A Revolução da Rapadura

Texto escrito por Beto Trajano:
A rapadura é um doce simples, produzida em alguns pontos do interior de Minas, que remete a tradições de séculos atrás, da época da colonização do país. É feita da cana, matéria-prima da tradicional cachaça mineira. Às vezes passa despercebida em lojas, mercados, bares e restaurantes.
Porém, é muito apreciada até hoje, a ponto de ter provocado uma verdadeira revolução. Sim, é isso mesmo o que está acontecendo no mais frequentado self-service na região onde moro: a Revolução da Rapadura.
Até pouco tempo, o restaurante oferecia de cortesia, após o almoço, chá, café e uma deliciosa rapadura. Ficava perto do caixa, bem abaixo de um quadro de sugestões. Todos os clientes, de forma quase que espontânea, antes ou depois de pagar a conta, aproveitavam a iguaria. E o café com rapadura virou tradição, sem que os donos percebessem.
Mas, com o tempo, não só os humanos, mas também outros visitantes indesejados descobriram a vasilha de doces: as abelhas. E os insetos frequentadores do ambiente foram aumentando. O tempo passava, e o número de abelhas crescia em volta daquela mesinha.

Um belo dia chegou um enxame — mais de cinquenta insetos invadiram o restaurante. Foi uma confusão danada e, na disputa com os seres humanos, as abelhas enfurecidas atacaram os clientes. Por sorte, ninguém era alérgico e não ocorreram casos de gente hospitalizada.
Os donos do lugar tiveram que tomar uma medida drástica, que provocou a revolução. E, de um dia para o outro, o pote de rapadura sumiu. Junto com ele, as abelhas, mas elas deram lugar a reclamações, que começaram imediatamente. Uma crise foi gerada. Em tempos de reclamações por falta de wi-fi, a causa da vez foi a eliminação da cortesia ancestral.
O quadro de sugestões começou a ser tomado por pedidos pelo retorno da rapadura. Todos os dias ele é apagado e, ao fim do horário de almoço, as reclamações voltam a ocupar todo o espaço. Os donos não sabem o que fazer.
Enquanto isso, a hashtag #voltarapadura está nos trending topics do restaurante.

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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
HEHEHE! Rapadura é minha sobremesa preferida!
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Delícia 😀
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De vez em quando, aos domingos, almoço num restaurante da rua da Bahia, quase esquina da Av. do Contorno, no Santo Antônio. Lá também é oferecida rapadura com café, depois da refeição. Fica no alpendre da casa, bem ao alcance das abelhas. Mas elas não aparecem. Talvez porque a rapadura fique dentro de um pote de vidro bem arrolhado. Os fregueses, em geral velhos (nos domingos) gostam de rapadura e são bem educados: mantêm o vidro fechado. Quem sabe seu restaurante da rapadura não encontre aí uma solução para o problema?
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Pensei nisso tb! 😀
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