‘Me Chame Pelo Seu Nome’: um filme sem história

Não vale a pena assistir: ME CHAME PELO SEU NOME (Call me by your name)
Nota 5

Não tem nada pior do que aparecer filmes como “Me Chame Pelo Seu Nome” durante minha maratona do Oscar. Você está cansada de um dia inteiro de trabalho, cuidados com o filho, cuidados com a casa, os olhos ardendo de tanto ler e escrever diante de uma tela, e senta para ver um filme que demora anos para terminar. Foi assim como “Jackie” no ano passado, com “Steve Jobs” no ano retrasado, com “Sniper Americano” em 2015, com “Blue Jasmine” em 2014. Em todos eles, eu só conseguia pensar: “Mas que filme CHATO!”.

No caso deste filme italiano, cheguei penosamente à primeira hora sem que nada tivesse realmente acontecido. Nada. Na segunda hora de filme, há um ou outro ponto forte, mas a história não tem qualquer conflito, interno ou externo, em qualquer um dos personagens. É só uma história de amor extremamente arrastada. Ah sim: é um amor entre dois homens. Mas e daí? Se um filme merece ser indicado ao Oscar de melhor filme apenas por tocar em um tema ainda relevante, dada a quantidade de pessoas que ainda sofrem preconceito (ou coisas piores) apenas por serem gays, vamos rasgar todos os grandes roteiros da indústria cinematográfica, porque não valem mais nada.

Moonlight“, vencedor do ano passado, é um exemplo de como abordar a homossexualidade numa história com brilhantismo. Ou mesmo “O Jogo da Imitação“. São filmes com enredo, com história. Este agora traz uma anti-história. Você entra e sai do filme completamente incólume.

Pra que dar nota 5 a um filme tão ruim assim, então? Em respeito a duas grandes qualidades que ele tem: a fotografia, que nem foi indicada, e a atuação excepcional do garoto Timothée Chalamet, que também fez uma ponta em Lady Bird. Li que ele aprendeu a falar italiano e a tocar piano apenas para interpretar seu Elio. Mas fez muito mais que isso. Conseguiu expressar sentimentos difíceis, como confusão, incompreensão, angústia e covardia. Deu um pouquinho de vida à única premissa que salvou em toda a história: a de que mais vale falar que se calar e morrer.

Assista ao trailer do filme:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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