No mundo todo, quase 90% das pessoas têm algum preconceito de gênero contra as mulheres, seja na política, no trabalho, na educação ou na família; veja os dados mundiais e no Brasil
Há duas semanas, o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) lançou seu mais recente Índice de Normas Sociais de Gênero, que trouxe dados de 191 países sobre os preconceitos contra as mulheres, em vários campos.
E os dados são chocantes.
Eles foram divulgados pela imprensa no dia 12 de junho, mas acho que de maneira ainda tímida perto da gravidade do que representam. Então achei que valia fazer este post para escancarar esses números (ou esfregá-los na cara das pessoas mesmo).
Veja as estatísticas a seguir.

20 dados chocantes sobre preconceitos de gênero no mundo
1) Quase 90% das pessoas em todo o mundo (88,69%) têm pelo menos um preconceito de gênero, seja no campo político, educacional, econômico ou no que diz respeito à integridade física, contra as mulheres.
2) Os preconceitos contra as mulheres não partem apenas dos homens: eles prevalecem entre homens (90,18%) e mulheres (87,35%), o que demonstra como estão enraizados na sociedade como um todo.
3) Esses preconceitos de gênero também não são um problema só entre países subdesenvolvidos: estão presentes tanto em países com IDH alto quanto baixo.
4) Em resumo: o preconceito de gênero existe e persiste em todos os continentes, níveis de renda e culturas. Trata-se de um problema global.
5) 61% das pessoas do mundo têm algum preconceito contra as mulheres no campo político.
6) Quase metade das pessoas do mundo (49%) pensam que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres.
7) Apenas 27% acham que mulheres terem os mesmos direitos que os homens é algo essencial para a democracia.
8) Hoje, as mulheres têm o direito de votar e concorrer a cargos políticos em praticamente em todo o mundo. No entanto, em média, elas ocupam somente pouco mais de um quarto dos assentos no parlamento e 22% dos cargos ministeriais.
9) A parcela de chefes de estado ou de governo que são mulheres manteve-se em torno de 10% desde 1995. Hoje, apenas 11% dos chefes de estado e 9% dos chefes de governo são mulheres.

10) Apenas 28% dos cargos de gerência e 31% dos principais cargos de liderança na administração pública são ocupados por mulheres. A porcentagem diminui à medida que se sobe na escada do poder político e econômico.
11) 28% das pessoas acham que a universidade é mais importante para os homens que para as mulheres.
12) 60% das pessoas, homens e melhores, têm algum preconceito do ponto de vista de economia e mercado de trabalho.
13) 46% acham que os homens devem ter mais direito a um trabalho que as mulheres.
14) 43% das pessoas do mundo acham que os homens são melhores executivos de negócios do que as mulheres.

15) Nas empresas privadas, as mulheres ocupam apenas 28% dos cargos gerenciais.
16) Mulheres compõem 70% da força de trabalho em saúde e assistência social globalmente, mas detêm apenas 25% dos cargos seniores e 5% dos cargos de liderança em organizações de saúde.
17) Mesmo nos 59 países onde as mulheres são mais educadas do que os homens, a diferença na renda média é de 39% a mais para eles.
18) O tempo que as mulheres gastam com trabalho de cuidado não remunerado é duas vezes maior que o dos homens nos países com menos preconceito, e chega a ser seis vezes maior nos países com mais preconceito de gênero.
19) Mais de um quarto (25%) da população mundial acredita que é justificável um homem bater em sua esposa (!!!!!!!!!!!!!!).
20) 26% das mulheres com mais de 15 anos já sofreram alguma violência de seu parceiro íntimo.

As estatísticas de preconceito de gênero no Brasil
A tabela de países mostra que 84,45% dos brasileiros têm pelo menos um preconceito de gênero e apenas 15,55% não têm nenhum.
A diferença é mínima entre mulheres e homens: 84,17% e 84,78%, respectivamente.
- 39,91% dos brasileiros têm preconceito na área política (“homens são melhores líderes políticos que mulheres”);
- 9,75%, na educação (“Universidade é mais importante para os homens do que para mulheres”);
- 31,06%, na economia (“Homens deveriam ter mais direito a um emprego do que mulheres” ou “Homens são melhores executivos de negócios do que mulheres”);
- E preocupantes 75,69% têm preconceito envolvendo a integridade física das mulheres (que abrem espaço para a violência cometida pelos parceiros íntimos).
O relatório traz ainda um ranking do índice de desigualdade de gênero, que mede a desigualdade entre mulheres e homens em três dimensões: saúde reprodutiva, empoderamento e mercado de trabalho.
Os dez melhores países no ranking, que aparecem bem na fita, são aqueles de sempre, que se preocupam com a social democracia, com direitos humanos, essas coisas básicas, raras e maravilhosas:
- Suíça
- Noruega
- Islândia
- Hong Kong
- Austrália
- Dinamarca
- Suécia
- Irlanda
- Alemanha
- Holanda
O Brasil aparece na posição 87, entre 191 países, ainda considerado de “alto desenvolvimento humano”. É destacado, por exemplo, que apenas 14,8% do nosso Congresso é composto por mulheres, e que elas têm escolaridade maior que os homens, mas estão menos empregadas que eles.

Estes são os dez países que aparecem melhores que o Brasil no ranking, entre as posições 77 a 86:
- Ucrânia
- Macedônia do Norte
- China
- República Dominicana
- Moldávia
- Palau
- Cuba
- Peru
- Armênia
- México
O Brasil aparece melhor que estes dez seguintes no ranking:
- Colômbia
- São Vicente e Granadinas
- Maldivas
- Algéria
- Azerbaijão
- Tonga
- Turcomenistão
- Equador
- Mongólia
- Egito
Um dado positivo, pra gente respirar um pouco:
A quantidade de pessoas sem preconceito de gênero melhorou entre o período de 2010 a 2014 para este analisado agora, de 2017 a 2022, em 27 países. Entre eles, o Brasil.
Mas, para melhorar ainda mais, precisamos investir em educação e conscientização das pessoas, além de combater grupos que defendem ideias preconceituosas ou promovem a violência de gênero.

Seja denunciando criminosos, seja apoiando políticas públicas que cuidam mais das mulheres, seja votando melhor, escolhendo mulheres ou homens que também levantem esta bandeira.
E vale também levar essas ideias para seu espaço de trabalho, para sua empresa, e para dentro da sua casa, inclusive ensinando os homens da família sobre a importância da divisão igualitária do trabalho de cuidado não remunerado, que inclui tarefas domésticas e cuidados com os filhos, por exemplo.
Você está fazendo a sua parte por aí?
Quem quiser acessar o relatório completo do Pnud, com 44 páginas, pode ir neste link. Está em inglês.
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encaminhado!!! otimo e oportuno artigo!
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Que bom que gostou! Obrigada por compartilhar 🙂
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Ainda está ruim para as mulheres , mas minha experiência pessoal mostra que a situação vem melhorando para elas. Lembro que na década de 1970 quando chefiava a redação da sucursal do JB em BH Contratei a primeira repórter mulher. Hoje são maioria nas redações e muitas vezes melhores que os colegas homens , inclusive nos cargos de chefia.
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Somos mesmo maioria nas redações, inclusive em cargos de chefia, mas muuuuitas vezes recebendo bem menos que os colegas em funções equivalentes.
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