‘Já Fui Famoso’: um filme sobre amizade, inclusão, maternidade, superação (e muito mais)

Cena do filme 'Já Fui Famoso', ou 'I Used to be Famous', da Netflix.
Cena do filme 'Já Fui Famoso', ou 'I Used to be Famous', da Netflix.

Vale a pena ver na Netflix: JÁ FUI FAMOSO (I used to be famous)
Nota 9

A Netflix lançou neste mês de setembro um dos melhores filmes de produção própria que já vi por lá.

É um filme emocionante, com momentos de drama, mas mesclados com humor, com dois personagens protagonistas extremamente cativantes, cada um à sua maneira.

De um lado, Vince, um ex-popstar de uma “boy band” que estourou no início dos anos 2000. Hoje, passados 20 anos, ele sonha em retornar aos palcos, mas não consegue emplacar nada. Na verdade, ele mal tem o que comer.

De outro, temos Stevie, um adolescente autista que é excelente percussionista e acaba cruzando a vida de Vince, literalmente, no meio da rua.

Entre os dois, temos ainda uma terceira personagem, Amber, a mãe de Stevie, que é superprotetora e vai desempenhar um papel muito importante na amizade dos dois.

Sim, porque, apesar da diferença de idade, apesar de Vince já ter sido superfamoso, apesar da neurodiversidade de Stevie, os dois vão, aos poucos, se tornando amigos.

Cena do filme 'I Used to be Famous', Já Fui Famoso, da Netflix.
Vince e Stevie em cena do filme “Já Fui Famoso”.

Para mim, este é um filme, sobretudo, sobre amizade.

Mas é também um filme sobre inclusão, sobre superação, sobre saber deixar os fantasmas do passado pra trás (os fantasmas tristes e também os bons), sobre maternidade, sobre liberdade. Sobre até que ponto a fama é benéfica, sobre a pressão na vida dos jovens, sobre o fim da adolescência, sobre família e lealdade.

É um filme sobre tanta coisa bacana, que faz a gente pensar e se encantar e querer chorar tantas vezes, que até surpreende que seja um filme só.

Mas é, sobretudo, como eu já disse, um filme sobre amizade. Sobre como estar aberto para a amizade pode salvar vidas. Pode recuperar pessoas que pareciam irrecuperáveis.

E já antecipo: tanto Stevie salva Vince quanto Vince salva Stevie. É uma via de mão dupla, em que o carinho e o respeito mútuos só fazem bem para todos ao redor.

Do lado de cá da tela, vemos as transformações acontecendo, e isso sempre dá um quentinho no peito. Mais ainda nesses tempos sombrios que estamos vivendo, em que quem pensa diferente, quem é diferente, não tem vez. Em que o atual presidente da República chegou a dizer e repetir e repetir de novo que as minorias têm que se curvar à maioria.

Não. As minorias têm que ser respeitadas, apoiadas, têm que ter oportunidades. E assim elas não só florescem como ainda ajudam todos os seu redor a florescerem também.

Leo Long, o ator que interpreta Stevie, além de também ser multi-instrumentista, é, ele próprio, autista. Ele mostra, com sua atuação tão doce e tão interessante, o quanto a indústria cinematográfica (e todas as outras) deveria abrir mais espaço para outros que têm a mesma condição. Todos saem ganhando com isso – especialmente o espectador.

Além dele, temos as belas atuações de Ed Skrein, que faz Vince, e de Eleanor Matsuura, que faz Amber.

E temos as cenas com pessoas que nem são atores e que também são neurodiversas. E elas arrasam: a cena da garotinha cantando “What a Wonderful World” mexe até com o público mais frio.

A direção é de um novato, Eddie Sternberg, que já demonstra uma sensibilidade acima da média. Ele também assina o roteiro e é dele a preocupação de preencher o filme com uma trilha sonora forte do início ao fim. Em uma entrevista, ele citou como referência Cameron Crowe, diretor do já clássico “Quase Famosos“. Já podemos esperar um bom diretor e roteirista surgindo com mais boas histórias por aí em breve!

Assistam a “Já Fui Famoso”. Vocês vão ver como a música pode mudar as pessoas, exatamente como descreve a canção “Feel the Change”, da trilha.

E vocês também sairão da sessão mudados, eu prometo.

Assista ao trailer do filme:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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