Delegado, ex-deputado: veja quem foi preso na operação da PF contra corrupção na mineração em MG

Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva em operação da Polícia Federal contra corrupção bilionária na mineração em Minas. Fotos: Reprodução
Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva em operação da Polícia Federal contra corrupção bilionária na mineração em Minas. Fotos: Reprodução

Leio na Revista Fórum que a Polícia Federal em Minas iniciou na manhã desta quarta-feira, dia 17, a chamada Operação Rejeito, visando a desarticular uma organização criminosa responsável por crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro na área de mineração.

Mais tarde, na Globo News, ouvi do jornalista André Trigueiro que a notícia caiu como uma bomba no governo Romeu Zema (Novo), que vinha desmontando órgãos de fiscalização da atividade minerária.

A Justiça Federal em Minas emitiu 79 mandados para buscar, prender e bloquear bens no valor de R$ 1,5 bilhão que teriam sido obtidos pela organização criminosa. Pessoas nomeadas por Zema para altos cargos foram atingidas.

Informou a Fórum que a PF cumpriu 22 mandados de prisão. Dentre os presos, o empresário Gilberto Henrique Horta de Carvalho, ligado ao deputado federal mineiro Nikolas Ferreira, que atuava como lobista político do grupo criminoso.

“Na megaoperação”, continua a Fórum, “a PF prendeu ainda o delegado Rodrigo de Melo Teixeira, ex-superintendente da instituição em Minas Gerais, que ganhou projeção nacional em 2018, quando conduziu as investigações sobre o atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora”.

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Segundo a investigação, o grupo teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração, com a finalidade de obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas. Assim, poderiam explorar minério de ferro em larga escala, inclusive em locais tombados e próximos a áreas de preservação.

Além do lucro calculado em R$ 1,5 bilhão, a investigação identificou projetos vinculados à organização criminosa com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões.

As operações do grupo criminoso, conforme a PF, eram coordenadas por meio de um grupo de WhatsApp chamado “Três Amigos Mineração”.

O coordenador geral seria Alan Cavalcante do Nascimento, que distribuía a propina. O ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages atuava como relações institucionais, fazendo articulação política da quadrilha. O diretor técnico era Helder Adriano, que elaborava projetos e coordenava as operações junto aos órgãos ambientais.

O amigo de Nikolas Ferreira, Gilberto Carvalho, seria o articulador político na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para exercer pressão sobre órgãos ambientais. Ele se definia nas redes sociais como “empresário, cristão e de direita”.

No Instagram, ele ostentava vida de luxo e compartilhava fotos dos amigos poderosos, como Nikolas Ferreira, Bruno Engler, Jair e Eduardo Bolsonaro. E posava em festas do Partido Liberal de Belo Horizonte, sempre ao lado de Nikolas.

A Justiça Federal determinou o afastamento da função pública das seguintes pessoas:

A Revista Fórum dá a lista praticamente completa dos afastados da função pública, dos que sofreram busca e apreensão, e das empresas com atividades suspensas.

São muitas. Eu, que já escrevi tanto aqui sobre falcatruas na atividade mineradora em Minas, só posso estar feliz de, finalmente, vê-las expostas.

***

Lista dos principais alvos da Operação Rejeito, da PF

Clique nos links para mais informações sobre cada um deles.

  1. Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM). É advogado especialista em direito ambiental
  2. Guilherme Santana Lopes Gomes, ex-diretor da ANM
  3. Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder do grupo criminoso
  4. João Alberto Paixão Lages, sócio de Alan na mesma empresa e articulador do esquema, segundo a PF
  5. Helder Adriano de Freitas, sócio de Alan em empresa mineração e apontado como articulador com servidores públicos e representantes de órgãos ambientais para manipular processos de licenciamento
  6. Rodrigo de Melo Teixeira, delegado da Polícia Federal de Minas Gerais. Ex-diretor de Polícia Administrativa, da cúpula da PF entre 2023 e 2025. Ex-superintendente da PF em Minas. Apontado como gestor oculto das empresas Gmais e Brava e envolvido em negociações ilegais e uso indevido da PF
  7. Breno Esteves Lasmar, diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF)
  8. Fernando Benício de Oliveira Paula, membro do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam)
  9. Fernando Baliani da Silva, diretor de Gestão Regional da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM)
  10. Gilberto Henrique Horta de Carvalho, consultor ambiental, lobista e intermediário de propinas
  11. Felipe Lombardi Martins, do núcleo administrativo, encarregados dos saques e transporte de valores, pagamentos de vantagem indevida a servidores públicos, segundo a PF
  12. Jamis Prado de Oliveira Júnior, do núcleo administrativo, encarregados dos saques e transporte de valores, pagamentos de vantagem indevida a servidores públicos, segundo a PF
  13. Rodrigo Gonçalves Franco, ex-presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM)
  14. Leandro César Ferreira de Carvalho, servidor da ANM, que já tinha sido exonerado do cargo de gerente regional após outra operação da PF
  15. Arthur Ferreira Rezende Delfim, diretor de Apoio à Regularização Ambiental da FEAM e responsável por assinar licença
  16. Hidelbrando Canabrava Rodrigues Neto, sócio da Brava e articulador de corrupção

Fontes desta lista: g1, CNN e Fórum, além dos outros veículos linkados.

Como comprar o livro Sucursal das Incertezas, de José de Souza Castro, do blog da kikacastro.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

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