Fiz o post abaixo no LinkedIn no dia 10 e resolvi trazer aqui para o blog como mais um registro das minhas reflexões sobre trabalho e carreira. Quem sabe possa ser útil para alguém na mesma situação.
Hoje tive que ler minha velha agenda de 2020, em busca de uma informação médica que eu tinha anotado lá. Custei a achar o que queria e, antes disso, tive que ler vários outros registros daquele ano terrível, o primeiro da pandemia.
Mas o que me chamou a atenção não foi nem a tristeza e temor que todo mundo sentia, naquela época, em relação ao desconhecido coronavírus. O que me impressionou mesmo foi o tanto de desabafo que escrevi sobre o emprego que assumi em 4 de março daquele ano. Por exemplo:
– 23/3: “EXAUSTA. Chorei muito. Não aguento mais!” [Apenas 19 dias no emprego novo]
– 3/4: “Dia cansativo e conturbado. Só sonhei com trabalho. Insuportável. Tive insônia de 3h às 5h30.”
– 6/6 (sábado): “Trabalhei de 7h a 20h. Não parei um minuto. (…) Quando cheguei em casa o Luiz já tava apagado, nem me viu hoje.”
– 1/7: “Acordei quase 0h e só voltei a dormir às 4h. Trabalhei e fiz mil coisas na madrugada.”
– 8/8 (sábado): “Trabalhei – muito – de 7h a 20h20. Emplaquei um VT no JN. Em casa exausta, quase 21h.”
– 14/8: “Voltei pra casa chorando de estresse com a correria.”
– 19/8: “Trabalho INFERNAL de 9h a 18h30. Corri pra casa pra liberar a Mari [babá].”
– 1/9: “Trabalhando desde cedo no zap. Trabalhei muito também na redação, com reunião de balanço de agosto, que foi o melhor da história.”
– 4/9: “Achei que ia sair mais cedo, mas veio denúncia contra a Backer. Fui chorando desesperada pra buscar Luiz.”
– 16/11: “Acordei parecendo atropelada por um caminhão.”
Bom, acho que já deu pra entender. Foram vários desabafos sobre trabalho, em que eu aparecia chorando, exausta, trabalhando pra burro, sempre presencialmente, somando-se ao clima desanimador do combo pandemia + bolsonarismo.

Mesmo assim, também comemorei resultados, balanços positivos, conquistas que eu achava o máximo na época (hoje basicamente acho que não tinham importância nenhuma). E ainda dei um jeito de me arrastar nesse emprego por mais dois anos, sempre trabalhando no modo “bomba-atômica” ligado, até finalmente pedir demissão no meio de 2022.
Reler esta agenda, da “Cris do passado”, me fez refletir sobre um monte de coisas, mas principalmente sobre como às vezes nos submetemos a condições ou ambientes degradantes ou tóxicos de trabalho. Pra pagar as contas, pra se desafiar, pra “crescer na carreira”, porque teoricamente aquele é o “emprego dos sonhos” de todo mundo, ou por pura falta de opção melhor.
Tá… mas a que custo?
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