Vale ver no cinema: BRUNA SURFISTINHA
2011 | 2h11 de duração | Nota 6
Ontem vi Bruna Surfistinha. O filme me fez pensar muito, tentar entender como uma menina de classe média, com tudo na vida, resolve fugir de casa pra virar prostituta. Porque a gente parte do princípio que a mulher só vende o próprio corpo por necessidade extrema (de pagar contas, sustentar filho ou mesmo bancar um vício em drogas).
Ela não se relacionava bem com os pais (adotivos, pelo que entendi). Não se dava com o irmão de jeito nenhum. Sofria bullying cruel na escola. Tinha autoestima baixa. E era adolescente, naquela fase de autoafirmação. Acho que esses fatores não justificam, mas explicam muito dos rumos tortos que ela tomou várias vezes.
Depois, o dinheiro começou a vir fácil, ela começou a se encher de supostos amigos e começou a se achar gostosona. Ah, sim, e pegou o gosto pela profissão (que é descriminalizada no Brasil), acho que vale dizer.
Mas o que explica melhor o filme inteiro, inclusive a parte mais trash (e triste), que vai aparecendo da metade em diante, é, na minha opinião, uma frase que ela diz e que é mais ou menos assim: “As pessoas não querem ser celebridade pela fama em si, ou pelo dinheiro, mas para se sentirem amadas”.
Isso explica “fenômenos” como Geisy Arruda, BBBs e ex-BBBs, Bruna Surfistinha e outros de que nem lembro ou nunca soube o nome. Talvez explique uma menina de 17 anos que nunca se sentiu querida por ninguém se deixar afundar na prostituição e nas drogas como a Raquel fez. Ela lucrou horrores com as orgias e com o blog e, depois, com o livro, que agora virou filme. Mas, eu me pergunto, será que esse lucro todo veio de graça? Só a Raquel pode responder, mas eu suspeito que não.
(Sobre o filme, concordo com algum crítico que não me lembro mais qual foi, que disse que faltou ao diretor explorar mais as personagens coadjuvantes, que eram tão interessantes quanto a principal. Mas a história, principalmente por ser real, prende muito e nos faz pensar, e as atuações, principalmente da Drica Moraes e das prostitutas que convivem no começo com a Deborah Secco, são muito convincentes. A própria Deborah me pareceu meio fraca – principalmente nos momentos em que tinha que chorar e dar complexidade além da vulgaridade a Raquel.)
Assista ao trailer do filme Bruna Surfistinha:
Mais posts sobre filmes:
- Dicas de bons filmes escondidos em serviços de streaming
- Os melhores filmes nacionais, com resenhas e trailers
- Melhores e piores filmes de 2022, para adultos e crianças
- Os 22 filmes mais importantes do Oscar 2022: resenhas e trailers
- Consciência Negra: os melhores filmes sobre racismo e resistência
- 15 filmes sobre mulheres fortes ou inspiradoras
- Os 20 melhores filmes de AMOR que vi nos últimos anos
- Os melhores filmes e animações para assistir com os filhos desde pequenos
- Filmes natalinos para assistir com a família toda – e ir entrando no clima de Natal
- Os melhores filmes para assistir no Dia dos Pais
➡ Quer reproduzir este ou outro conteúdo do meu blog em seu site? Tudo bem!, desde que cite a fonte (texto de Cristina Moreno de Castro, publicado no blog kikacastro.com.br) e coloque um link para o post original, combinado? Se quiser reproduzir o texto em algum livro didático ou outra publicação impressa, por favor, entre em contato para combinar.
➡ Quer receber os novos posts por email? É gratuito! Veja como é simples ASSINAR o blog! Saiba também como ANUNCIAR no blog e como CONTRIBUIR conosco! E, sempre que quiser, ENTRE EM CONTATO 😉
Descubra mais sobre blog da kikacastro
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.




Interessante resenha. Confesso que passei totalmente ao largo do fenômeno Bruna Surfistinha, e mais ainda do livro – tenho visceral e ostensivo desinteresse por tais histórias “cinco-minutos-de-fama” e meu conhecimento sobre isso é menor que o de um marciano… 🙂 No entanto, esse seu texto me fez rever meus conceitos sobre esse filme.
CurtirCurtir
Na verdade, talvez seja melhor ir ao cinema sem nenhuma expectativa, como eu fui, aí sim talvez vc se surpreenda positivamente, como eu me surpreendi 🙂
CurtirCurtir
Ou talvez, melhor ainda, seja vc esperar chegar à locadora e ver pagando muito menos do que os R$ 20 😉
CurtirCurtir
A prostituição é legalizada no país. Mas agenciar prostitutas não. Rufianismo é crime, que fique bem claro, mas não é punido no BRAZIL.
CurtirCurtir
Sim, o trabalho do cafetão é proibido. Mas a Bruna Surfistinha, no auge da “carreira”, se autoagenciou, pelo blog que ela criou. Isso, acho, não é crime.
CurtirCurtir
Vale até uma reflexão sua. A Bruna Surfistinha poderia contribuir também com o INSS. Temos de modernizar o país.
CurtirCurtir
Cris, o poeta Affonso Romano de Sant’Anna também faz hoje uma reflexão interessante sobre esse filme no Observatório da Imprensa. Aqui: http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=632FDS001
CurtirCurtir
Não entendi muito bem onde ele quis chegar. bjos Cris
CurtirCurtir
Concordo com o fato do diretor não ter explorado mais as personagens coadjuvantes (tenho certeza que as histórias delas seriam mais interessantes do que da própria Raquel). Ultimamente filmes nacionais que abordam temas polêmicos, a maioria transmitem a imagem de que “o protagonista tem seu lado bonzinho e não teve uma oportunidade na vida”. A maioria é assim!
Também acho que o filme poderia ter analisado melhor o cenário e a vida das prostitutas. Será que é tão fácil assim entrar para a prostituição? Ligar para uma dona de bordel e falar: “Fugi de casa e estou indo trabalhar ai, ok?. Beijos me liga”. Há uma concorrência entre elas e isso não foi abordado. Outra coisa que deve ser citado, por que colocaram a Debora Secco para ser protagonista? Já cansei de ver ela atuando para esses tipos de papéis. Tem tantos artistas bons e que poderiam surpreender melhor que ela. Já virou clichê a Debora Secco para esse perfil.
Foi legal a idéia de utilizar a história de vida da Raquel (uma garota de classe média que entra para a prostituição, sendo algo inusitado), porém faltou muitas coisas que o filme poderia ter explorado melhor.
CurtirCurtir
Vou dar meus palpites:
1- Filme brasileiro é meio assim mesmo, com a exceção do Tropa de Elite, dentre os mais recentes. Mas se a gente for olhar, muito filme é assim, né? O Discurso do Rei, por exemplo, bota George VI como um deus e ignora o Churchill, por exemplo, que foi muito mais importante para a Inglaterra naquele momento histórico.
2- Abordaram um pouco a concorrência, na cena do roubo etc, mas deveriam ter explorado mais, junto com a parte das coadjuvantes, né? 🙂
3- Eu achei que a Deborah Secco foi a pior do filme, concordo com vc. Mas acho que colocaram ela exatamente porque ela já está famosa por suas interpretações de mulher “fácil” (pra ficar no eufemismo) e porque ela é famosa, então atrairia o público… Quando colocam atriz novata em filme brasileiro (tipo em “O Céu de Sueli”, que é ótimo), ninguém assiste nem comenta, né? =/
bjos!!
CurtirCurtir