As Stars Hollow de Minas

Quem nunca pensou em morar numa cidadezinha, em algum momento da vida?
Eu adoro morar na capital, em uma cidade com boa infraestrutura e quase tudo de que preciso, mas, vez por outra, preciso me refugiar em alguma rocinha para descansar de um jeito que em Beagá eu não consigo. Ir para o sítio, a Serra do Cipó ou algum mato qualquer, onde dê para enxergar mais estrelas durante a noite, menos prejudicadas pelo excesso de luzes no chão.
Quando chego nessas cidades, fico encantada com a tranquilidade, com a sensação de que todos se conhecem, com o artesanato local, com as comidas deliciosas e simples, com o preço mais barato de tudo. As pessoas se cumprimentam mais, são mais cordiais, menos apressadas. Há um outro ritmo, outros passos para a vida.
Mas logo sinto necessidade de me acelerar de novo e voltar à minha rotina frenética.
Fico me perguntando se um dia, quando eu tiver me aposentado, vou querer me esconder em um desses recantos pacatos. Se sim, vou buscar a lista de possíveis cidades para morar nesta reportagem AQUI, que fala das 156 cidades mineiras que não tiveram nenhum homicídio registrado em cinco anos, segundo os dados do Mapa da Violência.
Ajudei a fazer a matéria e, enquanto procurava as fotos dessas cidades, me espantei com a tranquilidade que existe até nas imagens. A padaria chama só “padaria”, o casamento é um evento local que lota a igreja, a iluminação da pracinha é amarela, há pessoas sentadas nos banquinhos das praças, namorando ou conversando — e uma infinidade de belezas naturais.
Todas elas, com cerca de 4.600 habitantes em média, lembram a cidade fictícia de Stars Hollow, do meu seriado favorito, “Gilmore Girls”, onde a graça da vida está fundamentalmente nas pessoas, nos doidinhos e estranhos, e nos festivais locais, que mobilizam todo mundo. Também me lembram as cidadezinhas que eram cenários dos livros de Agatha Christie — onde, curiosamente, os piores assassinatos aconteciam.
Pode ser que o mundo da ficção seja melhor do que a realidade que eu encontraria nesses refúgios, mas, pelo menos, tenho certeza que lá não ouvirei o barulho de britadeiras em todas as esquinas. E passarinhos são muito mais inspiradores do que marteladas de obras, então é possível que, morando lá, eu finalmente encontre um jeito de escrever meu livro. Quem sabe quando eu me aposentar…
E você, tem um refúgio favorito? É uma dessas cidades da reportagem?
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
Pelo que te conhecemos do blog, acho que você nunca vai ter coragem de se aposentar!
Pode até tentar, mas no primeiro evento importante que acontecer nas imediações de onde estiver vai sair correndo com seu bloquinho/tablet/gravador para fazer a cobertura, aí depois disso vai escrever para alguma publicação… e como eventos importantes sempre acontecem em todos os lugares… rs
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hehehe, pior que é verdade! 😛
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eu também dizia isto: quando me aposentar vou fazer alguns passeios, viajar, ir para uma roça, a um cinema, ler, etc. etc. Mas poucas coisas consigo fazer, levantar um pouco mais tarde. A realidade é tão desafiante que não dá para só cuidar da gente. Deixei algumas atividades e me engajei como voluntária numa ONG (PROMOVENDO),que apoia grupos de geração de renda solidária e profissionalização. SE ALGUÉM QUISER APOIAR A ORGANIZAÇÃO é só me comunicar e poderei dar informações.
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É verdade, tudo pode mudar quando a gente chega no futuro, né? 😉
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Agente sempre tem uma cidade refugio…nao importa qual o nome na realidade…
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Qual é a sua? 🙂
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Boa pergunta… Pois ai falar uma corremos o risco de descobrirmos novos refugios… 😉
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Corrigindo: de deixar de descobrir novos refugios…
Sds Cara Kika
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