‘O Culpado’: relativizando as certezas e a boa-fé

Jake Gyllenhaal é o protagonista do filme 'O Culpado'.
Jake Gyllenhaal é o protagonista do filme 'O Culpado'.

Vale ver na Netflix: O Culpado (The Guilty)
2021 | 1h30 de duração | Classificação: 14 anos | nota 8

Este é o segundo longa a que assisto com Jake Gyllenhaal em que ele praticamente segura cada minuto de filme. O primeiro foi em “O Abutre“, de 2014, com quase duas horas de um Jake mais magro diante de nós, mexendo em nossas feridas. E agora temos uma versão mais forte e estressada, em cada um dos noventa minutos de filme.

Repito o que eu já disse antes: não entendo como Jake Gyllenhaal só teve uma indicação ao Oscar.

Este “O Culpado” se passa em uma única sala fechada, onde os policiais – inclusive o protagonista Joe Baylor – atendem às ligações de emergência do 911 (como o nosso 190 da polícia brasileira). É um único ambiente, um único personagem interagindo com figurantes que, em sua maioria, aparecem apenas com suas vozes. E, ainda assim, tão enxuto, o roteiro e a atuação de Jake seguram.

Relembre outros filmes de ambiente único:

A gente, literalmente, não consegue desligar até o fim, vivendo a mesma tensão do policial, a partir do momento que ele recebe uma chamada de uma mulher, Emily, relatando ter sido sequestrada pelo ex-marido. É como se estivéssemos na mesma ligação, numa extensão do telefonema, participando de tudo.

E, embora seja um filme simples (levou apenas 11 dias para ser gravado), ele, de novo, coloca o dedo em algumas feridas, como “O Abutre” tinha feito. Quem é herói – o policial ou o bandido? E quando, mesmo quando queremos apenas ajudar, acabamos fazendo uma grande besteira?

Qual o limite da boa-fé?

É uma história para mostrar que não existem certezas absolutas, que estamos todos sujeitos ao imponderável do “não é bem assim”. Enfim, um filme que deveria ser visto por todos os justiceiros de plantão, esses que sempre têm certeza de que estão certos e que estão “extirpando o mal do mundo”.

O bom e o mal, tudo é relativizado nesta breve saga do policial Joe.

“O Culpado”, leio agora, é uma adaptação de um filme dinamarquês lançado apenas três anos antes – “Culpa“, que chegou a ser bastante premiado. Pelo que entendi, gostaram tanto do original que a Netflix comprou seus direitos, entregou a direção para o experiente Antoine Fuqua e deu o papel principal a uma estrela. Infelizmente, acabou passando batido, talvez engolido pela primeira versão.

Mas, certamente, o remake não tem nenhuma culpa disso…

Assista ao trailer do filme ‘O Culpado’:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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