Bolsonaro, pandemia e negacionismo: ‘Isso também vai passar’
Em agosto de 2018 – há quase três anos, portanto –, compartilhei aqui no blog minha descoberta musical da semana. Era a música “Isso também vai passar“, do mineiro César Lacerda.
Naquele momento, o Brasil estava prestes a eleger o pior presidente da República de sua história, este asno chamado Jair Bolsonaro, pelo PSL. O sujeito que viria a se tornar corresponsável pela morte de mais de meio milhão de pessoas em decorrência da Covid-19. E que:
- levou nossa economia para o brejo,
- vendeu nosso patrimônio,
- é corrupto desde sempre,
- é negacionista,
- prega o ódio,
- é ligado à milícia,
- não gosta da democracia,
- exalta a ditadura militar,
- já defendeu a tortura várias vezes,
- destruiu nosso meio ambiente,
- cujos ministros mais amigões caíram porque viraram alvo de investigações,
- queimou o Brasil diante de todo o planeta, mesmo antes da pandemia.
Enfim, era ainda agosto de 2018, Bolsonaro ainda não tinha sido eleito e não tinha feito todos esses estragos irreversíveis que ele fez em dois anos e meio de poder, nem os estragos que ele ainda fará no um ano e meio que tem pela frente – caso não seja derrubado.
Mas já dava para saber que ele faria. O que não faltou foi gente, como eu, aqui no blog, esgoelando para dizer: “Ele não! Ele nunca! Vai dar merda!”

Aliás, eu já escrevia contra ele muito antes de 2018, em 2014, e até em 2011, quando ele ainda era só um parlamentar insignificante de baixo clero que fazia estardalhaço no CQC.
Hoje, só me resta o fatídico e cansado “Eu avisei“.
Quando fiz aquela descoberta musical, minha bola de cristal já trabalhava ativamente, pensando em todo o desastre que Bolsonaro traria ao país depois de eleito. Mas César Lacerda veio com sua vozinha delicada me acalentar, dizendo: “Isso também vai passar“.
No ano passado, quando, além de Bolsonaro, fomos “premiados” com o novo coronavírus (que se tornaria muito mais letal no Brasil por causa do Bolsonaro, num círculo vicioso infernal para nós), o músico deve ter percebido que sua música-mantra poderia acalentar a alma de muito mais gente.
Por isso, ele fez um clipe, que contou com a participação de quase 200 pessoas, em 21 países. Já faz mais de ano que esse clipe saiu, mas só fui descobrir no último sábado, quando uma morte na família me fez procurar esta música mais uma vez. E fiquei emocionada com o que vi:
Como diz a letra:
“Vou te contar que tudo, um dia, vai passar. Essa falta de dinheiro, essa crise, esse governo. Esse grito preso de que tudo mais vá pra pro inferno. O temor disso durar por muito tempo, ser eterno. Eu te digo: tudo acaba! tudo, tudo, tudo, tudo”
Essa pequena estrofe nos fala, basicamente: esse governo boçal vai passar. E diz ainda: essa pandemia, esse momento terrível que estamos vivendo, não vai ser eterno. Tudo acaba, tudo tudo.
É mágica, essa letra.

E ainda tem um outro sentido que só fui perceber agora, vendo o clipe, com todas as imagens bonitas que ele tem. Que tudo isso de horrível vai passar, mas as coisas boas do presente também vão. Nossos filhos pequenos vão passar, porque vão crescer e envelhecer. Alguns momentos felizes vão passar, porque as rotinas mudam. Boas companhias vão passar, porque relacionamentos se rompem, ou pessoas morrem.
Portanto, a canção não é só uma injeção de ânimo e confiança ao nos demonstrar que as coisas péssimas vão passar; é também um alerta de que as coisas ótimas não duram para sempre tampouco, e devemos aproveitá-las enquanto é tempo.
Dupla mensagem, praticamente oposta, em uma só canção de poucos minutos!
Ouça/assista você também. Com atenção. Nos momentos de desânimo e pessimismo, mas também nos de nostalgia e saudosismo.
Vamos sobreviver a esse pesadelo, gente! Pesadelo político, econômico, social e de saúde pública. Essa hecatombe provocada pela ignorância generalizada, pelo ódio, pela ganância, pelo negacionismo.
Isso tudo vai passar.
Sejamos fortes para passarmos junto.
Você também pode se interessar:
- O futuro distópico de um Brasil governado por bolsonaristas e olavistas
- As barbaridades que Bolsonaro fala, seus três grupos de eleitores que aplaudem e, enquanto isso, um Brasil que afunda
- O fanatismo, o fascista corrupto, as fake news e minha desesperança
- Brasil, o ex-país do Carnaval
- O fanatismo e o ódio de um país que está doente
- Noam Chomsky: Bolsonaro e Trump são piores que Hitler
- O que acontece quando os fanáticos e ignorantes saem da internet para as ruas
- Em 1 mês de Jair Bolsonaro eleito, ao menos 40 retrocessos e absurdos; veja a lista
Leia também:
***
Quer assinar o blog para recebê-lo por email a cada novo post? É gratuito! CLIQUE AQUI e veja como é simples!
Categorias

Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
No post “Há um Jair Bolsonaro entre nossos vizinhos”, de 30 de março de 2011, ele responde a esta pergunta de Preta Gil: Continua achando que o FHC deveria ser fuzilado?
“Foi uma força de expressão na época, né, mas, realmente, no tocante à privatização da Vale do Rio Doce, ele se comportou como um traidor da pátria.”
Será que ele se considera um traidor da pátria com o que tem feito na privatização da Petrobras e planeja fazer com a Eletrobrás?
CurtirCurtir
Duvido que ele se considere qualquer coisa de ruim.
CurtirCurtir
Cris, no seu post de 2011, Bolsonaro responde a uma pergunta de Preta Gil (Continua achando que o FHC deveria ser fuzilado?):
“Foi uma força de expressão na época, né, mas, realmente, no tocante à privatização da Vale do Rio Doce, ele se comportou como um traidor da pátria.”
É exatamente como Bolsonaro se comporta com a privatização da Petrobrás, da Eletrobrás e dos Correios, entre outras.
CurtirCurtir