Texto escrito por José de Souza Castro:
Dois dias depois do vexame brasileiro em Londres, “The Economist”, prestigiada publicação inglesa, editou nesta quarta-feira mais uma reportagem sobre a eleição brasileira. Ela parece ter desprezado, como irrelevante, a falta de educação de “Mr. Bolsonaro” durante o velório da Rainha Elisabeth II.
Para os leitores britânicos, o texto apresenta Mr. Jair Bolsonaro como um ex-capitão do exército e um político inexpressivo que cavalgou a onda do descontentamento popular com a corrupção, o crime e a economia, para vencer a eleição presidencial de 2018.
Os triunfos modestos do governo, incluindo reforma das aposentadorias, foram obscurecidos pelo desenfreado desmatamento da Amazônia e pela desastrosa resposta à epidemia de Covid-19. Sua base direitista inclui fazendeiros, donos de armas e evangélicos, e seu suporte é maior nos estados agrícolas do Oeste.
Suponho que o modesto perfil britânico de Mr. Bolsonaro lhe fez justiça.
Já Lula foi descrito como um líder sindicalista que governou o Brasil de 2003 a 2010. Seu esquerdista Partido dos Trabalhadores canalizou os frutos de um “boom” das “commodities” para programas sociais.
Ele deixou o cargo em 2010 com mais de 80% de aprovação e ainda tem alto apoio no Nordeste pobre. Mas um escândalo de corrupção envolvendo o PT manchou seu legado. Lula passou um ano e meio na prisão por condenações de suborno que, mais tarde, foram derrubadas pela Suprema Corte.
Ele preserva sua inocência, conclui entre parênteses o breve perfil de Lula. Preserva sua inocência, ensina “The Independent”. Algo que muitos jornalistas e políticos brasileiros fingem desconhecer.
As reportagens anteriores publicadas neste ano saíram no dia 19 de setembro, em 8 de setembro (esta, com o destaque “Vença ou perca, Jair Bolsonaro representa uma ameaça à democracia brasileira“), 26 de agosto, e, no dia 14 de julho, veio com uma questão ainda não respondida: “Poderia Jair Bolsonaro tentar roubar a eleição do Brasil?“
No dia 14 de maio uma reportagem mostrou o peso dos evangélicos neste pleito. E, a primeira reportagem, no dia 9 de abril, em tradução livre como as anteriores, avisa: “Criticado como um salvador, ridicularizado como um ladrão, Lula está de volta“.
E com grande chance de vencer. Última pesquisa de intenções de votos: Lula vai a 47%, e Bolsonaro segue com 31% no 1º turno.
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