‘Duas rainhas’: um desperdício de história boa em um roteiro ruim
Para ver se der tempo: DUAS RAINHAS (Mary Queen of Scots)
Nota 6

Este é um daqueles casos em que a tradução do título para o português fica bem pior que o título original. No original, temos “Mary, a Rainha da Escócia”, mais condizente com um filme que é quase totalmente focado na vida de Mary Stuart, interpretada muito bem por Saoirse Ronan. Enquanto o “Duas Rainhas” dá a entender que o filme é sobre Mary e Elizabeth, na mesma medida. Não é. Margot Robbie e sua excêntrica Elizabeth só aparece como coadjuvante da história.
E que história! Lembro vagamente de ter aprendido sobre os Stuart e a briga entre católicos e protestantes na Inglaterra daquele período, nas minhas aulas do ensino médio. O filme, no entanto, conta tudo de um jeito um pouco truncado, como se já tivéssemos conhecimento de todos os detalhes. É só lá pela metade da história que começamos a compreender um pouco todas as tramoias que estavam acontecendo naquele momento. Primas conspirando entre si, homens conspirando para tirar a rainha do poder, a briga entre religiões, traições e até um atentado a bomba.
O grande problema deste filme, que tinha tudo para ser bom, com duas grandes atrizes nos papéis principais, é o roteiro tão truncado. Seu mérito é nos fazer querer conhecer um pouco mais a fundo a história, pesquisar na internet para relembrar o que foi esquecido das aulas do colégio. E aí percebemos que os roteiristas e a diretora Josie Rourke perderam uma oportunidade de contar esses episódios de um jeito muito mais atraente.
Não é à toa que “Duas Rainhas” ficou com apenas duas nomeações no Oscar de 2019, para figurino e maquiagem (não levou nenhuma). Enquanto “A Favorita“, que também é um filme histórico sobre a realeza britânica, foi indicado em 10 categorias (e ganhou a de melhor atriz), no mesmíssimo Oscar 2019. Um soube contar a história melhor que o outro, ainda que também “A Favorita” tivesse seus defeitos, pecando principalmente pelo excesso.

Mas o defeito de “Duas Rainhas” é mais grave: a gente termina o filme sem entender muito bem a história, e sem conhecer a fundo suas personagens. A própria execução de Mary, que é antecipada logo na primeira cena, fica meio solta na trama. Os vários anos em que ela é mantida prisioneira da prima antes de finalmente ser morta são citados apenas em uma frase. Tudo nos é informado de raspão – de novo, como se já soubéssemos de cor e salteado tudo o que aconteceu. Pode ser que os britânicos saibam, mas esta não pode ser a premissa para um lançamento no cinema mundial. Até o papel da igreja parece menos importante na história do que certamente foi, lá no século 16.
O filme só não é de todo ruim por causa da atuação marcante das duas protagonistas. Ambas estão no auge da carreira, com nomeações consecutivas ao Oscar, e, mais uma vez, dão personalidade a estas mulheres que calharam de interpretar desta vez. Saoirse está melhor neste filme do que nos outros três mais recentes em que ela se destacou: Lady Bird, Brooklyn e Adoráveis Mulheres. Margot, infelizmente, é pouco aproveitada, mas ainda assim faz uma Elizabeth intrigante. São elas que salvam a nota 6.
Assista ao trailer do filme:
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
Agora na vida real. Na Inglaterra ,fiquemos apenas por lá, há uma Rainha, Rei, príncipe, em pleno século 21. Nasce um filho do príncipe, a imprensa faz uma “novela”, quando este dá o primeiro Vômito, quando troca a primeira fralda, etc, etc …Nada de objetivo nisto, não obstante, terem bons projetos em benefício da população em geral. Não decidem nada politicamente, o primeiro-ministro é quem o faz, apesar do respeito moderador `a Rainha.
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