O filme “Menino Maluquinho” completa 30 anos de lançamento agora em julho de 2025. Pensei que eu não teria mais nada a escrever sobre este filme, que fez parte da minha infância, depois de todos estes posts que já fiz:
- 2011: Memórias sobre a minha participação no filme, como a Julieta.
- 2012: Quando Hebe Camargo morreu, falei sobre o dia em que a conheci.
- 2015: Quando o filme fez 20 anos de lançamento, fiz um primeiro esforço de reencontrar todos os atores mirins e saber o que tinha acontecido com eles. Foi um trabalho de apuração bem longo e cansativo, mas o resultado ficou muito bom e virou matéria no jornal “O Tempo”, onde eu trabalhava na época.
- 2016: Conseguimos reencontrar parte da turma e registramos tudo em fotos e vídeo.
- 2018: Como foi assistir ao ‘Menino Maluquinho’ junto do meu filho
- 2020: De novo, entrei em contato com vários atores mirins para fazer uma matéria dos 25 anos do filme, que saiu no portal g1 e na TV Globo, onde eu trabalhava na época. Muitos que eu tinha encontrado cinco anos antes já não quiseram participar desta vez.
- 2022: Parte do elenco se reencontrou mais uma vez.
- 2024: Quando Ziraldo morreu, fiz uma pequena homenagem a ele.
Procurar de novo pelos atores mirins do elenco para saber deles 30 anos após o filme estava fora de cogitação para mim. Já tinha feito isso duas vezes e, na última, já percebi o desinteresse de muitos deles. Mas uma repórter do BHAZ quis fazer isso, e contou com minha ajuda para encontrar as pessoas, no que resultou em uma reportagem bem simpática – a única da imprensa mineira sobre o aniversário de um filme tão importante para a cidade, vale destacar –, ainda que incompleta, com muitos depoimentos faltando (senti falta especialmente de eles terem ouvido o diretor Helvécio Ratton).
Ou seja, eu ia passar por este mês de aniversário, pelo filme se tornando trintão, sem falar nada dele aqui no blog. Se não tivesse encontrado meu velho diário da minha infância.

Graças a ele, pude ler, pela primeira vez, minha memória sobre a participação no filme “Menino Maluquinho” do ponto de vista de quando eu era aquela criança de 9 anos de idade. Mais que uma memória, um relato a quente, já que o que eu escrevi ali tinha acabado de me acontecer.
Resolvi trazer aqui para o blog estes textos inéditos, para serem mais um tijolinho na construção dessa história sobre o que eu considero (suspeitamente, eu sei) o melhor filme infantojuvenil do Brasil.
Seguem os textos originais (apenas com algumas correções gramaticais e ortográficas que achei que valia a pena fazer), em quatro datas diferentes:
***
3 de junho de 1994
(…) Agora eu queria contar sobre o dia 17 de maio. Foi o dia que, eu estava fazendo…
Ah, aconteceu uma coisa maravilhosa, deslumbrante.
Tudo começou quando eu estava fazendo dever, aí mamãe ligou falando para eu ir depressa para o trabalho dela aqui pertíssimo. Eu fui, mas quero que tenha suspense, não vou contar para que fui.
À tarde fui fazer uma pequena entrevista num tal lugar e, no dia seguinte, dia 18 de maio, fui fazer um teste para ver se participo do filme, não interrompa, foi do filme sim, do filme “Menino Maluquinho”. À tardinha me ligaram falando para eu ir pra produtora urgente. Fui, e, e… tcham, tcham, tcham. Passei! Vou participar como Ju, Julieta!
Depois que eu passei não tive descanso. Só ensaios!
E hoje, dia 3 de junho, é folga e eu fui ao shopping e comprei roupas para a viagem que terei que fazer para o filme: em Tiradentes. E lá é frio! Então comprei um training, uma meia e uma boina (só que a boina não foi porque vou viajar e lá é frio, foi porque eu quis comprar) e comprei calcinhas novas.
Bom, por hoje é só. Torça por mim! Esqueci de dizer: no filme estou tendo contato com artistas famosos, como Patrícia Pillar etc. Até recebi uns autógrafos:

***
22 de setembro de 1994
Nossa, meu diário, passou tanta coisa!
Eu já acabei minhas gravações, acredita? Mas eu conto tudo.
Minha primeira gravação foi a de brincadeiras na rua, foi tão legal!


Depois a do ônibus escolar, a de dentro do ônibus (que gravou no parque), a da escola, a do pátio da escola e, por fim, a de Tiradentes.
Você sabia? Eu fui para a cidade de Tiradentes gravar lá (uma cidade histórica). Gravei lá um jogo de futebol, gravei no cemitério e gravei numa mesa na casa dos avós do Menino Maluquinho.
Lá em Tiradentes, nos dias de folga eu aproveitava para passear. Um dia, eu andei de maria-fumaça. É tão bom, faz um barulho assim: fiiiiiu, tum, tum, tum, tum, tum…
Eu fiquei na pousada do Largo, é tão desorganizada! Fica em frente a uma pracinha, onde eu, a Carolina, Samuel (menino maluquinho), Tiago (Lúcio), Samuel (Junim), Caio (Herman), João (Bocão), Fernanda (Nina), Camila (Shirley Valéria), os gêmeos Raul e Rafael (Tô Aqui e Tô Ali), Felipe (Bruce Lee), Bernardo (Toquinho), Jair (Branca de Neve), João (Surubim) e só, nós brincávamos na pracinha em frente à pousada que eu fiquei.

(…) Lá em Tiradentes tinha outras pousadas, tinha o Porão Colonial, que tinha piscina e algum pessoal da produtora ficava hospedado lá e pagava pra gente nadar. (…) A gente foi para lá numa quinta, uns voltaram domingo de manhã e voltaram para Tiradentes segunda à noite. Na noite de domingo, nesse meio tempo, eu passei mal e vomitei. Como a Eliane (moça que toma conta da gente) tinha ido para BH, a Rose (substituta da Eliane) me ajudou.
Teve um dia que foi o aniversário do Caio (Herman). Foi uma diversão só! Teve bolo (não comi), sombrinha de chocolate, balas, doces e muito mais! (…) Outro dia teve a festa do Bocão (João), foi super legal, eu comi, tirei fotos e brinquei muito. (…)
Hoje faz umas duas ou três semanas que estou em BH e já acabaram minhas gravações. (…)
***
23 de julho de 1995
(…) No dia 29 de junho teve a pré-estreia do filme Menino Maluquinho, para onde fui toda chique de vestido azul escuro. Isso foi no Cine Nazaré Liberdade. Estavam lá toda a turma do filme, minha família, os artistas famosos, a produção, Ziraldo e várias outras pessoas.
Eu adorei o filme e recomendo para você ir ver. Está passando em quatro cinemas em BH, oito no Rio e sete em São Paulo. Na primeira semana, 100 mil pessoas viram o filme nessas três cidades. Está o maior sucesso! Em todos os jornais o conceito é ótimo ou bom! Vá conferir! (…)
***
9 de outubro de 1995
Hoje estou em São Paulo, mas explicarei por quê: há duas semanas a secretária da Hebe Camargo (importante apresentadora de um programa no SBT) me chamou para dar uma entrevista na semana da criança (só hoje!). Saí de BH de avião para vir a SP! (…)
O menino maluquinho já estava acostumado a dar entrevista ao vivo, por isso estava tranquilo, mas eu nuca dei e por isso fiquei meio insegura. Mas antes de eu entrar no palco, a Simone (secretária do programa) nos acalmou um pouco.
Entrei de mão dada com o Samuel, tremendo de frio!
Chegando, assentei no sofá da Hebe e respondi às perguntas dela com o Samuel. No fim das perguntas, a Angélica (como a Xuxa, a Angélica é apresentadora de um programa só dela e canta) [terminou sem fim, mas quis dizer que ela entrou no palco]. (…)
Bom, acho que já deu, rs. Quatro relatos do ponto de vista da Cris de 9 e 10 anos: de quando fiz o teste e passei, de como foram as gravações em BH e Tiradentes, de como foi a estreia do filme e de como foi ser entrevistada (não falei no diário, mas lembro de ter achado bem ruim essa experiência na Hebe). As reticências são trechos longuíssimos em que eu falava de outras coisas que não têm a ver com o filme, por isso tirei deste post.
Este provavelmente será o último post que farei sobre o filme aqui no blog. Não tenho mais nada a falar dessas memórias de um breve período da minha vida, entre 1994 e 1995. Foi um período interessante, diferente, meio mágico, mas já não tenho mais o que falar a respeito. Esta descoberta desse velho diário foi a última “novidade” que encontrei para compartilhar.
Espero que tenham gostado :-*
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Eu gostei muito de reler aqui o seu diário, Cris. E, claro, do filme.
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Que bom 🙂 Também adoro o filme 🙂
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Mami, eu amei esse post e depois quero continuar a ler esse seu diário, hem
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Vamos continuar sim 😀
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