Depois do prejuízo de bilhões, Petrobras recebe milhões da Lava Jato
Texto escrito por José de Souza Castro:
Foram entregues nesta sexta-feira à Petrobras, simbolicamente, R$ 204 milhões, referentes à Operação Lava Jato. O valor equivale a meio dia de produção da estatal, que registrou no terceiro trimestre deste ano prejuízo de R$ 16,4 bilhões, provocado, principalmente, por nova baixa no valor de ativos.
Conforme justificou a empresa, ao divulgar o balanço no dia 10 de novembro, a baixa nos ativos soma R$ 15,7 bilhões e refere-se a efeitos no aumento do risco país, do câmbio e da postergação de alguns projetos, com relação à última avaliação feita em dezembro de 2015.
Nada diz, no entanto, sobre os prejuízos causados pela própria Lava Jato que levou à postergação de alguns projetos e arruinou a reputação da Petrobras com o uso intensivo de vazamentos para a imprensa ao longo de dois anos.
Mas, em seu informe desta sexta-feira, como a desculpar a desproporção entre os dois números (R$ 204 milhões de devolução e R$ 16,4 bilhões de prejuízo em apenas três meses), a Petrobras afirma que já havia recebido anteriormente, em 2015 e 2016, cerca de R$ 450 milhões e que procura receber “um potencial de R$ 5,5 bilhões na Justiça referentes à Operação Lava Jato”.
Com boa vontade, podemos acreditar que a Petrobras, conforme seu presidente, Pedro Parente, “está tomando todas as medidas necessárias para a integral reparação dos prejuízos sofridos, inclusive com relação à sua reputação”. E que as desvalorizações de ativos que facilitam sua transferência à iniciativa privada não venham a se repetir.
Lembrando que, no terceiro trimestre de 2015, a Petrobras havia registrado prejuízo de R$ 3,759 bilhões, provocado também por baixas em valores de ativos. Talvez por tais baixas, em poucos meses conseguiu fechar a venda, por R$ 2,8 bilhões, de sua subsidiária integral Liquigás Distribuidora S.A.
A feliz compradora é a Companhia Ultragaz S.A., que já era a maior distribuidora de GLP do Brasil. Com a compra de uma empresa que está presente em quase todos os Estados brasileiros, a Ultragaz vai incorporar a seus ativos mais 23 centros operativos, 19 depósitos, uma base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados.
A Petrobras abriu mão de tudo isso, retirando-se do lucrativo setor de distribuição de gás liquefeito de petróleo. E já iniciou o processo de privatização, com a venda de 51% do capital votante, da BR Distribuidora, a maior do país na área de gasolina e diesel.
E la nave vá… Até agora, diz a “Folha de S.Paulo”, a estatal anunciou operações de vendas de ativos no valor de US$ 9,8 bilhões, o equivalente a 65% da meta estipulada para o biênio 2015-2016, e o “novo plano de negócios da companhia trouxe uma meta adicional, de US$ 19,5 bilhões, para o período entre 2017 e 2018”.
Tudo culpa, é claro, dos governos petistas que estraçalharam a empresa, como ouvi nesta sexta-feira no noticiário das 18 horas da Globo News.
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
Na Folha de S. Paulo, neste sábado (19/11) :
“A Petrobras negocia a venda de uma participação nas áreas mais cobiçadas do pré-sal –próximas aos megacampos de Lula e Sapinhoá– para o grupo francês Total.
A transação faz parte de um acordo de parceria estratégica anunciado pelas duas empresas em outubro e deve incluir também duas usinas térmicas e o aluguel de um terminal de gaseificação na Bahia.
O objetivo é concluir a operação ainda neste ano, colaborando para a Petrobras obter US$ 15,1 bilhões com a venda de ativos até dezembro. Esses recursos serão utilizados para reduzir o nível de endividamento da estatal.
Até agora, a Petrobras conseguiu US$ 10,7 bilhões ao se desfazer de empresas na Argentina e no Chile, ativos de distribuição e transporte de gás, a distribuidora Liquigás e o campo de Carcará.
Os campos em negociação com a Total ficam nos blocos BMS-9 e BMS-11 na Bacia de Santos –região considerada a jóia da coroa do pré-sal por incluir os dois maiores campos em produção no país.”
Mais aqui: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/11/1833589-petrobras-negocia-areas-no-pre-sal-com-grupo-frances-total.shtml
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