- Texto escrito por Cristina Moreno de Castro
Não estou nada natalina neste ano.
Enquanto escrevo esta mensagem, pouco antes do dia 24 de dezembro, quando o post vai ao ar, estou surpresa por já ser perto do Natal, e eu não ter sentido nem uma lasquinha do espírito natalino neste ano.
Talvez eu devesse ler “Milagre na Rua 34” de novo…
Estou mais cansada, entediada e desanimada do que festiva, esperançosa ou sei-lá-mais-o-quê que as pessoas sentem no pacote de dezembro.
Se bem que, pelos memes que vi hoje no Instagram (aí embaixo), parece que esse negócio de espírito natalino foi enterrado no mesmo momento em que apareceram a pandemia da Covid, a polarização das famílias e a uberização dos trabalhos. Olha só:
Todo mundo só fala em ansiedade, exaustão, correria e um sentimento difuso de saco cheio da sociedade, das pessoas, da vida.
E o pior é que 2026 nem chegou, com seu sacão de tensão políticas, discussões, fake news, spam, noticiário pesado, candidatos lixo, disparos de ódio e tal. Como diz o mestre Marcelo Soares, vai ser “a primeira eleição presidencial da era pós-vergonha“.
Mas, bom, sentei neste computador agora pra escrever uma mensagem fofa de Natal e só escrevi coisas ruins. Será que apago e começo de novo? Posso também aderir à modinha e pedir ao ChatGPT para escrever uma mensagem de Natal fofa.
(Deixa eu ver o que sai)

Não gostei não, vocês gostaram? Achei falso e nem entendi essa de “próximo capítulo”. Sem querer desmerecer a pobre da IA, já que eu fiz um pedido bem genérico e bobo pra ela. Acho que me esforcei ao máximo para que a resposta fosse a pior possível, para que todos que lessem pensassem: “É, sem dúvida, realmente, um texto feito por humanos é INFINITAMENTE melhor que isso”!
Mas será que é? Uma reportagem que saiu recentemente na revista New Yorker aponta que os leitores estão preferindo textos gerados por inteligência artificial do que por humanos. Se isso se consolidar, será um caminho sem volta para uma literatura dominada por robôs (e em 2025 já começamos a descer esta ladeira: considerando todos os textos publicados na web, não só os de literatura, a maioria já é gerada por máquinas).

Nunca usei a IA para escrever nem uma linha de texto para este blog. Mas se eu também concluir que é o que meus leitores preferem, talvez daqui a um ou dois anos eu me entregue a esta realidade. (Ou então fecho o blog antes disso, já que só tenho este espaço pra poder publicar os textos que eu realmente gosto de escrever.)
Para mim, que sou jornalista, já é frustrante ver que o noticiário sucumbiu às exigências dos algoritmos e nem se envergonha mais em publicar fake news só pra tentar emplacar mais audiência. Escrevi sobre isso algumas vezes, como neste post de maio.
Considerando que vivo de escrever (não só textos noticiosos, mas escrever de tudo) é ainda mais exasperador ver que os humanos estão abrindo mão dessa habilidade tão essencial, da escrita, da leitura e da interpretação de texto.
Aliás, humanos nunca foram muito bons em interpretar textos, né? Haja vista o tanto de gente fanática que existe neste mundo (querem uma prova da estupidez humana causada pelo fanatismo e pela incapacidade de interpretar textos? A história das Havaianas…) E a tendência, com o aumento do uso da IA, é que percam de vez esta capacidade em breve.
Aiai, de novo cá estou transformando uma mensagem natalina, que era para ser fofinha, como a de outros anos (veja na lista abaixo), em um apocalipse. Talvez hoje não fosse o melhor dia para sentar nesta cadeira e escrever.
Querem saber? Vou parar por aqui. Quando este post for ao ar, estarei a caminho de um dos meus lugares favoritos no mundo (Ouro Preto), para curtir meu Natal a três (só eu, Beto e Luiz). Então acho que meu humor já estará bem mais alegre do que enquanto escrevo isto aqui.

Espero que esta mensagem também encontre vocês com bom humor, um espírito leve, cercados das pessoas que amam e em algum recanto favorito de suas vidas (nem que seja o sofá de casa). E torço para que meu desalento deste texto não estrague o Natal de ninguém.
Que pelo menos tenha servido para renovar os memes e figurinhas de todos, com a galeria lá em cima. Porque precisaremos de muitos motivos para rir no ano que vem 🙂
Agora fui! Feliz Natal! Hohoho! ❤
***
Leia as mensagens de Natal dos anos anteriores, bem mais alegres ou simpáticas que a deste ano:
- O Papai Noel dentro de cada um de nós
- Os 50 presépios de Natal mais criativos que você já viu
- Natal, as luzes da Praça da Liberdade e a esperança
- Filmes natalinos para assistir com a família toda – e ir entrando no clima de Natal
- Sobre o espírito de Natal e o ‘jogo do contente’, mais necessários que nunca
- Aproveite o Natal para ensinar o bem
- ‘Sim, Papai Noel existe’: leia a carta escrita há 120 anos e que ainda comove
- Tem coisa melhor que Natal? 🙂
- Deixe nevar na sua casa — e feliz Natal!
- Feliz Natal a todos – e especialmente a alguns
- Minha mensagem de Natal
- A alma do Natal ainda são as crianças
- Finalmente Natal, 15 anos depois
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Feliz Natal. Ler seu post me deixou feliz por comprovar que existe inteligência não artificial aqui. E que venha 2026.
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Vai gostar ainda mais do post nostálgico de amanhã 🤗
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