Vale a pena assistir na Netflix: Reunião de Família (Family Reunion)
2019-2022 | 44 episódios em cinco temporadas, com 25 a 33 min. cada | nota 8
“Reunião de Família” é oferecido para nós como uma série de comédia. E, realmente, ela tem vários momentos engraçados (o episódio em que eles viajam de Seattle para a Georgia é hilário!), mas não foi esse lado cômico que mais gostei nessa série.
O que mais gostei e me fez querer acompanhar de perto a família McKellan foi a forma como eles nos inserem no universo das pessoas negras e esfregam na nossa cara todas as injustiças que existem por conta, exclusivamente, do racismo.
Ou seja, de uma maneira leve, abordam um assunto duríssimo – mas que todos, sem exceção, deveriam conhecer (e pensar a respeito e combater).
Tem o episódio, por exemplo, em que um policial branco racista amedronta as crianças negras da família e as acusa de estarem roubando as casas da região. (E são as pessoas negras que mais vão parar nas prisões.)
Tem aquele outro em que a médica branca racista não escuta os lamentos da mãe no parto, e ela quase morre. (E são as mulheres negras que mais morrem no sistema de saúde.)
Tem outro episódio que mostra como uma família branca racista roubou uma terra de outra família negra. (E são inúmeros os casos de terras roubadas de negros nos Estados Unidos e pelo mundo afora.)
E assim por diante. A série trata ainda de relacionamento inter-racial, colorismo, ancestralidade, etarismo, e outros temas mais corriqueiros, como amor, adolescência, pais e filhos, família etc.
Claro, existem muitas diferenças entre o tipo de racismo praticado nos Estados Unidos e o que é praticado aqui no Brasil – e a história dos negros lá e cá. Mas, de toda forma, é uma série bastante didática, inclusive com episódios inteiramente dedicados a contar a história real de personalidades importantes nessa luta antirracista, como Martin Luther King e Maya Angelou.
Vale dizer que nem todos os episódios são sobre isso. Tem aqueles sobre a competição de dança do Shaka ou sobre o grupo vocal comandado por Mazzi, por exemplo. Mas a temática permeia todos os momentos da série, simplesmente porque 95% dos personagens são negros, e não se furtam de fazer os comentários ou observações valiosos (ou sarcásticos) a respeito das situações mais absurdas de suas rotinas.
Às vezes nem precisam falar nada: até as camisas que usam já são bem eloquentes.
A única coisa que me incomodou um pouco nesta série foi a insistência em tratar de temas religiosos, até porque um dos personagens, o patriarca da família, é pastor. Não somos religiosos na minha família, e achei alguns episódios um pouco chatos, por isso – e por isso tirei dois pontinhos da minha nota final. Mas são poucos.
No geral, gostei tanto que eu e Luiz assistimos a tudo de cabo a rabo, e terminamos rapidinho de ver todas as cinco temporadas, depois sentindo saudades daqueles personagens tão carismáticos – Moz, Cocoa, Jade, Shaka, Mazzi, Ami, M’Dear e Jeb. Mesmo tendo classificação indicativa de 10 anos, achei que o Luiz tinha maturidade suficiente para assistir, e acho que ele ganhou um grande aprendizado com tudo o que viu e ouviu.
Que todos possam ver “Reunião de Família” e, além de se divertir e rir nos momentos cômicos, possam também aumentar a vontade de lutar por um mundo antirracista.
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sinto que não entendo antirracismo tanto quanto deveria. é uma questão que eu preciso ir atrás pra ontem, considerando que me digo de esquerda e busco não reproduzir racismo (mas sei que, talvez, possa fazer sem nem ter noção disso).
vou dar uma procurada nessa série, não só por isso, claro, mas porque parece interessante como um todo!
beijinhos.
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É um assunto novo e importante pra todos nós, Maria! Ainda temos muito o que aprender, né? Um livro que achei bem didático foi o Pequeno Manual Antirracista, da Djamila Ribeiro: https://kikacastro.com.br/2024/01/05/pequeno-manual-antirracista. Depois me conta se gostou da série 😉 Bjos!
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