Blues ficamos nós

Não vá ao cinema para ver: BLUE JASMINE

Nota 5

bluejasmineOs filmes de Woody Allen costumam ter ao menos duas coisas muito boas: diálogos inteligentes (como em Dirigindo no Escuro, que me fez doer a barriga de rir) ou algum problema ou situação — inteligentes — que nos faz pensar. Todos os últimos filmes que assisti dele — Vicky Cristina Barcelona, Melinda e Melinda, Scoop, Match Point — tinham sacadas intrigantes ou pelo menos personagens cativantes, como em Meia Noite em Paris.

Assim, fui assistir a Blue Jasmine, indicado ao Oscar por seu roteiro, com grandes expectativas. E o que encontrei não foi nem uma boa história, nem uma boa personagem e, muito menos, bons diálogos.

O filme transcorre lento, num vaivém temporal modorrento e sem grandes intrigas, com diálogos rasos como um pires de cerâmica. Ao brincar com o passado e o presente, o diretor nos faz esperar por um final surpreendente, alguma grande revelação. Ela até ocorre, mas é tão previsível, esperada e banal, que parece mais um anticlímax.

Só não leva nota pior que este 5 porque a premissa ainda é boa. A mulher ricaça, que ocupava o tempo organizando jantares para as outras socialites, e de repente se vê mais pobre que a irmã — que sempre foi pobre –, a ponto de precisar pedir abrigo a ela. O problema que Allen nos coloca é como será esse choque de realidade para a madame, que de repente terá que trabalhar e estudar — pelo menos até encontrar outro marido rico. Ela vai mudar ou vai ser a mesma de sempre? Como vai afetar a relação com a irmã? Pena que o roteiro não avance muito no mundo de possibilidades que poderia surgir dessa premissa original.

O filme também concorre ao Oscar de melhor atriz e atriz coadjuvante, pela atuação das duas irmãs, a rica (Cate Blanchett) e a pobre (Sally Hawkins). Embora sejam boas atrizes e convincentes em seus papéis, acho que nenhuma das duas merece ou vai levar o prêmio.

“Blues” ficamos nós, felizes apenas com tanta Blue Moon na trilha sonora, uma das músicas mais bonitas que há.

Leia sobre outros filmes do Oscar 2014:

 


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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