fui dormir às 2h da madrugada.
Ontem à noite, quando voltei do trabalho, o cheiro que me recebeu era apenas da baunilha do aromatizador que deixo no banheiro.
Não me conformei: em meio à neura de me livrar do fedor, nem percebi que tinha perdido para sempre a chance e o prazer de solucionar um pequeno mistério da vida, dentre os poucos que nos encucam de vez em quando. Fiquei sem saber qual era, afinal, a origem do mau cheiro da véspera — e nunca mais descobrirei!
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
Dores e delícias de morar sozinha: nunca ninguém vai mexer nas suas coisas mas, em compensação, as sujeiras continuam lá no mesmo lugar que a gente deixou 🙂
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Exatamente! 🙂
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Se sua mãe ler essa postagem, ela vai dar uma passada aí no seu apê… : )
[]s,
Roberto Takata
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Mas meu apê é a coisa mais limpinha e arrumadinha do mundo, tanto que faxinei no sábado e refaxinei na noite de terça 😛
Mas entre domingo e terça, acumularam-se algumas coisinhas fora do normal….
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era a sua verdura no lixo, com certeza
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Também acho que era…
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sem dúvida foi o tomate no lixo. Se vc quiser ter certeza, deixe um tomate fechado fora da geladeira por uns 3 dias…rs
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ãããã, melhor não rs! acho que acredito em vcs 😀
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Tomate podre é um dos piores cheiros do mundo!
Mas ainda perde pro no. 1 dos fedidos: batata podre! Putz! Essa consegue condensar todos os cheiros ruins que existem!
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Então tá explicado o cheiro, né! =O
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