‘Elvis’: o homem que cantou até quando não tinha mais voz

Vale a pena ver no cinema: ELVIS
2022 | 2h39 de duração | Nota 10

Não sei se é coisa do gênero, se é por causa das músicas sensacionais, se são os atores incríveis encontrados, mas mais uma vez saí arrebatada da sala do cinema depois de ver esta biografia de Elvis Presley – assim como tinha acontecido quando assisti a “Bohemian Rhapsody” em 2018.

Dei nota 10 aos dois filmes, e olha que é raro eu dar um dez assim. Mas foi dez e pronto.

Austin Butler se mostrou um ator tão talentoso quanto Rami Malek e seu Freddie Mercury, que lhe rendeu uma estatueta do Oscar de melhor ator naquele ano.

Butler encarna o rei do rock com direito a todos os seus tiques, aos rebolados, às pernas nervosas, ao olhar penetrante. A semelhança física também impressiona. E mais: ele mesmo canta várias das canções do filme. Com tudo isso, já levou o primeiro prêmio da temporada, da Associação de Críticos de Hollywood, e deve levar muitos mais daqui pra frente.

Austin Butler se destaca fazendo Elvis Presley

 

A direção e o roteiro de Baz Luhrmann, conhecido pela obra-prima que foi Moulin Rouge, também estão impecáveis. O filme tem quase 3 horas de duração, mas é ágil, nos envolve o tempo todo, não nos entendia nem nos faz perder o fio da meada em nenhum momento.

E não se trata apenas da história de um dos maiores astros da história. De seu talento, de seus dilemas, da subida meteórica e os vexames e percalços, como é comum em biografias assim. É também sobre seu empresário, o “coronel” Tom Parker, interpretado pelo sempre genial Tom Hanks, que acabou tornando Elvis um verdadeiro refém.

A história é toda contada pelo coronel, um narrador benevolente com ele próprio, mas o que vemos na tela não é tão benevolente assim. É ele quem tira a voz de Elvis em boa parte de sua vida.

Tom Hanks faz o empresário sanguessuga de Elvis.

 

E assim, neste resumo bem feito, ficamos conhecendo um pouco de cada uma das facetas de Elvis. Um cara que vem de uma família muito unida, que viveu num bairro de negros, numa época de segregação racial total nos Estados Unidos, que aprendeu com eles a música (tanto no blues profano quanto no gospel da igreja evangélica que ele frequentava), que carregou, também deles, a dança, e acabou se vendo alvo de disputas políticas que tentavam enquadrar sua rebeldia a todo custo.

Ele chegou a ser preso pelos “crimes” de luxúria e perversão, enquanto, a poucas quadras de distância, um senador da República defendia sem medo a supremacia branca. Ou seja, os conceitos de crimes eram bem diferentes naquela época. E o filme mostra que, à sua maneira, Elvis também foi um ser político.

Elvis rebola quando todos querem que ele seja o “americano” perfeito e comportado.

 

“Quando as coisas são perigosas demais para serem ditas, cante”. Ele nem sempre disse, como seus conterrâneos Martin Luther King. Mas cantou, e cantou muito, com uma voz potente que não se perdeu nem quando ele próprio já tinha se perdido há muito. Arrebatou multidões sempre que foi ele mesmo. Fez um hit atrás do outro.

Esses hits também contribuem, claro, pra tornar este filme tão especial. Seria impossível se entediar, fossem em três horas de telona ou em dez, quando a trilha sonora é uma das melhores já feitas na história do rock (e do rhythm and blues). Está tudo lá: Suspicious Minds, I’m Coming Home, Hound Dog, Trouble, In the Ghetto, Shake, Rattle And Roll, Blue Suede Shoes, A Little Less Conversation, e tantas outras.

Além da trilha, roteiro, direção, atuações, a nota 10 também vai pra edição, pro design de produção, pro figurino impressionante, pra maquiagem que transforma Tom Hanks em outra pessoa, enfim, é um filmaço! Que siga contando esta história deste “fogo de artifício” que foi Elvis Presley por muitas futuras gerações.

‘Elvis’ foi indicado a 8 Oscars em 2023 (não venceu nenhum):

  1. Melhor filme do ano
  2. Melhor ator principal (Austin Butler)
  3. Melhor maquiagem
  4. Melhor som
  5. Melhor fotografia
  6. Melhor figurino
  7. Melhor edição
  8. Melhor design de produção

Assista ao trailer do filme ‘Elvis’:

 

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  2. Quase famosos
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  4. On The Road
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  7. Jersey Boys
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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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