Se dirigir, não mande WhatsApp

Foto: Pixabay

Há algumas noites, eu estava na calçada da av. Nossa Senhora do Carmo, esperando o sinal de carros fechar para poder atravessar. Comecei a observar os carros. Todos com apenas uma pessoa dentro, o motorista. Comecei a observar os motoristas. E fiquei escandalizada com a constatação: 90% deles estava dirigindo com o celular na mão. Metade falando e a outra metade — choque total! — digitando enquanto dirigia.

O que me chocou foi a banalização e frequência desse grave crime de trânsito. Falar ao celular enquanto dirige deixou de ser exceção, virou a regra. Motorista antenado com o que se passa no trânsito, concentrado apenas em dirigir, este sim é exceção das exceções.

Também me chocou que metade daqueles que seguravam um celular estava digitando enquanto dirigia. Digitar é algo que toma muuuuita concentração, nosso cérebro mal consegue fazer outra coisa enquanto se ocupa de escrever. Mas lá estavam aquelas pessoas, numa noite qualquer, pilotando máquinas mortíferas sem olhar por onde andavam.

Segundo ESTA reportagem, “um estudo do Departamento de Trânsito e Segurança nas Estradas dos Estados Unidos (NHTSA) aponta que o uso de dispositivos móveis ao volante aumenta em até 400% o risco de acidente”.

A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) fez as contas: “um condutor desconecta-se da direção desde o toque inicial de uma ligação no celular. Em média, leva-se de quatro a cinco segundos para fazer o contato com o aparelho já desbloqueado – ou seja, se o carro estiver a 100 Km/h, são 120 metros dirigindo sem visibilidade da via.”

Para este neurocientista norte-americano ouvido pelo jornal “Zero Hora”, digitar no trânsito é tão perigoso quanto beber.

Justamente levando isso em conta, no final do ano passado a multa para quem usa celular enquanto dirige aumentou 125%, passando de infração média para gravíssima.

Não dá para banalizar desta forma o uso do celular, minha gente! Minha amostragem não foi nada científica: fiz apenas uma breve observação do trânsito enquanto esperava minha vez de atravessar. Mas já acendeu um alerta muito forte em mim, que eu não poderia deixar de compartilhar com vocês. Lembrei desta campanha que a Abramet lançou em 2012, e que se faz cada vez mais necessária:

Será que na geração dos nossos filhos quem dirigir enquanto “envia um zap” será tão recriminado quanto são hoje aqueles que dirigem bêbados?

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

2 comments

  1. É perigosíssimo usar o telefone enquanto se dirige, mas infelizmente ninguém é multado, mesmo, e vai continuar sendo assim.
    Pior foi outro dia em que tinha um carro da polícia civil na minha frente, fui ultrapassá-lo e vi o motorista, policial, com o celular na orelha. Quase gritei um comentário, mas achei melhor não.

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