- Texto escrito por Cristina Moreno de Castro
Existe um gato de estimação no meu prédio. Não vou dizer que é um gato de rua, porque, embora não more em nenhum apartamento, está sempre recebendo carinhos e pratos de água e comida de um ou outro morador.
Estabeleceu-se há alguns anos nos recantos da garagem. De vez em quando, resfolega-se em cima de algum carro recém-estacionado, aproveitando o calorzinho do motor.
Na primeira vez em que encontrei o folgado deitado no capô do meu velho Clio, ele me olhou daquele jeito profundo dos gatos, adivinhando que eu não era exatamente uma gatófila, esticou as pernas e saltou para longe.
Nunca fui muito fã de gatos, ele acertou. E nem é só por causa da alergia que eles me dão, que me faz espirrar, meu rosto inchar, que faz meus olhos lacrimejarem e, nos dias mais críticos, até a garganta começar a fechar. O negócio é que sempre achei os gatos meio antipáticos.

Cresci lendo gibis e vendo animações que me fizeram enxergar o mundo de um jeito meio maniqueísta, do ponto de vista dos felinos: ou você gosta deles ou dos cachorros. É um ou outro, não tem meio-termo. Quem diz que gosta dos dois está mentindo, como um vegetariano dizer que seu prato favorito é um bife malpassado.
E aí, meus amigos, não tem pra ninguém: sou #teamdoguinhos, com luz néon, plaquinha e tudo. Adoro cachorros. Basta dizer que passei a usar o apelido “Kika” na internet, aos 15 anos, em homenagem à minha cachorrinha que tinha acabado de morrer, e que tinha esse nome. Hoje, além de ser o nome deste blog, é o da minha empresa. Jamais faria isso por um gato.
Eu sei, eu sei, vocês vão dizer que isso é imbecil, que é claro que a pessoa pode gostar de gatos, cachorros, papagaios, tudo ao mesmo tempo. Mas cresci com esse giz riscado no meio do chão do meu cérebro, e os felinos estão do outro lado do traço, enquanto estou do lado de cá, recebendo lambidinhas da Chica. Sorry, não consigo alterar o disco rígido da minha cachola.
Sendo assim, toda vez que eu cruzava com o gato preto que se instalou no meu prédio, o gato-de-rua-de-estimação-da-vizinhança, eu dava um jeito de desviar meu caminho, lançando a ele um leve olhar de desprezo.
Até que um dia, do nada, eu saí do carro, vi o bichano, e resolvi me aproximar. E uma coisa muito estranha aconteceu. Antes que eu pudesse pensar, minha mão traiçoeira foi lá deslizar sobre aquele pelo preto, macio e sedoso. É isso mesmo que você leu: eu fiz carinho nele!
Nenhum de nós dois entendeu nada, é claro. Ele me olhou daquele jeito arrogante típico dos gatos, como se dissesse “sabia que nem você iria resistir ao meu charme”, eu olhei para ele levemente preocupada com minha sanidade mental (e ainda mais com a minha alergia), mas continuei afagando aquelas costas lisinhas por um tempo.
Nunca mais aconteceu de novo. Na verdade, acho até que o gato passou a me evitar com mais afinco, indo para longe toda vez que me vê. Pensando bem, faz tempo que não o vejo na garagem.
Deve ter ido lançar um feitiço em outro prédio da redondeza.

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