Os filmes de animação indicados ao Oscar 2025: resenhas e trailers

Conheça as 5 animações indicadas ao Oscar 2025, algumas disponíveis no streaming, e veja os trailers

Neste ano, talvez pela primeira vez, consegui assistir a todos os filmes de animação indicados ao Oscar antes da cerimônia.

Vi “Divertida Mente 2” ainda em julho do ano passado – e adorei. Dei nota 9 a ele, escrevendo: “Eu ri, gargalhei, me emocionei, chorei. De novo.”

Três meses depois, vi “Robô Selvagem” e fiquei encantada também. Dei outro 9 e escrevi que ele “é um forte candidato ao próximo Oscar de animação, ao lado do popular ‘Divertida Mente 2′”. Concluindo com meu próprio sentimento: “Vai dar trabalho à torcida”.

Neste ano, assisti aos outros três: o também ótimo “Memórias de um Caracol” (o único que não é próprio para crianças, dos cinco), o simpático “Wallace & Gromit: Avengança” e o lindo, mas mais sonífero, que vi por último, que é o “Flow“.

A seguir, veja mais informações e o trailer de cada uma dessas cinco animações, na minha ordem de preferência:

Robô Selvagem

Vale ver: Robô Selvagem (The Wild Robot)
2024 | 1h42 de duração | Classificação: Livre | nota 9 | Tem no Prime Video para alugar ou comprar

Acho que, dos cinco, este foi meu favorito. E também é o único com outras duas indicações, por sua belíssima trilha sonora e na categoria de melhor som.

A premissa do filme é a seguinte: o que um robô inteligente faria em meio à natureza, à vida selvagem? O que ele aprenderia se só interagisse com animais, em vez de humanos?

Roz, a robô protagonista deste filme, tem uma incrível capacidade de aprendizado. É machine learning em seu ápice. Ao se encontrar naufragada em uma ilha isolada, em pouco tempo ela consegue aprender a língua de todos os animais, e se comunicar com eles. Essa é a parte fácil, no entanto. A interação, o relacionamento, a lei dos mais fracos e mais fortes, a traição, a amizade, o amor: tudo isso que existe de tão complexo neste mundo é a parte difícil.

A robô Roz e seu filhote de ganso adotado: maternidade é tema principal do filme "Robô Selvagem".
A robô Roz e seu filhote de ganso adotado: maternidade é tema principal do filme “Robô Selvagem”.

Mas a robô se sai bem, apesar de alguns tropeços. Os tropeços são o que arrancam nossas risadas no filme, a parte trapalhona da comédia. Os acertos são o que nos emocionam.

Logo no início, Roz se vê às voltas com a criação de um filhote de ganso. O que era, inicialmente, apenas uma tarefa a cumprir (como seria varrer uma casa ou podar um jardim), torna-se, aos poucos, o pleno exercício da maternidade. O filme passa a ser, assim, uma espécie de fábula da maternidade humana: entre erros e acertos, Roz tenta fazer seu melhor pelo filho, assim como nós, mães, fazemos com os nossos.

Senti neste filme uma verdadeira homenagem ao exercício hercúleo de criar um serzinho para o mundo, protegê-lo dos perigos, dar amor, abrigo e, ao mesmo tempo, independência para ele.

Para além desse roteiro, que já é incrível, toda a animação é linda. A arte enche nossos olhos, com aquela mescla da ultratecnologia futurista à natureza bruta. Uma criação absolutamente humana em choque com um mundo sem qualquer traço dos homens. O trailer abaixo dá um gostinho desse capricho visual.

O filme já foi indicado a 118 prêmios e venceu em 66 deles.

Assista ao trailer de Robô Selvagem:

Divertida Mente 2

Vale ver: Divertida Mente 2 (Inside Out 2)
2024 | 1h36 de duração | Classificação: Livre | nota 9 | Disponível no Disney+

Como escrevi sobre o primeiro filme, de 2015, trata-se de “um dos roteiros mais filosóficos da Disney”. Sem dúvida, é uma animação mais bem compreendida pelos adultos do que pelas crianças – estas se divertem bastante com os personagens inusitados, representando sentimentos, mas somos nós que vivemos aquelas fases do crescimento e nos identificamos com cada um dos perrengues descritos.

Os personagens do filme Divertida Mente 2: Tédio, Vergonha, Inveja, Ansiedade, Alegria, Nojo, Raiva, Medo e Tristeza.
Os personagens do filme Divertida Mente 2: Tédio, Vergonha, Inveja, Ansiedade, Alegria, Nojo, Raiva, Medo e Tristeza.

E este filme, assim como o outro, aborda uma miríade de assuntos complexos: o crescimento, o amadurecimento, o autoconhecimento, a autoafirmação, a construção da identidade, a construção das convicções pessoais, a amizade, o medo de rejeição, a solidão, a insegurança, além do funcionamento do cérebro, das memórias e dos sonhos.

Como tratar de assuntos tão difíceis em um curto espaço de tempo, numa animação com classificação indicativa livre, que também seja palatável para crianças pequenas? Eis a jogada de mestre deste filme, que mexeu tanto comigo como, por exemplo, “Viva: a vida é uma festa” (nota 10), “Soul” (9) e “Up” (9). Crescer é difícil mesmo – e nem sempre vai ser divertido.

O filme já foi indicado a 100 prêmios e venceu em 4 deles.

Assista ao trailer de Divertida Mente 2:

Memórias de um Caracol

Vale ver: Memórias de um Caracol (Memoir of a Snail)
2024 | 1h35 de duração | Classificação: eu colocaria 14 ou 16 anos | nota 8 | Disponível neste site, legendado

Memórias de um caracol é um filme muito tocante sobre como a vida pode ser literalmente um filme de terror e, mesmo assim, ser possível seguir em frente. Não é um filme para crianças: tem cenas de alcoolismo, drogas, sexo, fora as várias mortes que permeiam a história da protagonista Grace. Se eu fosse classificá-lo, colocaria indicação de pelo menos 14 anos.

Grace e seu irmão gêmeo Gilbert têm uma vida de tragédias, a começar pela morte da mãe, durante o parto. Mas não vou descrevê-las, para não dar spoiler. O que posso dizer é que são muitas-muitas tragédias e virar uma colecionadora (na verdade, acumuladora) de caracóis torna-se uma espécie de refúgio para Grace.

Grace é a protagonista de Memórias de um Caracol, e acumula itens que tenham a ver com caracóis.
Grace é a protagonista de Memórias de um Caracol, e acumula itens que tenham a ver com caracóis.

Mas, ainda assim, terminamos de assistir com a sensação de que nada é tão ruim que não possa se solucionar de alguma forma. Como disse a querida idosa Pinky (que me lembrou a Luiza, que conheci aos 14 anos):

“A vida só pode ser compreendida de trás pra frente, mas só podemos vivê-la seguindo em frente. Os caracóis nunca voltam sobre suas trilhas. Sempre seguem em frente. (…) Lembre-se, nunca, nunca volte atrás.”

Quando tudo está péssimo, é preciso apenas seguir em frente. E em frente, e em frente. Uma hora essa trilha tortuosa pode enveredar em algum ponto ensolarado.

É um stop-motion simpático, que deveria ser assistido por todos os adultos que chegaram ao fundo do poço. Vocês não estão sós.

O filme já foi indicado a 68 prêmios e venceu em 12 deles.

Assista ao trailer de Memórias de um Caracol:

Wallace & Gromit: Avengança

Vale ver: Wallace & Gromit: Avengança (Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl)
2024 | 1h22 de duração | Classificação: 10 anos | nota 7 | Tem na Netflix

Tirando o título horrível que deram para este filme em português, com um trocadilho infame, que eu sempre esqueço, a história é muito legal e a animação também é ótima.

Mas não chega a ser um filme para o qual eu daria um Oscar, sabe? É divertido, o roteiro é bem bolado, mas, perto dos três anteriores, está muito aquém. É engraçada a comparação com Robô Selvagem, por exemplo, que também aborda a temática da tecnologia, e notar o quanto aquele filme é muito mais poético e sensível do que este.

Wallace & Gromit: Avengança

Não por acaso, dos cinco que concorrem a melhor animação, ele foi o que recebeu menos troféus até o momento. O filme já foi indicado a 48 prêmios e venceu em 6 deles.

Assista ao trailer de Wallace & Gromit: Avengança:

Flow

Vale ver: Flow (Straume)
2024 | 1h25 de duração | Classificação: Livre | nota 6 | Ainda não está no streaming

Chego, por fim, a este que considero o pior dentre os cinco candidatos a melhor animação do Oscar. É o único que não está no streaming até o momento, então assisti em uma sessão de cinema meio conturbada, cheia de crianças pequetitas que não paravam de narrar as cenas, aos gritos, talvez sentindo falta de diálogos no filme.

Sim, é um filme inteirinho sem nenhuma fala. Apenas os animais da história falam em suas respectivas “línguas”: o gato mia, os cães latem etc. No começo isso é interessante, mas, passados alguns minutos, achei que foi ficando muito entediante – na verdade, fiquei morrendo de sono. Além disso, a trama não é das mais emocionantes, pouca coisa realmente acontece, e as cenas são meio repetitivas.

Cena do filme "Flow"

A nota não é mais baixa porque a parte estética do filme é LINDA. A animação é caprichadíssima, principalmente ao mostrar a água (como bem diz o nome, a história é sobre uma inundação e como esses animais sobrevivem a ela, unindo forças) e a luz do sol. Nesse sentido, me lembrou o brasileiro “O Menino e o Mundo“, para o qual também dei nota 6 na época.

O filme da Letônia conseguiu a proeza de competir também em uma segunda categoria do Oscar (de melhor filme internacional, assim como nosso Ainda Estou Aqui). Ele já foi indicado a 75 prêmios e venceu em 46 deles.

Atualização em 3/3/2025: foi o filme vencedor de melhor animação, a maior injustiça desta edição do Oscar.

Assista ao trailer de Flow:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, escritora, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1, TV Globo, O Tempo etc), blogueira há mais de 20 anos, amante dos livros, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Autora dos livros A Vaga é Sua (Publifolha, 2010) e (Con)vivências (edição de autor, 2025). Antirracista e antifascista.

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