Carta ao meu filho Luiz, 4 anos

Luiz, perto de fazer 4 anos de idade, catando conchinhas na praia.
Luiz catando conchinhas. Foto: CMC

Quatro anos.

Por mais que já tenham se passado 1.460 dias de convívio DIÁRIO, às vezes ainda tenho a impressão de que não caiu minha ficha que sou sua mãe, meu querido Luiz.

Às vezes me sinto tão despreparada para esta missão tão colossal de cuidar de você, de te educar, de te ajudar a lidar com este mundo tão complicado e te ajudar a pensar sobre as coisas. E, ainda assim, vou fazendo tudo do meu jeito canhoto, conversando com você sobre tudo-tudo, te falando sobre a Terra ser redonda mesmo, sobre as pessoas que moram nas ruas por causa da desigualdade, sobre como funciona meu trabalho de jornalista e por que ele ainda é importante. Coisas assim, além das mais banais.

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Na maior parte das vezes, me sinto espantada – abismada mesmo – com o tanto que você já conseguiu absorver da vida, com o tanto que já aprendeu.

Criança feliz sorrindo por uma janela de uma casinha de brinquedo.
“O que você quer fazer, Luiz?” “Brincar!”

Você é uma pessoinha muito especial. Mesmo. E não sou só eu, sua mãe, quem acha isso. Todos que têm a oportunidade de te conhecer um pouquinho mais ficam encantados com seu jeito único de ser, com seu humor misturado a uma seriedade, com sua personalidade forte mesclada a uma grande timidez.

Eu sinto também um orgulho muito grande. Orgulho por, mesmo tão despreparada, tão minúscula, ter conseguido chegar até aqui cumprindo este novo papel. Não sou mais apenas mulher, filha, irmã, jornalista, funcionária, esposa. Há mais de 1.700 dias, contando o período da gestação, eu também sou mãe. Uma outra camada da minha alma surgiu do nada e vem sendo lapidada, dia após dia, neste convívio com você. Uma camada que não existia antes! Como pode? Sempre me espanto com nossa capacidade humana de reinvenção.

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Sinto orgulho porque sei que muito do que você é hoje, esta pessoinha tão extraordinária, teve a minha contribuição. Junto com seu papai, também tão especial na sua formação, junto com os amiguinhos da escola, as professoras, o restante da família, e até com o que você vê no desenho animado na TV. A sociedade inteira está ajudando com um tijolinho, mas nosso convívio é tão intenso que sei que meus tijolos são os maiores e os mais cheios de amor.

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Eu não sei como será nosso convívio no futuro, e isso é uma das coisas que mais geram arrepios dentro de mim. Tenho medo de um dia brigarmos, de um dia nossos vínculos afetivos se esfacelarem, como já vi acontecer inúmeras vezes entre mães e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, entre amigos. Por isso, trabalho a cada dia para regar com carinho este nosso vínculo. Quero colher, daqui a muitos anos, isso tudo que estou plantando com tanto amor, um dia após o outro.

Criança feliz dançando em frente a uma árvore de Natal.
Luiz adora dançar e tem muito humor. Um “piadista”, como ele mesmo diz!

Quero colher um filho que cresce a cada dia com mais e mais independência, inteligência, senso de justiça. Um garotinho que leva a vida com carinho, organização, compenetração, mas bastante humor. Que adora dançar (até ao som do liquidificador!), que adora cantar, adora desenhar. Adora histórias – as dos livros, mas também dos teatros, dos filmes, dos desenhos. Adora, sobretudo, BRINCAR. Que fala, fala, fala. Para os outros parece tímido, caladinho, mas seu vocabulário é tão rico que às vezes ainda me impressiona.

Quero colher, daqui a muitos anos, se a vida me permitir, o convívio diário com este menino tão especial, que se desenvolve tão rápido, e que dedica a mim tanto amor. Um amor que ninguém nunca sentiu por mim antes, não da mesma maneira.

Quatro anos, Luiz, quatro anos!

É impressionante o tanto de coisa que já se passou. E, ao mesmo tempo, como a gente vai simplesmente se esquecendo de tanta coisa. Sua memoriazinha é curta, não alcança nem o ano passado. A minha também não é das melhores, mas sigo anotando tudo, fotografando, filmando, tentando “encapsular” estas experiências tão ricas, tão mágicas.

Eu gostaria de ter uma daquelas máquinas do filme “História sem fim”, que vai guardando nossas memórias em bolas, para que eu pudesse revê-las sempre que quisesse. Guardaria um apartamento inteiro só para nossas experiências juntos, nossas rotinas e coisas fora-da-rotina. Já são milhares ou milhões de memórias, só nestes quatro anos. Imagina quantas ainda poderemos construir no futuro!

Meu filho querido: que alegria é, para mim, ver você chegando até aqui, tão forte e tão desenvolvido. Com esses pezinhos perfeitos, o sorrir-com-os-olhos, as mãozinhas, e também a vontade de querer fazer do seu jeito, a demora para escolher as roupas (agora não usa mais shorts, só calça, mesmo no calorão…), o capricho para pentear a franja, a esperteza com que cuida de suas coisas.

Que você continue assim, gerando tanto encantamento por onde passa, por muitos e muitos anos. Estarei para sempre aqui pertinho, te observando, orgulhosa, inundada de amor, pronta para te ajudar e te oferecer colo quando for preciso, viu? Para sempre.

Não se esqueça: conte comigo. Sou sua “melhor mamãe do mundo”, mas também sua “melhor amiga”. Meu melhor filhinho do mundo inteiro…

Obrigada por existir em minha vida há quatro anos e por me permitir tentar ser sempre alguém melhor para você. Por você. Feliz aniversário, meu Pic-Pic – e que seu novo ano seja cheio de aventuras, novas descobertas, aprendizados e muitos motivos para rir e para me fazer rir junto com você.

Criança apontando, sorridente, para um besouro.
Luiz encantado com os besouros 🙂

Te amo infinito! (E já posso ouvir sua vozinha completando: “Eu amo mais!” E eu replicando: “Eu que amo mais!”, nesta nossa disputa que sempre termina com o meu “Amamos empatado então!”)

 

P.S. Quando eu já tinha escrito este post, o Luiz pediu para ser filmado. Falando com uma audiência imaginária do YouTube, ele derreteu a mamãe do lado de cá. Veja o que ele disse:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

6 comments

  1. Luiz, querido, vc é tudo isso que sua melhor mamãe escreveu. E ainda é especialista em alegrar nossos dias com recadinhos carinhosos – vídeos, áudios e cartões coloridos. E é um ótimo companheiro de selfies fazendo caretas – podemos fazer uma sessão especial pra celebrar seus 4 anos 😉 Tia Vivi te ama muito e adora ver vc brincar com a Laurinha e a Rafa. Continue esse menino de coração bom e alma leve.

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  2. Nem me emocionei com a carta e com o vídeo, apenas um cisco que teima em não sair do meu olho…
    Paz e Luz ao Luiz…

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  3. Nossa que lindo tudo oque vc escreveu estou emocionada aqui,me vejo muito em vc em tudo esse amor que cresce em nós a cada dia…

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