O discurso mais importante da História completa 50 anos (e o sonho ainda não foi realizado)

Marcha Sobre Washington, em 28.8.1963
Marcha Sobre Washington, em 28.8.1963

Há exatos 50 anos, 250 mil pessoas se reuniram na “Washington para a Marcha por Emprego e Liberdade” e ouviram o discurso mais importante da História, saído da boca de um emocionadíssimo Martin Luther King Jr., que tinha apenas 34 anos de idade. Aquele momento foi o cúmulo de protestos que tinham começado em 1955, quando a costureira Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar num ônibus para um branco e foi presa pelo gesto de revolta. King ganhou o Nobel aos 35 anos de idade e morreu, assassinado, aos 39 apenas. Mas suas palavras ecoam até hoje e até hoje me arrepio quando ouço ele dizer, por exemplo:

“Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.”

Ele repete sua frase “Eu tenho Um Sonho” como um refrão de uma música gospel ou de um lindo blues e, a cada hora que essa frase é disparada, vemos as lágrimas escorrendo no rosto dele e dos milhares que são filmados no momento.

King ainda não conseguiu ver seu sonho realizado. Nem em sua “América”, onde o número de negros presos é seis vezes maior que o de brancos. Nem no restante do mundo, onde ainda vemos mais negros assassinados no Brasil, por exemplo. Mas enquanto esse discurso continuar sendo ensinado às crianças, jovens e adultos, e mais e mais pessoas se conscientizarem de que as diferenças devem ser respeitadas e que o maior respeito é a igualdade perante a lei, ainda teremos esperança de que esse sonho de King um dia seja, enfim, realizado.

E “todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, ‘livres, enfim! Livres, enfim!'”

Quem quiser ler o discurso na íntegra AQUI ESTÁ.

Eu, pessoalmente, acho muito mais emocionante escutá-lo, direto do orador. Tem pouco mais de 15 minutos e são 15 minutos de mudar um mundo inteiro:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

5 comentários

  1. Reblogged this on Blog do Prof. Jean Magno and commented:
    Viver em um mundo onde o racismo não exista é realmente um sonho, mas infelizmente um sonho que esta muito distante. 50 anos se passaram e ainda vemos e convivemos com atos racistas diariamente. Ontem duas “medicas” cearenses deram provas cabais disto! O Brasil é um país racista, e basta caminhar pelas ruas e observar as pessoas para confirmarmos isso. Porém, como diz o refrão do velho samba-enredo: “sonhar não custa nada, ninguém paga pra sonhar…”! Então vamos continuar lutando e sonhando com um mundo onde as pessoas não sejam marcadas pela cor da pele, a religião, o nível sociocultural e etc.

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    1. Muito bom seu comentário, assino embaixo. Lamentável, por exemplo, a tal “jornalista” de Fortaleza que disse que as médicas cubanas têm cara de empregada doméstica. Vou guardar esse nome — Micheline Borges –, já que ela se diz jornalista, para tomar cuidado caso um dia precise trabalhar com ela. (http://noticias.terra.com.br/educacao/jornalista-se-arrepende-de-comparar-medicas-cubanas-a-domesticas,3f1181c0881c0410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html)

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  2. 50 anos depois e temos que conviver com atos como os de ontem das “medicas/patricinhas” cearenses… Uma lastima! Parabéns, ótimo texto

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