Foz do rio São Francisco, um passeio mágico: dicas, fotos e vídeos

Mosaico de fotos mostra o passeio na foz do Rio São Francisco, em Piaçabuçu, Alagoas. Fotos: CMC / blog da kikacastro
Todas as fotos: CMC e Beto Trajano / blog da kikacastro

Quem me acompanha aqui no blog deve estar estranhando este julho quase sem posts. Mas foi por uma boa causa: tirei 20 (maravilhosos) dias de férias. Deixei vocês com um post-balanço sobre meu aniversário de pedido de demissão da Globo que, pra ser bem sincera, me deixou exausta só de escrever. Depois dele, só prestei uma homenagem à Carol Cospe-Fogo, que nos deixou muito cedo, e desliguei o computador por três semanas.

Ufa, como é bom desligar de vez em quando! Necessário.

Retorno ao trabalho na segunda-feira, mas resolvi me despedir das férias com este post sobre um dos passeios mais bonitos que já fiz na minha vida: para a foz do rio São Francisco. Recomendo que todo mundo algum dia conheça aquele lugar mágico – inclusive para dar o devido valor ao Velho Chico, que anda tão combalido.

Neste post, vou contar como é lá e dar dicas para quem quiser fazer o mesmo passeio. Lembrando que o meu Luiz, de 7 anos, nos acompanhou em toda a aventura, e também amou tudo! ❤ Então super vale a pena levar as crianças para lá 🙂

Luiz curtiu piscina, mar, rio e lagoa de chuva nesta viagem a Alagoas :)
Luiz curtiu piscina, mar, rio e lagoa de chuva nesta viagem a Alagoas 🙂 Olha ele aí folgadão na boia!

Viagem a Alagoas

A foz do rio São Francisco fica exatamente na divisa entre Alagoas e Sergipe. Nós fizemos o passeio pela cidade de Piaçabuçu, no lado alagoano do rio.

Na verdade, nossa viagem foi, na maior parte do tempo, em Barra de São Miguel. Mas não vou me estender sobre Barra, que eu AMO, porque já escrevi detalhadamente sobre ela na primeira vez que fomos lá e pouco mudou desde então (acho que só os preços, porque a inflação disparou nos últimos anos).

A única diferença é que desta vez resolvemos ficar em um apartamento alugado, em vez de pousada, e achamos até melhor essa opção (quem quiser o contato do apartamento, me procure por email que eu passo). E o voo de BH a Maceió foi direto, sem escalas.

Nas galerias ao longo deste post, clique sobre qualquer foto para ver todas em tamanho maior:

Passamos uma semana em Alagoas, do dia 13 ao dia 20, sempre com sol. Foi tudo maravilhoso, mas o passeio à foz do Velho Chico, no dia 18, superou todas as expectativas. Não seria exagero dizer que, se a gente tivesse feito só esse passeio, já teria valido por toda a viagem

Viagem a Piaçabuçu

De Maceió a Piaçabuçu, onde fica a foz do rio São Francisco, são 131 km, pela AL-101, ou pouco mais de 2 horas. Como estávamos em Barra de São Miguel, levamos cerca de 1h30 no trajeto.

A estrada está relativamente boa, mas tem um trecho com muitos buracos. Além disso, não é iluminada, então é preciso ligar o farol alto na volta e dirigir com bastante atenção. Mas pegamos ela vazia e tranquila.

O caminho é muito bonito, com vários momentos de vista para o mar. Passamos pela Praia do Gunga, Lagoa Azeda, Lagoa do Pau, Coruripe, Feliz Deserto. Chegamos a Piaçabuçu por volta de 12h30 (tínhamos saído de Barra às 11h).

Estrada para Piaçabuçu também é muito bonita, com vários trechos de vista para o mar.
Estrada para Piaçabuçu também é muito bonita, com vários trechos de vista para o mar.

Farol da Foz Ecoturismo

Agendamos o passeio ainda em Barra de São Miguel, com o Farol da Foz Ecoturismo, que tinha uma avaliação muito boa na internet. No link é possível ver a localização, contato e os comentários de quem fez o passeio com eles.

Realmente, é uma equipe muito boa e muito preparada. Além disso, opera com licença ambiental do Ibama, e tem muito cuidado com a natureza. Os guias são ótimos, e nos dão uma verdadeira aula sobre o Velho Chico, sobre a região, o coco, os quilombolas que moram entre as dunas etc.

Outra coisa bacana é que eles fazem questão de ser inclusivos: os passeios de buggy e o esquibunda (ou skibunda), por exemplo, são seguros para crianças, idosos, cadeirantes, todo mundo.

O Farol da Foz diz que é pioneiro no turismo de aventura na região da foz do rio São Francisco, com passeios desde 1998. A sede deles tem estacionamento para deixarmos o carro, além de ducha para nos limparmos na volta.

Nós nos sentimos acolhidos e seguros em todo o momento.

Farol da Foz cuidou do nosso passeio, oferecendo a estrutura e os guias turísticos, e foi ótima!
Farol da Foz cuidou do nosso passeio, oferecendo a estrutura e os guias turísticos, e foi ótima!

Como é o passeio na foz do rio São Francisco

Primeiro, recebemos algumas orientações e recomendações importantes lá na sede do Farol da Foz, assim que todos já tinham chegado. As pessoas foram divididas em dois grupos, e o grupo com mais crianças fez o passeio começando pelo rio e terminando pelas dunas, para pegar a areia delas menos quente. O outro grupo fez o trajeto inverso, e nos encontramos no meio do caminho.

Essa divisão também foi para ter menos pessoas impactando o meio ambiente durante o passeio – é visível o cuidado e a preocupação ambiental que os guias tinham com o Velho Chico.

Às 14h, saímos em buggies, que nos levaram até a margem do rio. Lá, o nosso grupo (com nove adultos e três crianças) entrou no barco para dar início ao passeio, enquanto o outro grupo foi para as dunas.

No nosso buggy tinha quatro adultos e três crianças. No outro buggy do mesmo grupo, cinco adultos.
No nosso buggy tinha quatro adultos e três crianças. No outro buggy do mesmo grupo, cinco adultos.

Rio São Francisco: paisagem exuberante

Ficamos cerca de 50 minutos ou uma hora no barco, navegando pelo rio São Francisco. A paisagem era exuberante. De um lado, Alagoas, do outro, Sergipe. Vimos mangues, barcos de pescadores, e um rio ainda muito impressionante em seu tamanho.

Depois desse trajeto de uma hora no barco, observamos as ondas do oceano: chegamos efetivamente ao esperado encontro entre o rio e o mar. Ele aconteceu mais ou menos na altura onde antes havia um farol em terra firme – e que hoje está no meio do mar, entortado pela força da correnteza.

O barqueiro nos leva até o encontro, e depois retorna um pouquinho, para uma praia à margem do rio, onde nos deliciamos com as águas do São Francisco. Depois de um tempo, o outro buggy chega com a turma que vinha das dunas e o guia nos dá uma verdadeira aula, de geografia, história, biologia – de tudo um pouco.

O Rio São Francisco está em perigo

As informações que ele traz não são nada boas: o rio está minguando. Por diversas razões, que vão desde a construção desordenada em suas margens, a morte de seus afluentes, a construção de hidrelétricas e, embora ele não tenha citado, a transposição do São Francisco. O guia mostra fotos e fala em números chocantes que mostram como a vazão do rio diminuiu drasticamente em pouquíssimo tempo.

Ele fala ainda sobre o farol que vemos lá no meio do mar, que ficou mais de 120 anos em terra firme, orientando as embarcações, até ser engolido pelo oceano quando a vazão do Velho Chico diminuiu, permitindo a inundação da comunidade do Cabeço (SE). Mais de 150 famílias viviam lá e tiveram que se mudar às pressas, na década de 90, como esta reportagem da Agência IBGE relata, e ouvimos in loco, diante do rio.

Foi um momento do passeio que deu aperto no coração. Sensação de que um tesouro está sendo destruído e que não há muito o que fazer para ajudá-lo.

Comunidade Quilombola de Pixaim

Do rio, entramos de novo em um buggy e fomos conhecer as dunas.

De novo, ficamos diante de uma paisagem exuberante, com muitas montanhas de areia, mas também com vegetação e lagoas de chuva, além de rebanhos de cabras e bovinos.

Quando chegamos bem no alto de uma duna, podemos ter uma vista panorâmica de toda aquela paisagem maravilhosa (pena que a foto não dá a dimensão da beleza…), e vemos as casinhas da comunidade quilombola Pixaim, que tem cerca de 100 pessoas, de 21 famílias, a quem descobrimos que aqueles rebanhos pertencem.

Paramos rapidamente em uma barraca, onde é vendido o mel produzido pelos quilombolas, dentre outros artesanatos.

Esquibunda (ou skibunda) nas dunas

Depois fomos fazer o tão esperado esquibunda (ou skibunda?). Fomos até uma duna de tamanho bem razoável, onde escorregamos, sentados ou deitados, soltando a voz!

Todo mundo foi: criança, velho, medrosos e pessoas desajeitadas, como eu. Deu até pra repetir. Foi uma delícia!

Pôr-do-sol nas dunas com lagoas de chuva

Depois da escorregada, fomos até uma lagoa de chuva, ou lago de chuva, que foi outra delícia pra nadar. Mas, mais do que isso: foi um espetáculo ver o sol se pondo naquele lugar.

O vídeo dá uma pequena ideia de como era mágico ao vivo:

Depois de lavar a alma com tudo isso, subimos no buggy e ainda passamos por vegetação de restinga, caatinga, mangue, cerrado, mata atlântica – de tudo um pouco! – no caminho de volta para onde estavam nossos carros. Já estava mais escuro, mas foi bom finalizar o passeio embrenhando em outro tipo ainda de natureza (e bem que queríamos ter visto a onça que o guia disse que podia aparecer!).

Passamos por propriedade privada, com vegetações variadas, depois que o sol já se pôs, a caminho dos nossos carros.
Passamos por propriedade privada, com vegetações variadas, depois que o sol já se pôs, a caminho dos nossos carros.

Chegamos por volta das 18h. Foram umas quatro horas de passeio, que pareceram bem maiores. Na verdade, foi como se o tempo tivesse parado.

Ficamos com vontade de conhecer outras partes do rio São Francisco, a começar pela nascente, aqui em Minas. Quem sabe nas próximas férias? 😉

Até logo, Velho Chico! Espero que em breve! ❤

Lago de chuva e pôr-do-sol nas dunas de Piaçabuçu, perto da foz do rio São Francisco, em Alagoas.
Lago de chuva e pôr-do-sol nas dunas de Piaçabuçu, perto da foz do rio São Francisco, em Alagoas.

Tem alguma curiosidade ou acha que deixei de abordar alguma coisa no post? Comente aí embaixo ou me envie um email com sua dúvida! 😉

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

5 comments

  1. Você fez um relato tão feliz (e preciso, pelo que te conheço) que me senti transportado para esse cantinho do Brasil que não conhecia. Os leitores deste blog foram premiados, Cris.

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