De fazer inveja aos homens-bomba

Todos estão tentando entender de quem foi a culpa por uma tragédia tão grande como esta de Santa Maria. Os envolvidos ficam jogando a culpa uns para os outros. O acidente/crime acendeu um debate em todo o país. Estamos todos de olho em nossas boates, de nossas cidades. Elas são seguras? Têm saída de emergência? Extintor de incêndio? E os demais locais fechados de grande aglomeração? Lembro de duas matérias que fiz em que o Ministério Público se mostrou preventivo: quando pediu o fechamento da Igreja Mundial do Poder de Deus, que chegava a atrair 15 mil fiéis mesmo tendo capacidade para 8.040, e quando mandou vistoriar todos os túneis de São Paulo. Agora a Câmara estuda uma lei nacional que obrigue as boates e terem cuidados anti-incêndio, como já se obriga todos os lugares a terem rampas e vagas para pessoas com deficiência, por exemplo. Mas isso é para o futuro. E o acidente de Santa Maria, quem responderá por ele? O Corpo de Bombeiros e a prefeitura, que permitiram seu funcionamento? O Ministério Público? Os donos da boate? Ou o cara que soltou o fogo de artifício? O texto abaixo toma uma posição.

homem bomba

Texto escrito por Beto Trajano:

Existem poucos locais tão favoráveis a um atentado terrorista quanto uma boate. Os chamados inferninhos são ótimos lugares para não ir. Muita gente concentrada em um ambiente pequeno e abafado. É um cenário perfeito para um terrorista colocar em prática seu objetivo. Como agem os homens-bomba? Eles são piromaníacos e usam o poder da pólvora para tentar matar o máximo possível de pessoas em uma explosão, e se matam também.

O homem-bomba de Santa Maria – integrante de uma banda – não tinha a intenção de matar, mas de divertir uma multidão de estudantes.

O problema é que ele se esqueceu de combinar com os deuses da explosão. Então fez uma a baita cagada e misturou dois elementos, que exterminaram um número considerável de pessoas: pólvora e fumaça tóxica. O cara fez um ataque químico com um artefato e não carbonizou ninguém, nem dilacerou nenhum corpo. Saddam Hussein o contrataria na certa.

Na calada da madrugada, o terrorista do Rio Grande provocou a morte de jovens por intoxicação e esqueceu de se suicidar. Agora deve mofar na cadeia. Para mim, o rapaz que estourou aquele rojão é o único culpado.

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

4 comentários

  1. Pois é, eu também acho que foi uma imbecilidade terrível cometida pelo vocalista da banda – e, se não me engano, a tragédia na boate Cromagnon, em Buenos Aires, também foi causada por alguma pirotecnia em local similar à boate Kiss: fechado e superlotado.

    Eu acho que o rapaz esqueceu de combinar com os “deuses da explosão” e também com os proprietários do local. Será que era prática da banda ( ou do vocalista) fazer suas “pirotecnias” em palcos durante os shows? Os proprietários ou demais integrantes ( e empresário) da banda estavam cientes que o vocalista usaria um sinalizador naquele local?

    Como se vê, ainda estou tentando entender e há (muitas outras) dúvidas…

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    1. Pois é, dúvidas não faltam, Groo. Aqui em BH, em 2011, um piromaníaco de uma banda de pagode também causou a morte de 7 pessoas e deixou 300 feridos no Canecão Mineiro, em 2001. Sete foram condenados pelo crime, mas ninguém ainda foi preso. Das vítimas feridas, apenas uma conseguiu indenização — da prefeitura –, de R$ 400 mil.

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  2. A maldade humana não tem limites. Como aqui: [http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/cibercriminosos-exploram-tragedia-de-santa-maria-]

    “Como se não bastasse a tragédia que matou mais de 230 pessoas em Santa Maria-RS, o incêndio está sendo explorado por hackers. Algumas pessoas já estão recebendo e-mails que prometem vídeos e imagens do acidente, mas que na verdade são trojans que tentam roubar dados bancários do usuário.

    O alerta foi dado nesta terça-feira pela Kaspersky Lab. Segundo eles, a mensagem conta com um arquivo chamado “video.zip” anexo, que na verdade é um malware que redireciona os usuários para sites falsos de bancos. A empresa afirma que a primeira mensagem foi registrada na manhã de segunda-feira, com o título “Vídeo mostra momento exato da tragédia em Santa Maria no Rio Grande do Sul”.

    “Os cibercriminosos exploram a curiosidade dos usuários para disseminar trojans bancários e, assim, infectar e roubar o maior número possível de pessoas. Este tipo de ataque é muito comum em casos de grande repercussão e comoção social”, explica Fábio Assolini, analista de malware da Kaspersky.

    Além disso, a empresa alerta os usuários de redes sociais, prevendo que deverá haver potenciais ataques no Facebook em breve, também relacionados à tragédia de Santa Maria. Estes sites são conhecidos pela rápida disseminação de conteúdo e são ideiais para disseminação de links maliciosos. Assolini pede cautela ao usuário, que deve evitar clicar em links que prometem fotos ou vídeos da tragédia, mesmo que tenham sido enviados pelos seus contatos.”

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