Nos últimos dias, fiz duas críticas de mídia no LinkedIn que deram muita repercussão. Juntas, no momento em que escrevo, já tinham alcançado mais de 4 mil pessoas.
Como acho que o assunto interessa aos leitores deste blog – e sou do tempo em que a função do ombudsman era muito valorizada, pela importância de os jornais fazerem autocrítica para sempre buscarem as melhores práticas –, resolvi trazer os dois posts para cá. Veja a seguir.
Post do dia 25 de outubro:
Um acordo bilionário, pra reparar a maior tragédia ambiental da história do Brasil, com atraso de quase uma década, envolvendo dois estados e a União, além de três mega mineradoras, e não só NÃO é a manchete como não tem UMA linha sobre na home do g1. Mas tem matéria sobre coxinha e chips da beleza…
Na home da Folha aparece no milésimo scroll, beeem depois do guia de Halloween e de uma matéria mesclando horóscopo e sexo. O jornalismo morreu mesmo ou eu que já devia ter ido desta para uma melhor? 😜
Post do dia 30 de outubro:
Outro dia comentei aqui sobre o Acordo de Mariana, bilionário, historicamente importante, de interesse nacional, e que tinha sido relegado ao NADA na home do maior portal do país, o g1. Hoje é o dia do julgamento dos assassinos de Marielle, também histórico, também de interesse nacional, e a manchete agora é o incêndio em um shopping no centro de São Paulo. Incêndio que, OK, tem imagens fortes, vai gerar um prejuízo, e tal, mas não foi nenhuma tragédia (duas pessoas socorridas por inalar fumaça) – é uma notícia LOCAL.

Lembro que, no auge da pandemia, quando a preocupação nacional era com vacina etc, o g1 manchetou o fechamento do Parque Ibirapuera. Esta foi uma crítica que sempre fiz aos meus colegas no período em que trabalhei lá, e agora faço sem estar trabalhando, porque acho que críticas podem ser construtivas: o g1 não se entende como um portal de notícias nacional, ele tem a mentalidade totalmente paulistana – talvez muito pelo fato de que toda a chefia seja nascida e criada na capital de SP. Inclusive dei esse exemplo do Ibirapuera para eles na minha única visita à sede. (O que me leva a outro ponto: como é importante termos diversidade nas redações, como elas enriquecem o olhar e a entrega final para o leitor). Não, não me interesso muito pelo incêndio. Um paralelo: se pegasse fogo no Shopping Oiapoque, aqui em BH, com NENHUMA vítima, estaria na manchete do g1? 🤔
Quando trabalhei na Folha de S.Paulo, fiz uma crítica parecida a eles, que, embora tenham o “S.Paulo” no nome, sempre miraram um público nacional. Levei a eles: Minas Gerais é o segundo Estado que mais lê vocês e a Folha é o segundo jornal mais lido em Minas (na época). E, no entanto, não sai uma linha sobre Minas na Folha. Isso não faz sentido, nem em termos estratégicos, de negócios mesmo.
Que essa reflexão chegue aos meus colegas que trabalham ainda hoje na Folha e no g1: olhem para o todo, meus amigos, saiam da bolha paulistana. Diversifiquem seu cardápio. Todos vão ganhar: os leitores e vocês 😉
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Pois é. Depois de semanas de críticas dos leitores, a nova Ombudsman da Folha de S. Paulo fez neste domingo uma crítica ao jornal que a emprega. Até agora, era a pior da longa série de Ombudsman desse jornal que vem piorando a olhos vistos. Por última, ele entrou como um dos patrocinadores de um evento caça níqueis de Dória em Londres.
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A Folha já teve muito ombudsman ótimo, né. Uma das minhas favoritas, enquanto estive lá, foi a Suzana Singer. O Mario Magalhães também era excelente.
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