Vale a pena assistir: TRIÂNGULO DA TRISTEZA (Triangle of Sadness)
2022 | 2h27 de duração | nota 8
Fazia tempo que eu não via um filme com uma crítica social tão mordaz. Acho que desde “Parasita“, o grande vencedor de melhor filme do ano, no Oscar de 2020.
Aqui temos um filme dividido em três partes. A primeira, sobre o casal Carl e Yaya, interpretado pelos excelentes atores Harris Dickinson e Charlbi Dean (que morreu pouco depois do filme, aos 32 anos).
A segunda, sobre o mesmo casal e outros passageiros em um cruzeiro de altíssimo luxo. Não são ricos como os que a gente conhece. São riquíssimos daqueles que dão um Rolex de presente para uma mulher só porque ela tirou uma foto para ele. Gente da indústria dos fertilizantes ou das granadas de mão.
A terceira e última parte, que é a mais interessante, se passa em uma ilha deserta, com alguns dos passageiros daquele iate.
A crítica social começa na segunda parte, quando vemos a forma como os ricaços se comportam diante dos empregados do cruzeiro, mas culmina na terceira parte, quando ocorre uma importante inversão de papéis sociais (e quem passa a ocupar o poder acaba se apropriando dele de maneira bem despótica).
Mais que isso acho que não vale falar, para não estragar as surpresas do filme.
Assim como no cruzeiro, o elenco também é formado por atores e atrizes de vários lugares do mundo. O inglês e a sul-africana que fazem o casal de modelos, mas também a filipina Dolly de Leon, o croata Zlatko Buric, a alemã Iris Berben, a dinamarquesa Vicki Berlin, o francês Jean-Christophe Folly e o sueco Henrik Dorsin. O único famoso desse elenco bem variado é o americano Woody Harrelson, veterano de filmes como Três Anúncios Para um Crime e Assassinos por Natureza.
O diretor, que agora concorre nesta categoria e também por seu roteiro original, também foge do mainstream. É o sueco Ruben Östlund, que eu não conhecia. O filme ainda recebeu uma terceira indicação de peso no Oscar deste ano, na categoria mais importante, de melhor filme do ano. Isso depois da “responsa” de ter ganhado a Palma de Ouro em Cannes.

Os problemas do filme Triângulo da Tristeza
O que me fez tirar dois pontos da nota final foi que, ao terminar de ver o filme, minha primeira sensação foi de que uma história SENSACIONAL tinha sido desperdiçada pela forma com que Östlund escolheu para contá-la.
Antes de mais nada, o filme poderia ser mais curto. Quando já tinham se passado as duas primeiras partes, 90 minutos inteiros, começou a terceira parte (a melhor, diga-se) e vi que ainda faltava UMA HORA inteira, quase caí para trás.
Isso, para mim, é um erro de edição. Se temos um roteiro interessantíssimo, que nos deixa pensando por vários dias, uma direção bem feita, um elenco ótimo, mas a história cuuuusta a passar, é porque faltou uma edição mais ágil das cenas.
Outro erro, eu acho, foi o da trilha sonora, que bateu muito na tecla da geração de angústia e tensão. Teria sido muito mais divertido se o filme explorasse seu lado satírico, inclusive na trilha. Mas os diretores atuais parecem pensar que as histórias precisam ser uma provação para o público para serem levadas a sério.
Enfim, faltou um pouco mais de leveza. O filme é definido como comédia e drama, e tem todos os elementos dos dois gêneros, mas a comédia foi bem menos explorada, e de forma muito menos hábil, do que o drama.
Uma mexida na edição final e na trilha já tornariam este filme nota 10, daqueles que a gente vê e quer rever e rever de novo. Mas, do jeito como está, uma única vez foi suficiente para mim.
‘Triângulo da Tristeza’ foi indicado a 3 Oscars em 2023 (não venceu nenhum):
- Melhor filme do ano
- Melhor direção (Ruben Östlund)
- Melhor roteiro original (Ruben Östlund)
Assista ao trailer do filme Triângulo da Tristeza:
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