10 dicas para tornar a hora do para-casa mais leve

Menino fazendo o para-casa, dever de casa, homework, tarefa, atividade escolar. Foto: Annie Spratt / Unsplash.
Foto: Annie Spratt / Unsplash.

Muitas mães e pais sofrem (literalmente) quando os filhos vão fazer o dever de casa. Como podemos tornar essa atividade mais tranquila para todos? Compartilho o que funcionou por aqui!

*Texto atualizado em setembro de 2023

Começou mais um ano letivo e, com ele, para muitas famílias, começam as batalhas com o “para-casa“. Esse termo é mais usado aqui em BH, mas no resto do Brasil pode ser chamado de dever de casa, tarefa, atividade escolar, trabalho de casa (homework), e assim por diante.

Seja qual for o nome, o relato de muitos pais – e especialmente mães, porque tudo sobra para elas – é quase de filme de terror. Um pesadelo, uma guerra, uma briga, uma luta. Adjetivos assim são comuns.

O Luiz começou a fazer para-casa no ano passado, quando entrou no primeiro ano do Ensino Fundamental. E a verdade é que tem sido muito tranquilo aqui em casa, ao menos na maioria das vezes.

Então, como já fiz em outras ocasiões, resolvi compartilhar neste post algumas sugestões que deram certo por aqui e que podem funcionar também em outras famílias. Espero que sim! 😉

Dicas para tornar o dever de casa (ou para-casa) mais tranquilo

1) Garanta o melhor espaço

Logo que o Luiz começou o primeiro ano, com a novidade das tarefas de casa, ele fazia na mesa da sala. Estava tudo bem, não era um espaço ruim, nada disso. Mas, em março, aproveitei minhas férias para instalar a velha escrivaninha da família no quarto dele, e ela virou “o espaço” para ele fazer o para-casa.

Ficou se sentindo todo importante! A concentração aumentou muito naquele período também. O espaço adequado, com os materiais escolares também adequados, tornam tudo mais fácil. Pense nisso logo que os deveres começarem a chegar e eleja um lugar fixo para fazê-los.

Luiz fazendo para-casa na escrivaninha em março de 2022, logo que colocamos ela em seu quarto.
Luiz fazendo para-casa na escrivaninha em março de 2022, logo que colocamos ela em seu quarto.

Atualização em setembro de 2023: Hoje em dia o Luiz voltou a preferir a mesa da sala, por ser mais espaçosa que a escrivaninha. Sem problemas: o importante é haver um espaço fixo, confortável, onde possa ser colocado todo o material necessário à disposição 😉 Se ele tiver que mudar depois de um tempo, é só se adaptarem!

2) Dê autonomia a seu filho/filha!

A segunda dica que eu dou é esta, que considero a mais importante de todas.

No primeiro ano de escola do Luiz, a diretora falou, em uma das reuniões com os pais, que devemos dar apoio aos filhos na hora do para-casa.

Mas dar apoio não significa ter que fazer todas as atividades ao lado dele/dela. No meu entendimento, significa muito mais estar disponível para tirar todas as dúvidas, explicar as coisas, elogiar, apontar correções, pedir capricho etc.

Na reunião do início do segundo ano, a coordenadora do Fundamental e a professora voltaram a reforçar: os pais podem ajudar, mas não devem ficar ao lado do filho o tempo todo durante o para-casa. As crianças precisam se acostumar a fazer sozinhas na maior parte do tempo.

Eu estimulo o Luiz a fazer seu para-casa sozinho o máximo possível por 3 principais razões:

  1. Porque ele fez melhor quando faz sozinho. Não enrola, se concentra mais. No fim, vai lá e me mostra como ficou, para eu fazer todas as considerações de que falei antes.
  2. Porque acho bom incentivar a independência para algumas coisas desde cedo. Isso evita uma dependência desnecessária à medida que as exigências forem se tornando mais complexas.
  3. Porque lá na minha família eu e meus irmãos sempre fizemos para-casa sozinhos e ninguém tem trauma por causa disso 😉

3) Respeite o processo

É claro que essa autonomia que eu citei no item anterior não é uma coisa repentina, mas um processo. Não deixei ele largado para fazer o para-casa sozinho logo na primeira semana, ou primeiro mês. Mas procurei ir incentivando essa autonomia aos poucos, ao longo do ano.

Hoje, no segundo ano do Fundamental, ele já sabe que tem que fazer o para-casa sozinho. Às vezes ainda fico com ele, inclusive para aproveitar nosso tempo juntos, mas a ideia é que ele só me pergunte na hora que bater uma dúvida.

4) Respeite o tempo do seu filho/filha

Vai ter dias que sua criança vai estar mais carente, querendo uma ajuda mais próxima. E tudo bem.

Não negue essa ajuda, não negue ficar ao lado dela na hora do para-casa inteirinho, de vez em quando. Isso ajuda a evitar conflitos. E ela própria vai perceber que não é todo dia que precisará. Dê tempo ao tempo.

5) Tudo bem dar uma mãozinha

A professora do ano passado do Luiz disse isso uma vez e achei muito válido: se a criança pedir ajuda para colorir o para-casa, por exemplo, tudo bem. A ideia não é fazer o para-casa por ela (na verdade, defendo a autonomia completa, como falei logo de cara), nem ficar entregando respostas mastigadas, evitando que ela pense sozinha.

Mas não tem problema dar uma mãozinha extra num dia ou outro, quando a criança estiver cansada, por exemplo, ou forem vários desenhos para colorir. Também podemos ajudar organizando o espaço para ela, por exemplo, pegando o estojo etc. O importante é que ela perceba o para-casa como uma atividade que pode ser prazerosa, e não uma tortura.

6) Crie rotinas, estimule o hábito

Assim como temos hora para o almoço ou para ir dormir, é importante ter hora para o dever de casa também. Qual a melhor hora? Vai variar de acordo com a rotina de cada família. Aqui em casa já foi à noite, depois da aula, no início deste segundo ano foi pela manhã, e agora em setembro o período noturno voltou a se consolidar como o favorito. Mas o ideal é que exista uma rotina, que ajude a transformar o para-casa em um hábito para a criança, e não algo que você precise ficar lembrando ela de fazer.

Dentro dessa rotina vai entrar naturalmente o tempo de duração do para-casa também, mas é importante que ele não seja rígido demais, até porque existem atividades que exigem mais tempo do que outras. Lembre-se: você não quer que sua criança associe o para-casa ou qualquer atividade escolar a um suplício. Para ela deve ser algo interessante.

7) Faça ajustes, se necessário; seja flexível

Será que sua criança está ficando irritada com o para-casa por estar fazendo em algum momento do dia em que já está muito cansada? Tente encontrar soluções e fazer ajustes na rotina citada no tópico anterior, para ver se funcionam melhor dessa outra forma. Seja abert@ para a flexibilidade.

Como eu já disse, por aqui já experimentamos os dois turnos do dia para fazer o para-casa: de manhã e à noite. Acabamos preferindo de vez fazer à noite, depois da aula, porque o Luiz gosta de ter as manhãs livres para brincar e ver TV. Faça experiências para ver o que funciona melhor na rotina de vocês 😉 

Luiz fazendo para-casa em março de 2022. No começo, fazia sempre à noite, depois da aula. Neste ano está preferindo fazer de manhã, no dia seguinte, porque à noite já está muito cansado.
Luiz fazendo para-casa em março de 2022. 

8) Dar autonomia não significa abandonar a criança

Quero que meu filho saiba fazer seu para-casa da melhor forma possível, e sozinho, mas isso não significa deixar ele sem nenhuma assistência.

Sempre que ele termina o para-casa, peço que leve para mim, para eu ver como ficou. Mostro a ele eventuais errinhos, converso com ele sobre alguns tópicos abordados, faço elogios sobre suas respostas legais, ou sobre a letra cursiva tão linda, ou sobre o capricho com o colorido (ou pergunto por que não coloriu desta vez).

E, durante o para-casa, ele também sabe que pode aparecer com suas dúvidas. Elas existem, são reais, tem coisas que são difíceis mesmo, que ainda não aprenderam muito bem. Tem que ter paciência para explicá-las. É comum o Luiz aparecer para me perguntar como escreve uma palavra, por exemplo. Ele não quer errar. E tudo bem, eu explico. Ele não sabe ainda, está aprendendo.

Acompanhe sempre a execução do para-casa, esteja abert@ para tirar eventuais dúvidas durante essa execução, mostre-se disponível para sua criança. Isso tornará o processo mais leve.

9) Posso recompensar meu filho?

Eu acho que o para-casa deve ser visto como uma responsabilidade que a criança deve assumir na condição de estudante. Portanto, não faz sentido dar um “prêmio” por um término de para-casa.

Mas nada impede de essa tarefa entrar na lista de “metas diárias” que a criança deve cumprir, e que podem render, por exemplo, estrelinhas (falo sobre isso em outro post).

Uma estrelinha funciona como um abraço afetuoso de parabéns, um elogio sincero, um carinho: tudo isso pode incentivar a criança a cumprir com sua responsabilidade, que é algo sobre o qual ela ainda está aprendendo a respeito.

Quadro de metas com estrelinhas para crianças
Você pode colocar uma meta como “fazer o para-casa sem enrolação” e dar estrelinhas para cada dia. Foto: CMC / blog da kikacastro

10) Conclusão (e um pouco sobre os empurrõezinhos de cada um)

Já falei sobre isso ao longo do post, e reforço aqui: cabe a nós estimular que nossos filhos vejam as atividades escolares como algo interessante, um momento de aprendizado, e não como uma tortura.

Não vou dizer que sempre consigo fazer isso. Meu filho muitas vezes reclama que o para-casa é “a hora mais chata do dia”. Entendo que as escolas talvez tenham que rever essa didática, tentar tornar essas atividades mais prazerosas, fazer com que conquistem mais os alunos. Mas não cabe a mim mudar isso.

Então, dentro de casa, o que temos que fazer é tentar tornar esse momento mais leve, seja fazendo ajustes na rotina, seja nos colocando à disposição para ajudar, e até mesmo dando uma mãozinha com os coloridos, por exemplo.

O importante, no meu entender, é que todo esse processo seja feito paralelamente a estimular que a criança tenha autonomia e aprenda que a responsabilidade de fazer o para-casa é dela, apenas (e que, se não fizer, pode receber uma reclamação da professora por isso).

Você conhece seu filho melhor do que ninguém: descubra a melhor forma de dar esse empurrãozinho.

Meu filho já é bastante independente por natureza, o que ajuda muito. Mas às vezes ele fica na preguiça, diz que não quer fazer para-casa naquele dia. Eu respondo: “Tudo bem, então você não faz hoje. Mas vai ter que ouvir a reclamação da sua professora por não ter feito.” Eu falo isso porque sei que ele não gosta de ficar “mal na fita” com as professoras. Sempre funciona (nem que demore uns minutinhos de enrolação primeiro).

Ou então eu só digo, sutilmente: “Vamos, Luiz, que tal fazer logo o para-casa para ficar livre e ter a manhã todinha de folga amanhã?”. Ou ainda: “Deixa eu ver. Olha, o para-casa hoje tem até cruzadinha, que legal! Faz ele aqui [ajudo organizando a mesa, trazendo o estojo etc] e, qualquer dúvida, você me chama, tá?”.

Enfim, são os empurrõezinhos que a gente vai falando, de maneira que:

  • estimule a execução da atividade
  • torne o processo o mais autônomo possível
  • traga alguma leveza para o momento.

Lembre-se: seu filho ainda terá muuuuitos anos de para-casa pela frente, durante toda a vida escolar! É importante tornar esse hábito o melhor possível já nos primeiros anos, para que não vire um problemão lá na frente.

É isso! Espero que essas dicas possam ser úteis. Se você tiver alguma coisa legal para compartilhar e que funciona na sua casa, coloque nos comentários do post 😉

Menino fazendo o para-casa (homework), dever de casa, em foto vista de cima. Foto: April Walker / Unsplash
Foto: April Walker / Unsplash

Outros aprendizados sobre maternidade que compartilhei aqui no blog:

Outras dicas legais para quem tem criança em casa:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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