Amarildo e os desaparecidos da democracia

Ilustração: Beto Trajano
Ilustração: Beto Trajano

Ontem foi divulgado um documentário de 22 minutos sobre o desaparecimento de Amarildo de Souza, desde 14 de julho. Não é o primeiro documentário que é feito a respeito (este, por exemplo, foi divulgado em 29 de agosto).

Pessoalmente, não gostei de alguns trechos do vídeo. Mas vale só pela frase abaixo, saída da boca de Marcelo Freixo, logo no começo:

“O número de desaparecidos nos tempos de democracia é muito maior do que de desaparecidos na época da ditadura, e a gente não se dá conta. Porque, lamentavelmente, dignidade tem CEP numa cidade como o Rio de Janeiro, e, como esses desaparecidos são fundamentalmente pessoas pretas, pobres, moradoras de favela e de periferia, isso acaba ficando invisível, isso não entra nos noticiários, isso não entra na nossa preocupação. É como se não fosse um de nós.”

Quem quiser assistir, clique AQUI.

***

ATUALIZAÇÃO: Só agora vi que André Caramante trouxe um vídeo bastante impactante, mostrando policiais espancando dois jovens de 17 anos na delegacia de São Paulo. Vejam AQUI. (Lembram do “Estrebucha“? Também foi reportagem de Caramante.)


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

2 comments

  1. Lembrei numa aula da pós, semana passada, um caso em que dois homens desapareceram depois de serem abordados pela Polícia, na avenida Robert Kennedy (região Sul da capital paulista – http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/799260-pericia-confirma-que-carro-encontrado-e-de-amigos-desaparecidos-desde-sexta-em-sp.shtml). Ninguém nunca mais viu os sujeitos com vida . Os corpos apareceram meses depois. Demorou para a sociedade questionar o que tem sido feito de tanta gente, sob o aval dos nossos próprios governos.

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    1. Demorou quase 30 anos! E, mesmo assim, o questionamento ainda está muito concentrado em Amarildo, que virou um símbolo dos protestos de julho e cuja família agora ganhou apoio de globais, músicos, artistas, Paula Lavigne, Mídia Ninja etc (os executores do documentário em questão). Infelizmente, desde que Amarildo desapareceu, devem ter sido muitos os outros desaparecidos que não ganharam os mesmos holofotes e continuam à espera da indignação popular. Marcelo Freixo, que acompanha essas questões de perto há muitos anos e nos trouxe essa frase sábia e iluminada, com certeza teria números assustadores para nos apresentar a esse respeito.

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