Na praça destinada aos ricos da cidade
um senhor já mais velho, indefinida idade
sentado no meio-fio, com as mãos no rosto
tinha o olhar mais triste de desgosto
e um carrinho-de-mão logo ao seu lado
que ilustrava o emprego malfadado
estava transbordante de mexerica
que não interessava àquela gente rica.
O olhar do senhor era só desalento
suas mãos calejadas compunham o lamento
podia parecer que era só preguiça
mas este é o julgamento da pouca justiça
o que lhe pesava era uma vida dura
e o seu olhar não escondia a agrura
o carrinho-de-mão escorrendo laranja
a um preço irrisório que o rico esbanja.
As mãos são ossudas, ele é todo magro
em seu desespero, pede por um trago
as olheiras profundas mal escondem o olhar
do escravo das ruas, que nunca vai sonhar
a tristeza que paira toda a seu redor
ofende aos ricaços, não inspira dó
o carrinho-de-mão cheio de tangerina
decreta um destino, narra sua sina.
(20/07/2007).
Descubra mais sobre blog da kikacastro
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
