Todo mundo respeita os outros no metrô (ao menos nos comentários)

Foto do Danilo Verpa, publicada na Folha de 11/4/2012. Mais flagrantes que ele fez: http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/7210-boas-maneiras-no-metro

Hoje saiu uma matéria minha sobre a falta de “gentileza urbana” (termo bem propagado nos ônibus de Beagá) nos metrôs de São Paulo. A ponto de um sujeito que não deixou o outro passar na escada rolante ter provocado uma discussão, que acabou envolvendo cinco passageiros e levando a pânico generalizado e interrupção de uma linha por 20 minutos na segunda.

Como metrô é algo que todo mundo pega e como todos já foram alvo de ou provocaram esses pequenos desrespeitos, a matéria gerou uma porção de comentários.

Hoje li cada um deles. Achei bacana porque a maioria acrescentou algo, já que todos já tiveram uma experiência desse tipo com o metrô. E a maioria estava indignada com a superlotação, mas também com a falta de educação dos demais usuários. Só fiquei me perguntando se todos ali seguem direitinho as regras para tornarem a convivência no transporte público mais pacífica… Espero que sim.

Em meio aos comentários interessantes (porque a melhor coisa de fazer uma matéria jornalística é ter acesso às impressões que ela gerou, receber feedback e, muitas vezes, descobrir pautas novas a partir do que os outros comentam), mais uma vez, me horrorizei com uma minoria de comentaristas que se aproveita do anonimato da internet para destilar preconceito e ofensas generalizadas. Já falei disso aqui antes, mas é algo que continua a me assustar.

Vejam três:

“Quem escuta pancadão no celular, dentro dos trens do Metrô, tem mais é que levar uma surra mesmo. Outro problema, é o bando de mendigos, vindo de outros estados, que emporcalham nossa cidade.”

“depois que jogaram o povão, usuários de ônibus, que passaram a utilizar o metrô graças ao bilhete único, o nível dos usuários caiu muito. Antes, somente os verdadeiros paulistanos, tranquilos e apreciadores de uma boa leitura, é que utilizavam este meio de transporte. Atualmente, me assusta quando vejo o povo que lá está.”

“Ultimamente uma enorme parte da população fez ascenção de classe principalmente para a C,mas se esqueceram que numa sociedade não é só ter dinheiro que é bonito. Educação seria em primeiro lugar.O Estado agora está tentando mostrar o que voces deveviam ter apreendido em casa.”

Eles culpam os pobres pela falta de educação, como se uma coisa fosse ligada à outra. Denunciei os três comentários para os moderadores do jornal apagarem assim que possível. Infelizmente essas minorias prejudicam os bons debates que, felizmente, a gente tem em maior quantidade com todos esses canais de comunicação que existem hoje.


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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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