Reflexões sobre a satisfação no trabalho

Trabalho, mesa de trabalho, computadores, laptops, colegas, empresa, reunião, emprego, satisfação, alegria e felicidade ao trabalhar. Foto: Marvin Meyer / Unsplash
Foto: Marvin Meyer / Unsplash

Publiquei o texto abaixo no LinkedIn e, como ele tocou em muita gente por lá, resolvi trazer aqui para o blog também:

 


“Por que você trabalha?”

Há alguns anos, fiz uma enquete com a pergunta acima e recebi centenas de respostas. A maioria citava uma destas três razões:

  1. Para ganhar dinheiro.
  2. Porque tenho que pagar minhas contas.
  3. Para me sentir útil para a sociedade.
Reunião, trabalho, teletrabalho, colegas, home office, Google Meet. Foto: Sigmund / Unsplash
Foto: Sigmund / Unsplash

Pouquíssimas respostas atrelavam também o fator satisfação pessoal. A tal da felicidade. O tal do prazer.

Mas, pensem comigo: a maioria de nós passa mais horas do dia envolvidos com o trabalho do que fazendo QUALQUER outra atividade. Então, o ideal é que a gente trabalhe com algo que nos faça bem, certo? Que nos dê satisfação, prazer e momentos de alegria. (E, de quebra, nos ajude a pagar os boletos.)

Trabalho, colegas, empresa, reunião, emprego, satisfação, alegria e felicidade ao trabalhar. Foto: Christina @wocintechchat.com / Unsplash
Seu trabalho te faz sorrir? Foto: Christina @wocintechchat.com / Unsplash

A verdade é que muitos trabalham sem nenhum milímetro de alegria. Entramos em um rolo compressor que começa lá na escola, passa pela faculdade (no caso dos mais privilegiados) e vai nos esmagando pela vida afora. E as pessoas passam a viver em função do fim do expediente, do “sextou”, dos feriados (isso quando não têm zilhões de plantões, como tive em 15 anos de redações).

Voltei a refletir sobre tudo isso hoje ao relembrar a história da Raquel Fernandes. Desde criança, quando perguntada sobre o que queria ser quando crescesse, ela respondia no automático: “Veterinária!”. Passou no concorrido vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais. Fez o curso. Formou-se. E foi trabalhar nas fazendas, que era onde ela queria, apaixonada pelos cavalos. Ficou nove anos na função até perceber, aos 31, que estava infeliz.

E foi aí que ela largou tudo e começou uma nova carreira do zero. Trocou os equipamentos médicos por pincéis, pasteis e lápis. Mudou seu olhar sobre os cavalos, do clínico para o artístico. Virou retratista – e, de tão talentosa, logo passou a viver (pagar os boletos, lembra?) só com sua arte, o que é raro no Brasil. Tornou-se a primeira representante do país no grupo de artistas equestres mundiais Paard Verzameld, com sede na Holanda.

A artista Raquel Fernandes, especialista em retratos de cavalos.
A artista (e veterinária) Raquel Fernandes

Nunca esqueço também o super Ângelo Machado, que já tive o privilégio de entrevistar quando ainda era estagiária na Rádio UFMG Educativa. Depois de seguir uma carreira brilhante como médico (pós-doutor, professor titular, fez inúmeras descobertas relevantes na área), aposentou-se e resolveu começar uma nova carreira, como entomólogo, que até então era um hobby. E aí arrasou mais uma vez: descreveu 98 espécies e 11 gêneros novos de insetos, e foi homenageado com seu nome em 56 espécies, entre libélulas, borboletas, besouros, aranhas e até um fungo. Ficou famoso por essa segunda carreira, virou escritor e divulgador da ciência, principalmente para as crianças, com mais de 50 obras publicadas.

Inseto, libélula, voo, asas, liberdade, invertebrado. Foto: David Clode / Unsplash
Voe, libélula! Foto: David Clode / Unsplash

Às vezes seguimos carreiras por nove anos, ou por 30, para só então descobrirmos que aquele talento ou hobby que nos dava tanto prazer, que nos fazia brilhar os olhos de alegria e satisfação, é que poderia ser o nosso trabalho – e até pagar os nossos boletos. Mas nem sempre o rolo compressor nos permite pensar fora da caixinha.

Qual é o seu talento? Qual é seu hobby? Que atividade te faz mais feliz? Será que ela pode ser remunerada?

Pense nisso! 😉

Para concluir, recomendo que:

Que sirvam de inspiração para despertar o valor dos seus próprios talentos! ❤️

 


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

6 comentários

  1. Infelizmente não consigo ganhar dinheiro escrevendo aqui no Blog. 😀

    Mas não posso reclamar. Gosto muito do faço e não considero acordar cedo às segundas um martírio. Não sei se isso se deve também à experiência e a fazer valer o tempo que dedico ao trabalho.

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  2. Bom eu acho que trabalho é trabalho, não é algo feito para nos alegrar, já que devemos lidar com pessoas, responsabilidades e demais situações para poder nos sustentar. É algo necessário. Nem mesmo o significado Etimológico da palavra trabalho se refere a boa coisa (que com o tempo foi tendo seu significado mudado para algo melhor). Quem faz o que gosta e consegue render com isso, de forma plena e sem incômodos , pode denominar isso de várias formas, menos de trabalho.

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    1. Realmente, segundo o site Etimologia, a origem da palavra “trabalho” remete a tortura, e, mais tarde, a escravidão, dor e suplício: https://etimologia.com.br/trabalho. Mas eu acredito na evolução da humanidade e ela também pode englobar o universo do trabalho. Hoje em dia a área de recursos humanos atua para tornar o ambiente de trabalho mais humano, saudável, gentil, cordial, sustentável e inclusivo. Tudo isso é uma tentativa (ainda distante de estar sendo aplicada) de tornar o trabalho mais agradável e satisfatório para todos. Já a questão da satisfação pessoal eu acho que é muito subjetiva e íntima — o que traz satisfação para uma pessoa pode ser a alta remuneração, para outra pode ser o poder, para outra, o prazer em fazer determinada atividade, para outra, características como flexibilidade de tempo etc. Não à toa os benefícios oferecidos pelas empresas variam desde um vale-refeição robusto até mesa de pingue-pongue para os funcionários. Enfim, acho a discussão válida e extremamente atual. Foi-se o tempo que o trabalho deveria ser sinônimo de tortura, suplício ou que deveria representar degradação em troca de um sustento. Óbvio que isso ainda é realidade para muita gente, mas a batalha deve ser no sentido de que deixe de ser assim, e não de que algo de séculos atrás seja normalizado ainda hoje. Esta é a minha opinião 😉 Um abraço e obrigada pelo comentário!

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