‘Moonlight’: a autodescoberta do garoto que cresceu sem amor
Para ver no cinema: MOONLIGHT
Nota 9
O que é um apelido? É uma definição de quem você é, concebida por uma terceira pessoa, muitas vezes a partir de uma caricatura que ela faz de você.
O “moonlight” que dá nome ao filme só é citado uma vez, quando o personagem Juan, maravilhosamente interpretado por Mahershala Ali (que foi até indicado ao Oscar pelo papel), fala sobre o apelido que ganhou na infância, quando uma velha disse que, no luar, garotos negros parecem azuis.
“É disso que vou te chamar. Azul”, disse a velha a ele.
Nosso protagonista pergunta a Juan: “Mas seu nome é azul?”
Ao que ele responde: “Não. Um dia, você terá que decidir quem você quer ser. Não deixe ninguém tomar esta decisão por você.”
Esse diálogo acontece na primeira parte do filme, que é dividido em três partes, não por acaso batizadas com os vários nomes/apelidos que são atribuídos ao nosso protagonista. Na primeira parte, ele é uma criança, chamado de “little”. Na segunda parte, já adolescente, é “Chiron”, seu nome de batismo. E, na última, adulto, é “Black”, outro apelido que ele recebe no filme.
Porque este é um filme, em essência, que fala sobre um garoto tentando decidir/descobrir quem ele é de verdade.
Chiron, interpretado pelos atores Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes, mora em um bairro pobre de Miami, Liberty City – o mesmo onde cresceu o diretor de “Moonlight”, Barry Jenkins. Ele cresce sem amor, vítima de bullying pesado na escola, cercado pelo tráfico, com uma mãe viciada em crack. E é nesse ambiente que ele tenta descobrir quem é: se little, se Chiron, se Black.
O resultado desse filme em três atos é muito bonito, uma história tocante, com interpretações muito belas, de poucos (mas bons) diálogos, e fotografia excepcional. “Moonlight” é um filme completo. Não é à toa que concorre ao Oscar em oito importantes categorias: melhor ator coadjuvante (Mahershala Ali), melhor atriz coadjuvante (a incrível Naomie Harris, que interpreta a mãe de Chiron), melhor direção de Barry Jenkins (apenas o quarto diretor negro indicado ao Oscar em toda a história), roteiro adaptado, fotografia, edição, canção original – além de melhor filme do ano.
Assista ao trailer do filme:
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro