Filmes para assistir no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

Filmes para assistir no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e ajudar a pensar em inclusão.
Filmes para assistir no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e ajudar a pensar em inclusão.

Neste domingo, 21 de setembro, é celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência – previsto em lei federal desde 2005. E todo o mês também é dedicado à campanha Setembro Verde, de conscientização sobre a inclusão das pessoas com deficiência. Então resolvi fazer este post especial sobre tema tão relevante ❤️

O que são, afinal, pessoas com deficiência?

A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) define que “pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.

Essa definição inclui, por exemplo, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), como previsto na Lei 12.764 (Art. 1º, § 2º). Ou pessoas paraplégicas, tetraplégicas, com paralisia cerebral ou outras formas de deficiência física. Ou ainda pessoas com deficiência auditiva, visual, intelectual e psicossocial, como as listadas neste documento de 2024 do Ministério do Trabalho.

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Qual é a quantidade de pessoas com deficiência no Brasil?

São muitas pessoas com deficiência no Brasil. Segundo um diagnóstico feito em outubro de 2023 pelo Ministério dos Direitos Humanos, “há 18,6 milhões de pessoas no Brasil com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população de 2 anos ou mais de idade”.

Em números absolutos, os estados com mais pessoas com deficiência são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná. Essa população é, em sua maioria, formada por mulheres (57,7% do total) e pessoas idosas (47,2%).

Qual a situação das pessoas com deficiência no Brasil?

Como mostra o diagnóstico já citado:

  • a taxa de analfabetismo é quase 5 vezes maior entre as pessoas com deficiência do que entre as pessoas sem deficiência;
  • mais de 63% das pessoas com deficiência que têm 25 anos ou mais não possuem educação formal ou têm apenas o ensino fundamental incompleto;
  • apenas 7 em cada 1.000 matrículas nos cursos de graduação eram de estudantes com deficiência em 2021;
  • 10,1% das pessoas de 14 anos ou mais de idade inseridas na força de trabalho tinham alguma deficiência em 2022;
  • mais da metade das pessoas com deficiência ocupadas trabalham na informalidade (55%), enquanto esse percentual é de 38,7% para as pessoas sem deficiência;
  • pessoas com deficiência tinham um rendimento médio mensal de menos de 70% (68,9%) do rendimento das pessoas sem deficiência em 2022.

E assim por diante. Em resumo, pessoas com deficiência têm menos oportunidades no Brasil, tanto de estudar quanto de trabalhar formalmente e, consequentemente, de ter uma renda compatível.

Por que é importante a luta da pessoa com deficiência?

Porque é lei: “Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.”

Mas a lei não vem sendo cumprida no Brasil, inclusive por preconceito, como os dados que listei no tópico anterior escancaram.

Vale lembrar, também, que qualquer um de nós está sujeito a se tornar uma pessoa com deficiência algum dia, porque algumas deficiências podem ser adquiridas ao longo da vida, seja em decorrência de algum trauma ou acidente (que leve a perder ou reduzir a mobilidade, por exemplo), seja em decorrência de doenças (como esclerose múltipla, Parkinson, Alzheimer), seja pela perda de habilidades com o envelhecimento (como a perda auditiva).

Esta é só mais uma razão para que a luta por uma sociedade mais inclusiva, acessível, respeitosa e tolerante com as diferenças seja abraçada, porque esta é uma luta de tod@s! ✊🏽

Filmes para conscientizar sobre a luta das pessoas com deficiência

Acho que a arte contribui, e muito, para a conscientização da sociedade sobre as diferenças entre as pessoas, sobre ter empatia para essas diferenças e sobre como a inclusão se faz necessária.

Por isso, como já fiz em relação a outras temáticas, resolvi trazer hoje para o blog alguns exemplos de filmes que ajudam nesse processo.

Fiquem à vontade para trazer suas sugestões nos comentários, combinado? 😉 E, sempre que eu descobrir algum outro filme bacana, vou incluir aqui também. Vou começar por um que ainda não tinha sido resenhado no blog e, depois dele, coloco uma lista de filmes com os links para as respectivas resenhas.

1) Fora de Mim, Out of My Mind (2024)

Cena do filme Fora de Mim, da Disney
Cena do filme Fora de Mim, da Disney

Este é um filme encantador e, ao mesmo tempo, bastante duro, sobre a garotinha Melody, de 12 anos, que é uma cadeirante não verbal com paralisia cerebral.

Nos últimos sete anos, ela estudou com a mesma professora, numa “escola para crianças especiais”, junto a outras crianças, de várias idades, cada qual com um tipo de deficiência totalmente diferente. Ela se sente desestimulada e está doida para conviver com outras crianças de sua idade, e aprender o que elas aprendem no sexto ano do ensino regulamentar.

Nesse momento, uma doutora em educação responsável por um programa de inserção das “crianças especiais” em sala de aula propõe aos pais de Melody que ela faça parte do programa da escola.

E aí começa toda a aventura, que trata de assuntos como adequação, inclusão, respeito às diferenças, bullying, falta de preparo das escolas e dos professores para incluir alunos com deficiência em suas turmas, e mais uma penca de temas correlatos, que ainda, como em qualquer filme sobre adolescência e amadurecimento, percorrem os temas mais corriqueiros, como amizade e parentalidade.

Phoebe-Rae Taylor, que interpreta Melody, foi a primeira atriz com paralisia cerebral a protagonizar um filme da Disney. Em entrevista à BBC, ela disse:

“Acho que as pessoas esquecem como as pessoas com deficiência são tratadas. Mesmo que pareçam ou soem um pouco diferentes, elas não são”.

Acho que esse é o ponto-chave do filme: o capacitismo, que é uma forma de violência, consciente ou não, e de discriminação e preconceito contra pessoas com deficiência. Assisti ao filme com meu filho Luiz, que estava com 9 anos, e posso dizer que nós dois aprendemos muito com a Melody.

É preciso que a gente aprenda a mudar o nosso olhar para as diferenças, urgentemente. E encarar essas pessoas que possuem alguma deficiência a partir da perspectiva que engloba todo o seu potencial. Como seres humanos capazes de fazer tudo o que está ao seu alcance – como qualquer um de nós.

Veja o trailer de “Fora de Mim”:

A seguir, clique nos links para acessar as resenhas completas, com trailers, de outros filmes já divulgados aqui no blog:

2) Invencível (2025)

Imagem de divulgação do filme Invencível.

Trechinho da resenha: “O filme é mais sobre paternidade e alcoolismo do que sobre autismo. Mas aborda bem os três temas. Baseado na história de uma família real, é narrado em primeira pessoa por Austin, um garotinho autista de 13 anos que tem uma doença rara que faz com que seus ossos se quebrem com muita facilidade. Tanta, que, ao longo do filme, ele contabiliza mais de 40 fraturas – a começar por duas costelas quebradas na hora de seu nascimento.” Aborda o autismo.

3) Já Fui Famoso (2022)

Cena do filme 'Já Fui Famoso', ou 'I Used to be Famous', da Netflix.

Trechinho da resenha: “Leo Long, o ator que interpreta Stevie, além de também ser multi-instrumentista, é, ele próprio, autista. Ele mostra, com sua atuação tão doce e tão interessante, o quanto a indústria cinematográfica (e todas as outras) deveria abrir mais espaço para outros que têm a mesma condição. Todos saem ganhando com isso – especialmente o espectador.” Aborda o autismo.

4) No ritmo do coração (2021)

Trechinho da resenha: “Temos aqui uma família diferente. Um casal de surdos, com o filho mais velho também sem audição, e a caçula é uma “coda”, ou seja, “Child of Deaf Adults”, ou filha de pais surdos. Como todos os codas, ela é bilíngue: consegue ouvir e se comunicar em inglês (no caso do filme) e também na língua de sinais.” Aborda a surdez.

5) Meu Pai (2020)

Trechinho da resenha: “O filme é absolutamente angustiante. E triste. Porque ninguém quer ficar como Anthony. Todos, assim como ele, querem ter a certeza de que são perfeitamente independentes e donos de sua vida e de sua casa, seja aos 20 ou aos 83 anos. Por outro lado, muitos acabam realmente ficando como o Anthony do filme – totalmente vulnerável, frágil como uma porcelana, dependente dos outros até para se situar sobre que dia é hoje e quem eles são.” Aborda a demência.

6) O som do silêncio (2019)

Trechinho da resenha: “É como bem diz o personagem Joe, interpretado, também belissimamente, por Paul Raci, que é filho de pais surdos: “Todos aqui compartilham a crença de que ser surdo não é uma deficiência. Não é algo para consertar. É muito importante por aqui. (…) Todos nós precisamos ser lembrados disso todos os dias”.” Aborda a surdez.

7) Extraordinário (2017)

Cena do filme Extraordinário

Trechinho da resenha: “Extraordinário não é um filme incrível apenas por trazer a história de Auggie Pullman, um garotinho de 10 anos que tem deformidades no rosto e precisa superar os olhares insistentes, o bullying, o estranhamento, a não aceitação e até mesmo o asco que outras pessoas, as [muitas aspas]normais[muitas apas], sentem por ele possuir uma diferença escancarada no rosto.” Aborda a Síndrome de Treacher Collins.

8) A Teoria de Tudo (2014)

Trechinho da resenha: “Nem os melhores médicos conseguiriam imaginar que o jovem diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica chegaria aos 73 anos. Na época, diziam que ele não viveria mais que dois anos. Mas faltava a eles imaginação tão fértil quanto a fornecida pela vida real.” Aborda a esclerose lateral amiotrófica (ELA).

9) Para Sempre Alice (2014)

Cena do filme 'Para Sempre Alice'Trechinho da resenha: “Julianne Moore interpreta quase todos esses estágios (do alzheimer) com muita perfeição. Dos pequenos lapsos iniciais, às confusões mais graves (onde estou?), chegando àquele ponto em que é difícil de conviver, porque ela deixa de reconhecer os outros, navega entre o presente e o passado em segundos etc. E a atriz é brilhante nesse papel.” Aborda o Alzheimer.

10) Um momento pode mudar tudo (2014)

Trechinho da resenha: “A jovem Emmy Rossum cumpre bem seu papel e Hilary Swank é candidata a levar mais um Oscar por sua performance de uma pessoa com ELA, que não apenas tem os movimentos cada vez mais debilitados, mas também a respiração e a articulação da fala.” Aborda a esclerose lateral amiotrófica.

11) Cake: Uma Razão para Viver (2014)

Trechinho da resenha: “Ela sente dores para fazer qualquer pequeno movimento e a atriz consegue passar esse sofrimento com tanta intensidade que a gente quase sente as dores por ela.” Aborda uma personagem com dores crônicas, sem especificar o que causa essas dores.

12) O lado bom da vida (2012)

Trechinho da resenha: “Aos poucos vamos percebendo que esse discurso dele e toda a obsessão são parte de sua doença, diagnosticada tardiamente como transtorno bipolar. A agressividade latente, a falta de freios na fala e o desespero quando não encontra a fita do casamento ou quando escuta uma música específica também são sintomas.” Aborda um personagem com transtorno bipolar.

13) Intocáveis (2011)

Trechinho da resenha: “Primeiro, porque Driss não olha pra ele com cara de pena, como se ele fosse uma porcelana frágil prestes a quebrar a qualquer momento (morrer, mesmo), incapaz de se divertir, de conhecer mulheres etc. (Como muitos olham para as pessoas com alguma deficiência, diga-se.)” Aborda um personagem que ficou tetraplégico após um acidente.

Outros filmes que ajudam a refletir sobre inclusão

Outros filmes que abordam os temas da inclusão, do respeito às diferenças, do capacitismo, do etarismo, da igualdade e da oportunidade, mas não diretamente sobre personagens com deficiência – ainda assim, ajudam na reflexão e na conscientização, então coloco aqui:

Como comprar o livro de crônicas (Con)vivências, de Cristina Moreno de Castro, do blog da kikacastro.

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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