Quero encerrar este ano com uma carta que recebi no início de dezembro. Quem me escreveu esta carta fui eu mesma, direto do passado.
Mais precisamente, direto de 2020.
Apenas três anos me separam daquela Cris-remetente, mas muita coisa já mudou no meio do caminho.
A começar pelo meu trabalho, já que, naquela época, eu estava havia poucos meses na coordenação do g1 Minas, e agora estou fora das Redações há mais de um ano. Mas também toda a minha rotina, que mudou drasticamente (para melhor) depois que pedi demissão da Globo.
Só que o que mais me chamou a atenção foi que estávamos todos nós – o mundo todo – diante de uma pandemia de uma doença ainda misteriosa, que estava matando a rodo, e sem nenhuma perspectiva de vacina para freá-la. Nossa saída era o combo máscara-isolamento-higienização.
Sim, eu sei que faz muito pouco tempo que vivemos isso, que deveria estar fresco na memória de todos, mas não está, não é mesmo? A maioria das pessoas parecem não ter aprendido NADA com a pandemia.
(Em novembro último, vivi o disparate de passar vinte dias em um hospital e ver que ninguém, nem mesmo os profissionais de saúde em contato direto com os pacientes com suspeita de Covid, ninguém estava usando máscara!)
Mas, enfim, ainda que eu me lembre bem de como foi aquele pesadelo, achei didático receber uma carta vinda de dezembro de 2020. Em que eu dizia:
“Que ano! Enfrentamos a pandemia do coronavírus e novos desafios profissionais. Na semana passada, Luiz comemorou 5 anos e não pôde ter festa, porque estávamos todos gripados e com medo de estarmos com Covid. Ele passou o ano inteiro sem aulas. Não pudemos viajar (mas o sítio nos salvou!), nem fazer coisas que adoramos, como ir a bares e restaurantes e shows. Não vejo meus amigos desde março. Meu ano se resumiu a trabalhar (muito) e ficar aqui em casa com o Beto e o Luiz. Uma vida muito entediante, mas pelo menos ninguém muito próximo da gente adoeceu. (…) Mas meu medo mesmo era que essa doença pegasse meus pais. Tem gente levando o isolamento ao extremo, que não sai de casa nem pra comprar pão. E outros, no outro extremo, vão a eventos todo fim de semana. O mundo está assim, dividido, e há ainda uma parcela mais absurda e ignorante, que acredita em Terra Plana, que vacinas são coisas satânicas, e outras imbecilidades. Será que algum dia teremos um mundo minimamente razoável de novo? Nunca saberemos. Enquanto um cara como o Bolsonaro ocupa a presidência, acho que não há lugar pra otimismo. (…) Mas no campo pessoal o ano serviu pra economizarmos muito, justamente porque não fizemos nada (…). E o Luiz, fora da escola, não adoeceu nada (tirando a gripe antes do niver) e continua muito esperto, desenhando cada vez melhor, sabendo tudo de dinossauros e insetos. Enfim, é vida que segue. Com a esperança de um 2021 chegando junto com a vacina para, quem sabe, nos livrar dessa realidade paralela e nos levar de volta a um mundo mais normal, onde as pessoas podem se ver, se encostar, se reunir. Espero te encontrar num futuro muito melhor!!!!!! Saúde!!!!!!“
Foi bom constatar, ao ler esta carta, que, embora a realidade paralela tenha persistido em muitos níveis, estamos chegando a 2024 com várias doses de vacina no braço, sem medo da Covid-19, com as crianças na escola, e podendo celebrar a vida em várias reuniões, confraternizações, e com direito a muitos abraços.
Não importa o que houve neste ano de 2023, o quanto ele foi puxado para você, minha cara leitora ou leitor. Porque eu sei que foi – sempre é! Lembre-se, aqui comigo, de como fomos fortes nos últimos três anos, de como conseguimos lidar com coisas inimagináveis, de como superamos até mesmo realidades paralelas, de como tivemos que lidar até com o bolsonarismo, e de como é bom poder encostar, abraçar, rever os amigos e todos que amamos.
Nossa memória é seletiva: a gente apaga mesmo as coisas ruins, até como um mecanismo de sobrevivência. Mas, ao fazermos isso, acabamos tirando o valor de todas as coisas boas que ficaram, de tudo o que fizemos, conquistamos e ao que sobrevivemos.
Por isso, sorri ao receber essa cartinha informativa do passado, simbolicamente me desejando “um futuro muito melhor” e se despedindo com um “Saúde!!!!!”. Que peso incrível esta palavrinha ganhou, não é mesmo?

Por isso também resolvi compartilhá-la com vocês. Jogar esta mensagem aos quatro ventos: um lembrete do que vivemos, do que podemos, do que somos capazes. E um desejo sincero de que o futuro nos encontre a todos muito melhores, em todos os sentidos, e cheios de saúde!
São meus votos para mais um ano novo que começa amanhã. Feliz 2024, amig@s! ❤
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Este ano que se finda não me deixa saudades, apesar das coisas boas que aconteceram, como a Cris lembra aqui. Esses 20 dias de que ela fala, a culpa foi minha, que não tinha nada que pegar uma pneumonia dupla e, com isso, castigar as três filhas que se revezaram , à noite, fingindo dormir numa poltrona ao lado da cama e ouvindo nos primeiros dias meus incríveis delírios. Que 2024 seja melhor para todos. Sem delírios.
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Ô, papai, se fosse preciso ficar mais 20 dias, ou 40, a gente ficava sem problema nenhum! Nós te amamos! O maior presente deste 2023 foi ver sua rápida recuperação nas últimas semanas 🙂 Mas 2024 há de ser um ano sem sustos – e sem delírios, hehehe!
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