Hoje é domingo*! O que me faz lembrar daquela velha quadra, dos tempos do meu tataravô:
“Hoje é domingo,
pé de cachimbo,
cachimbo é de ouro,
bate no touro,
o touro é valente,
bate na gente,
a gente é fraco,
cai no buraco,
buraco é fundo,
‘cabou-se o mundo!”
Bom, pelo menos era assim que eu recitava quando criança. Há outras variações para os versinhos, que incluem potes de barro etc. Podia jurar que o segundo verso falava mesmo de um pé de cachimbo, que eu ficava tentando imaginar, mais ou menos como na ilustração abaixo.
Daí, quando cresci, me disseram que o tão maravilhoso pé de cachimbo nada mais era que um “pede cachimbo”. Imagine a cena de um balão esvaziando… Murchei assim.
Agora, ao ler o ótimo texto do Sírio Possenti, doutor em linguística e professor titular do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, publicado no site “Ciência Hoje”, comecei a repensar essas informações. Se um dia eu tiver um filho, vou poder explicar a ele que, sim, no mundo da fantasia e da poesia existem pés de cachimbo! (Atualização em 2022: sim, eu tive um filho incrível! ;))

O texto de Sírio Possenti é fabuloso por várias outras razões. A melhor delas é destruir essa teoria idiota, criada por jornalistas, de que “risco de vida” é errado, o certo é “risco de morte”. Explica Possenti num trechinho:
“A tese parece óbvia, mas não é. ‘Perigo de vida’ não quer dizer ‘perigo de viver’, mas ‘perigo para a vida’.”
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Nunca adotei o “risco de morte” e prometo nunca adotar. Além disso, continuarei indo a Roma com minha boca e vendo as batatinhas se esparramarem pelo chão, do mesmo jeito que somos capazes, com boa vontade, de pôr a mão no coração de alguém – ou no nosso próprio. Aliás, quantas e quantas vezes não ficamos com o coração na mão, ansiosos por uma situação aflita? E já não virou moda por aí distribuírem beijos no coração? Eu, particularmente, não gosto desses, mas nada contra os que gostam.

A língua é do povo, minha gente. E graças a deus que existem os linguistas para reforçar que gramática e lógica são importantes, mas não o principal, quando se trata de comunicar.
Ainda não clicaram no link? Por favor, aproveitem a beleza do domingão de folga e reservem uns dez minutos para ler o texto Ipsis Litteris 😉
***
*Eu não gostava muito dos domingos, mas, de uns tempos para cá, tem se tornado um dos meus dias favoritos, com almoço em família, churrascos, jogo do Galo, filminho no fim da noite etc…
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Dá-lhe Kika!
Os “corretores de ditados” andaram mudando nossa língua também ao tirar o trema para reduzir custo editorial, homogenizando tudo até tirar as belezas, essas coisinhas desprezíveis que dão trabalho.
Enfiemos os dois pés na jaca!
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Também sinto tanta falta do trema! E do acento em “pára” e em “vôo”!
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Oi Kika,
Adoro essas expressões… mas o que gosto mesmo é da história por trás… por exemplo, “quem tem boca vai a Roma”, li que os romanos para invadir e conquistar outros povos, construiram muitas estradas e pontes, que existem até hoje, e dai viria a expressão “quem tem boca vai a Roma”, ou “todas as estradas levam a Roma”… Também já fui criticada por falar “se esparrama pelo chão”, rsrsrsrs
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Quando te criticarem, agora pode meter um doutor da Unicamp na cara deles, rs!
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Legal mas vc escreveu errado, o certo é:
“Hoje é domingo
pede cachimbo,
o cachimbo é de barro
bate no jarro,
o jarro é fino
bate no sino,
o sino é de ouro
bate no touro,
o touro é valente,
bate na gente
a gente é fraco
cai no buraco,
o buraco é fundo,
acabou-se o mundo”
Não existe pé de cachimbo…
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James, acho que não leu o post inteiro 😉
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Verdade rsrs
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