Estética sem conteúdo

Assista se tiver tempo sobrando: O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
(The Grand Budapest Hotel)
Nota 6

budapeste

Eu estava ansiosa para assistir ao filme “O Grande Hotel Budapeste”. Afinal, com nove indicações ao Oscar, empatado com “Birdman” como o melhor do ano, deveria ser bem bom.

Por isso, tenho que dizer que fiquei decepcionada.

Se bem que, analisando as categorias a que o filme concorre, muito está explicado. Fotografia, figurino, edição, maquiagem e direção de arte são prêmios que valorizam a estética. E a estética desse filme é, realmente, impressionante. O filme é bonito de se ver. Colorido, vivo, intenso, com uma fotografia sempre enquadrada de modo impecável (geralmente privilegiando o centro da tela, como você pode ver AQUI). Além disso, é um amontoado de bizarrices e personagens esquisitos que lembra um pouco Amélie Poulain, filmes do Tim Burton e outros tantos que existem por aí, nessa linha, inclusive do próprio diretor Wes Anderson (“Os Excêntricos Tenenbaums”).

E, puxa, o que não faltam são atores incríveis. É um elenco até um pouco desperdiçado, porque os atores Ralph Fiennes e Tony Revolori ficam com quase tudo, enquanto monstros do cinema, quase todos indicados ou premiados pelo Oscar, como Willem Dafoe, Jude Law, Edward Norton, Murray AbrahamTom Wilkinson, Adrien Brody, Mathieu Amalric, Bill MurrayOwen Wilson e Tilda Swinton fazem só pontinhas, são praticamente figurantes. Mas isso também é legal: ajudam a dar vida a pequenos coadjuvantes que compõem a excentricidade geral. Nenhum deles concorre ao Oscar, diga-se de passagem.

O que faltou para que eu gostasse do filme, então? História.

Geralmente não ligo se um filme for feio e nem mesmo se tiver atores “marromenos”, desde que a história seja sensacional. Tanto que vários filmes independentes, baratíssimos, conquistam meu coração por terem um roteiro bem-amarrado. O contrário, no entanto, me parece imperdoável. E, no caso de “O Grande Hotel Budapeste”, mesmo sendo baseado em livro, mesmo sendo contado em tom de fábula, com direito a capítulos (fórmula que costuma dar certo), mesmo se passando em uma república fictícia, o que também dá mais espaço à imaginação — com tudo isso, enfim, ainda é um filme sem história. Se me perguntar do que se trata, o famoso “o que acontece?”, eu resumo em duas linhas. The end.

Por isso, vá lá que ganhe todos aqueles prêmios estéticos do Oscar, mas espero que não fique com o melhor roteiro original e, muito menos, com o grande prêmio de melhor filme, porque não é o caso. O cômico e o excêntrico são legais, mas precisam de conteúdo para se justificarem. Wes Anderson tem que aprender mais com seu colega francês Jean-Pierre Jeunet.

Veja o trailer:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

2 comments

  1. Nossa, Cris, na minha opinião esse filme é um dos melhores de todos os tempos!! Nota 10 seria pouco. Merece nota 1.200.000.
    Discordo da sua opinião quanto a história. É uma história simples, mas muito interessante e bem contada.
    Vi no cinema ano passado, e quando o filme acabou eu nem consegui me levantar da poltrona, de tão bom que achei. Claro que depois fui ver de novo, e gostei tanto quanto da primeira vez!
    Beijos

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