Carta ao meu filho Luiz, 9 anos

Querido Pic Pic, meu querido Luiz,

Escrevo esta cartinha pouco depois de ter passado uma manhã inteirinha com você. Fomos fazer uma coisa que você não curte muito, porque tem medo: tomar vacina. Mas, como sempre, você logo percebe que a seringa é pouco mais que uma “picadinha de mosquito”, e que o medo é que fazia ela ficar muito mais assustadora do que era de verdade.

Leia também: Carta para o Luiz aos 8 anos, aos 7 anos, aos 6 anos, aos 5, aos 4 e aos 2.

Já estava rindo, brincando, e querendo band-aid da Patrulha Canina, pouco depois de voltarmos do posto de saúde. E aí fomos almoçar seu prato favorito (strogonoff) e depois passear pelas estantes da Livraria Leitura, que você ama, mesmo quando não vou comprar nenhum livro (como hoje).

Depois fomos andando até sua escola, e você passou por uma passarela pela primeira vez (na verdade, já tinha passado outras vezes, mas não se lembrava). E ficou impressionado ao ver a avenida e os carros de tão alto, e eu falei: “Tudo com você é uma aventura, né, filhinho? Até passar por uma passarela!”.

Na verdade, também acho que repeti pela milionésima vez uma das coisas que eu mais te digo: como AMO sua companhia…! Adoro passar a manhã todinha com você, embora isso seja raro em dias úteis como hoje. Só nas férias ou quando acabei de pedir demissão, como agora.

Mas adoro também te buscar na escola à noite e voltar a pé com você, juntinhos, conversando sobre como foi o dia, quem aprontou o quê, quem foi parar na sala da coordenadora, quem estava chato ou legal. Adoro sentar no sofá na hora do lanche e ficar vendo a série da vez ao seu lado (que já tem sido Carrossel há 92.367.123 dias, hehehe).

Neste ano, como o papai teve que viajar toda semana por causa das aulas do mestrado, a gente inventou de fazer um passeio toda quarta-feira à noite. E assim fomos parar em sessões absolutamente vazias de cinema, em um parque de diversões que nem sabíamos que existia, em uma feira de exposições leiteira e conhecemos, juntos, todas as luderias da cidade.

E eu não me cansava de dizer: como é BOM curtir a sua companhia! Em cada minutinho que posso. Porque você é o melhor filho do universo, mas também é a melhor pessoa: alegre, engraçado, cantarolante, inteligente, conversador, alto-astral, bom coração, parceirinho.

Luiz, eu e papai Beto diante do famoso Prédio Azul, da série "Detetives do Prédio Azul", que o Luiz ama! — *Luiz, eu e papai Beto diante do famoso Prédio Azul, da série “Detetives do Prédio Azul”, que o Luiz ama!*

Neste ano, como você bem reparou, eu cheguei em casa várias vezes muito cansada, ou chateada, ou simplesmente mal-humorada. Isso quando não adoeci, porque foi um dos anos em que mais adoecemos aqui em casa. Mas você sempre-sempre foi compreensivo: “Hoje você está triste, né, mamãe? Não precisamos passear hoje, se não quiser”.

E é assim que você chega aos 9 anos de idade. A melhor criança do mundo, o melhor companheirinho e o melhor filhinho. E eu fico querendo aproveitar cada minutinho, cada segundinho que posso junto com você, cada oportunidade de maratonar uma série ou inventar um passeio novo ou só ficar na mesa da sala jogando “Scotland Yard”.

Na verdade, minha vontade era congelar esses momentos, pra ver se duravam pra sempre, ou ter um jeito de transformá-los naquelas bolas de memória do filme “História Sem Fim”, ou do “Divertida Mente“, pra conseguir acessar a lembrança a qualquer momento. Como não posso, às vezes me pego sofrendo um tantão, por antecipação, prevendo o momento em que você vai prescindir da minha companhia, simplesmente porque terá crescido – e eu sei que esse momento está para chegar, sei que isso é natural, e sei que tudo ficará bem, mas ainda assim fico ansiosa antes da hora.

A uma semana do seu niver, você fez sua primeira viagem sozinho, sem mim ou papai. Tudo bem que era ali em Lagoa Santa, quase uma extensão de Beagá, mas passou o dia todo fora e fiquei com um apertinho no peito, morrendo de saudades. Mas faz parte, e estamos te criando para ser este menino independente e sociável que você é, cheio de amigos, de ideias e opiniões, um poço de criatividade.

Por falar em criatividade, você continua dando asas à sua, “fazendo arte” quando menos esperamos, seja juntando com cola-quente a sucata encontrada em casa, seja sentando no computador e criando animações incríveis no Canva, seja gravando áudios enormes que vão se transformar em seu segundo livro.

*Luiz ganhou de presente de niver um patins e está encantado, já ferinha na patinação com poucas horas de prática.*

Desejo a você, em mais este ano de vida, que você continue amando ser criança (aproveitando estes últimos anos de infância ao máximo!), continue imaginativo e inventivo, continue morrendo de rir das minhas brincadeiras (“que bom que você saiu do trabalho e voltou a ficar piadista, mami”), continue companheirão, nos momentos mamãe-filhinho e em todos os outros, e continue este menino incrível, de bom coração, bom humor, falante, alegríssimo e compreensivo. Ah sim, e com muuuuuita saúde (por isso a gente vacina, né, meu amor?), pra doença nenhuma atrapalhar nossos momentos especiais! ❤

Feliz aniversário!

Te amo infinito,

Mami Cris

**************************

Antes que o dia dê seu último grito,

registro brevemente meu amor infinito,

por este menino tão doce e bonito.

São 9 anos desta criança incrível,

Nove anos desta experiência indizível,

Tem como definir? Impossível!

Luz que nos ilumina: este é o Luiz.

Alguém que veio pra nos deixar mais feliz.

E que me tornou uma eterna aprendiz.

Meu companheirinho de todas as horas,

Os dias passam voando, os anos, as prosas!

O jeito é saber desfrutar sempre só o agora.

Obrigada, Pic Pic, só por existir.

Obrigada por ser, viver, pensar, sentir.

Obrigada pelo que foi e pelo que há de vir.

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