Vale ver no Star+: Não me abandone jamais (Never let me go)
2010 | 1h43 de duração | Classificação: 12 anos | nota 7
Foi em 2019 que li “Não me abandone jamais“, provavelmente o melhor romance de Kazuo Ishiguro (que só escreveu coisa boa).
Lembro que, na época, fiquei estarrecida com esse livro. Impressionada com a forma como a narrativa foi tecida, com os mistérios da trama e com a solução final. Foi um livro que, além de ter ótimos personagens, me fez refletir um bocado sobre todo tipo de questões éticas e humanitárias.
Meio ficção científica, meio drama, meio suspense. Um livro que ainda abordava pensamentos importantes sobre a amizade, o amor e o amadurecimento. Sobre a vida e a morte.
Quase quatro anos depois, fui assistir ao filme, que está disponível no streaming. “Never Let me Go“, de 2010, contou com atores badalados para adaptar um best-seller lançado apenas cinco anos antes. Carey Mulligan fez a protagonista e narradora Kathy. Keira Knightley é a amiga-rival Ruth. E Andrew Garfield completa o trio no papel de Tommy. Ainda tem uma ponta de Sally Hawkins. Os quatro atores são feras: inclusive, já foram indicados ao Oscar duas vezes, cada.

O livro já não estava mais tão fresco na minha memória (fraca), mas o filme foi suficiente para fazer rebrotar o principal. E, ao mesmo tempo, deu para perceber que o melhor da obra de Ishiguro ficou de fora nesta adaptação – talvez por ser o estilo narrativo, as sutilezas, o descortinar suave dos mistérios, e por tudo isso ser impossível de levar para fora de um livro, realmente.
O fato é que terminei de ver o filme com a impressão de ter visto apenas mais uma história de amor entre adultos – quando o livro está longe de se resumir a um triângulo amoroso e reserva apenas um terço do seu tempo à vida adulta dos personagens. Os conflitos éticos, a ficção científica, e até mesmo o suspense ficam meio de lado na adaptação cinematográfica.
O problema não está na performance dos atores, que seguem muito bons. Talvez seja na inexperiência do diretor Mark Romanek, cuja carreira praticamente se resume a dirigir videoclipes musicais, e do roteirista Alex Garland, cujo ponto alto foi o também nota 7 “Ex Machina” (que é bom, mas tem um grande erro de lógica que deixaram passar).

O que Kazuo Ishiguro achou do filme ‘Não me abandone jamais’
Seja como for, não é um filme ruim. O problema é que o livro que deu origem a ele é EXCELENTE. E fica difícil não comparar as duas narrativas. Mas o autor fez a mesma comparação e gostou do resultado. Em entrevistas à BBC, na época do lançamento, ele disse o seguinte:
“Se você escreve um romance e as pessoas fazem um filme sobre ele, você realmente se preocupa com a possibilidade de algo errado acontecer. Mas estou muito orgulhoso deste filme.”
“Eu realmente acho que o filme fez justiça à história. Acho que as intenções do filme, os momentos-chave e a forma como o filme tenta comover as pessoas são idênticos em relação ao livro.”
“Bem cedo você aprenderá a premissa e não é disso que o filme trata. O filme é sobre o que acontece depois disso – é uma história sobre amor e morte. Não é sobre algum segredo sinistro.”
Se Kazuo Ishiguro achou isso, quem sou eu para discordar? 😉
Assista ao trailer de ‘Não me abandone jamais’:
Trailer legendado em português:
Outros livros de Kazuo Ishiguro:
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