Para votar com consciência, relembre as frases de Bolsonaro

Arte mostrando duas frases de Jair Bolsonaro: "O erro da ditadura foi torturar, não matar" e "Jamais estupraria você, porque você não merece"
Por incrível que pareça, o atual presidente da República no Brasil, Jair Bolsonaro, já soltou as duas frases acima. Mas não foram só elas. Ela já disse inúmeros descalabros. Frases de ódio contra mulheres, minorias, outros Poderes, contra gays, pobres, outros países.
  • “Eu sonego tudo o que for possível.”
  • “Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do auxílio-moradia [que ele ganhava como deputado] eu usava para comer gente.”
  • “Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.”
  • “O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
  • “Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura. Tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também.”
  • “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5.”
  • “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. O povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”
  • “Só Deus me tira daqui. Tapetão por tapetão sou mais o meu.”
  • “Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem.”
  • “Eu jamais ia estuprar você porque você não merece.”
  • “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens. A quinta eu dei uma fraquejada e aí veio uma mulher.”
  • “Quem quiser vir aqui [ao Brasil] fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. O Brasil não pode ser um país de turismo gay.”
  • “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele.”
  • “Com toda a certeza, o índio mudou. Está evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós.”
  • “Fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais.”
  • “Nossa Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo.”
  • “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses picaretas para correr do Acre.”
  • “[O policial] entra, resolve o problema e, se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado, e não processado.”
  • “A mesma coisa é direito trabalhista. Tudo que é demais atrapalha. (…). É tantos direitos (sic).”
  • “Não estou dizendo que não precisa de professor, mas o excesso atrapalha.”
  • “O maior problema do Brasil não é com alguns órgãos, é a imprensa”
  • “É pra enfiar no rabo de vocês da imprensa essa lata de leite condensado.”
  • “O governador de vocês é um vagabundo, caralho.”
  • “Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada!”
  • “E daí? Lamento [mortes por Covid]. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”
Charge do Duke mostra Bolsonaro falando "E daí?" em cima de vários cadáveres, pessoas mortas pela Covid-19.
Charge do Duke que entrou pra história, assim como a frase disparada por Bolsonaro.
  • “Infelizmente, algumas mortes terão. Paciência, acontece.”
  • “Tem que deixar de ser um país de maricas [ainda sobre as mortes por Covid].”
  • “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? [Enquanto o Brasil estava em luto pelos milhares de mortos entre 2020 e 2021]”
  • “Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso.”
  • “O cara que entra na pilha da vacina é um idiota.”
  • “Vai comprar vacina. Só se for na casa da sua mãe.”
  • “Deixa eu morrer, problema é meu.”
  • “Lamento profundamente, mas é um número insignificante [mortes de crianças pro Covid].”
  • “Não tá havendo morte de criança que justifique algo emergencial [vacinação contra Covid-19].”

Todas as frases acima saíram da boca de Jair Bolsonaro, atual presidente da República do Brasil, algumas quando ele ainda era um deputado de baixo clero que nunca aprovou nenhum projeto de lei e usava o auxílio-moradia que recebia sem precisar, como disse ele, “para comer gente”.

Todas estas frases cheias de ódio dirigido contra as mulheres, contra os gays, os negros, os indígenas, as minorias, os que pensam diferente, os adversários políticos, os outros Poderes da República, todas estas frases cheias de palavrão, de falta de decoro, de apologia à ditadura militar, à violência e à tortura. Que nos envergonham, todos os dias, inclusive diante de outros países.

Por tudo isso que ele pensa sem nenhum pudor, e conhecendo este senhor há décadas, e vendo os estragos que ele disse e colocou em prática nos últimos quatro anos, não consigo entender, nesta altura do campeonato: mulher votar em Bolsonaro, pobre votar em Bolsonaro, LGBTQIA+ votar em Bolsonaro, negro votar em Bolsonaro, gente que perdeu queridos pra Covid votar em Bolsonaro, profissional da saúde votar em Bolsonaro, usuário do SUS votar em Bolsonaro, ou simplesmente uma pessoa que tenha bom caráter votar em Bolsonaro.

Não gostar do PT eu posso entender. Mas votar em coisa infinitamente pior não faz sentido. Se o asco pelo PT tem a ver com corrupção, qual o sentido de combater o PT votando em uma família envolvida com a milícia e com a corrupção há décadas?

É simples: as pessoas que não gostam do PT não gostam por causa de corrupção, mas de luta de classes. De ódio contra as minorias. De ódio contra os mais pobres. Quem odeia o PT odiou ter visto filhos de empregadas domésticas, negros, estudando em universidade federal de qualidade, acessando o mercado de trabalho, pegando avião para viajar nas férias.

Guarde bem isso dentro do seu coração: se mesmo conhecendo tudo o que Bolsonaro pensa e diz, se mesmo assim você vai votar no Bolsonaro, então é porque você concorda com ele, com estas frases que ele diz e repete e repete de novo. Você passa pano pra tortura, pro ódio, pro machismo, pra misoginia, pra corrupção, pra racismo e pra homofobia.

Talquei?

Neste domingo, 2 de outubro, vou votar com a consciência tranquila no candidato que mais tem chances de tirar Bolsonaro, o pior presidente da história do Brasil, do poder: Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

Eu ao lado de um cartaz escrito "Meu voto é secreto", com a foto de Lula.

E vou otimista, porque não consigo pensar que a maioria do Brasil realmente esteja ao lado do esgoto e do ódio. Brasileiro é um povo bom, de bom coração, afetuoso, alegre, que gosta de festa, de Carnaval, de futebol, que sempre respeitou as religiões de matrizes africanas, é um povo bem humorado, que teve Trapalhões, Jô Soares, Chico Anysio, que já elegeu uma mulher na presidência, que está tentando pagar a dívida terrível da escravidão com as políticas de cotas, que discute política no boteco, é politizado, cuida de sua democracia ainda tão recente. O povo brasileiro é tolerante com as minorias, sempre se vacinou direitinho, criou as Apacs, não quer pena de morte.

Esse povo brasileiro não tem nada a ver com um sujeito como Bolsonaro, que era piada de CQC há poucos anos, que ganhou visibilidade justamente por sua boca-larga. Brasileiro gosta de comédia, como já disse, e ele serviu de palhaço por anos, e foi iludindo umas pessoas, mas elas já caíram na real, viram que colocar um Tiririca na presidência não é bom, e já vão votar com mais consciência neste domingo.

Com esse otimismo, espero ver o Brasil livre de Bolsonaro e começando um novo governo de transição já nesta segunda-feira, 3 de outubro.

Amanhã vai ser outro dia“!

 

 

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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