‘Nyad’: o sonho, a loucura, a persistência e a ausência de limites

Cena do filme Nyad, da Netflix.
Cena do filme Nyad, da Netflix.

Vale ver na Netflix: Nyad
2023 | 2h01 de duração | Classificação: 14 | nota 8

Este é mais um daqueles filmes com histórias de superação.

Que nos mostram que não há limite para o que um ser humano é capaz de fazer. Não há limite para mulheres, nem tampouco uma idade que nos limita a conquistar algo.

“Eu não acredito em limites”, brada a protagonista Diana Nyad logo no início.

A diferença, para outros filmes de superação, é que ela não está superando, digamos, uma doença que a atingiu. Ou uma guerra que a expulsou de seu país (como no filme As Nadadoras).

Não está superando, com todo aquele empenho e dor excruciantes, algo inescapável que a acometeu.

Não, ela apenas está lidando com seu próprio sonho.

Desde criança, ela colocou na cabeça que queria atravessar a nado o golfo do México, entre Cuba e Flórida – uma proeza que era considerada humanamente impossível.

Ela teria que lidar não só com cerca de 60 horas de natação constante, com poucas e rápidas paradas para hidratação e alimentação (em que não poderia sair do mar nem ser encostada por ninguém, nem tocar no barco), mas também com tubarões e outros animais marinhos letais, além de tempestades e correntes marítimas que pareciam paredões de concreto.

O esforço poderia lhe render não só exaustão física, mas também queimaduras, inchaços, confusão mental, alucinações.

Por que se submeter a tudo isso?, poderíamos nos perguntar.

Porque este era seu sonho, ela responde.

Diana Nyad, protagonista do filme da Netflix, nunca desiste do seu sonho, nem encontra limites físicos ou mentais para atuarem como barreira.
Diana Nyad, protagonista do filme da Netflix, nunca desiste do seu sonho, nem encontra limites físicos ou mentais para atuarem como barreira.

A história de Nyad é, mais que uma lição de superação no esporte, uma história de nunca desistir até realizar um sonho.

De não se importar com as adversidades – saber encará-las até como um ingrediente a mais de uma aventura incrível.

De ter fé, esperança ou otimismo (chamem como quiser) – enfim, aquela mola propulsora dos que não conseguem desistir.

É preciso ser um pouco maluco – ou, no mínimo, teimoso e obstinado – para seguir em frente quando tudo mostra que você não é capaz de conseguir. Que ninguém é.

Não é à toa que nenhum outro tenha conseguido a mesma façanha que Nyad até hoje, mesmo dez anos depois que ela o fez. As pessoas são programadas para desistir do impossível.

Mas ela foi em frente, com uma autoconfiança absurda. Que é parte de uma personalidade difícil e arrogante, que o filme também tenta retratar, por meio da ótima atriz Annette Bening, já indicada antes a quatro Oscars.

Mas ela conseguiu ir em frente muito também graças ao trabalho em equipe, que ela demora, mas enfim reconhece. De sua amiga-parceira-treinadora Bonnie (na pele da excelente Jodie Foster, vencedora de dois Oscars). Do chefe de navegação Bartlett (Rhys Ifans), e tantos outros.

Annette Bening, Rhys Ifans e Jodie Foster em cena do filme "Nyad"
Annette Bening, Rhys Ifans e Jodie Foster em cena do filme “Nyad”

Deixei esta parte para o fim, mas, sim, este também é um filme sobre um tema atualíssimo: o etarismo.

Nyad falhou em sua primeira tentativa de realizar seu sonho, aos 28 anos. Aposentou-se da natação por mais de 30 anos. Mas quando ela mais se sentiu preparada para tentar de novo foi depois dos 60 anos de idade.

Porque não basta um corpo para conseguir uma proeza: é preciso uma mente forte também. E ela conseguiu ter ambas as coisas quando já estava mais madura.

Parte de sua obstinação era a vontade de mostrar ao mundo que ela não era só “um saco de ossos à espera da morte”.

O que nos deixa com a pergunta mágica: qual aventura você reserva para sua vida depois dos 60? Que sonho vai realizar? Lembre-se: pode ser QUALQUER coisa.

Nyad foi indicado a 2 Oscars em 2024 (não venceu nenhum):

  • Melhor atriz principal (Annette Bening)
  • Melhor atriz coadjuvante (Jodie Foster)

Assista ao trailer do filme Nyad:

P.S. Depois de ver o filme, vale a pena ler esta matéria da BBC sobre a Nyad da vida real, que enfrentou contestações, para além de todo o esforço.

Veja outras dicas de filmes de superação no blog:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

4 comments

  1. Ainda estou as voltas com o filme tentando superar minha doença. Essa história me estimula. O ser humano é um mistério. Diana Nyad é uma brava mulher

    Curtido por 1 pessoa

  2. Ótimo texto. Gostei muito do filme (amo nadar) e seus comentários me deram uma percepção melhor sobre esta grande aventura.

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