
Texto escrito por José de Souza Castro:
Desde 2016, a floresta amazônica brasileira se tornou emissora de carbono.
Ou seja, em vez de absorver CO2, como vinha fazendo desde o governo petista – cerca de 1,5 bilhão de toneladas de dióxido de carbono por ano, o equivalente a 4% das emissões originadas de fósseis no mundo – a Amazônia brasileira desmatada vem emitindo CO2 na atmosfera.
A cada ano, um pedaço da floresta quase igual ao tamanho do Kuwait é desmatado ou queimado. Isso tanto elimina CO2 que poderia ser absorvido pelas árvores como libera o carbono estocado de volta à atmosfera.
Quem diz isso não sou eu. É a The Economist na edição da última quinta-feira.
Com 5,37 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia brasileira desperta a cobiça de plantadores de soja e criadores de gado, que na primeira década deste século desmataram a cada ano 20.500 quilômetros quadrados. A emissão de carbono caiu no final da década, depois que o Banco Central passou a cortar crédito para empresas multadas por desmatamento, enquanto foi aumentada a proteção legal às florestas.
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Mas, em 2012, lembra a revista britânica, o governo petista garantiu anistia ao desmatamento passado e, em 2014, começou a recessão, empurrando os fazendeiros a buscarem novas terras. Em 2016, já no governo Temer, surgiram as emissões de CO2. Somente naquele ano, 32.600 quilômetros quadrados de florestas caíram. A destruição continuou nesse ritmo desde então.
Nos últimos 20 anos, a Amazônia brasileira perdeu 350.000 quilômetros quadrados de florestas e emitiu 13% mais CO2 do que absorveu. Essa tendência mostra pouco sinal de reversão a curto prazo.
Chegará a um ponto em que a floresta amazônica não mais poderia produzir umidade suficiente para sustentar seu ecossistema. Mas, mesmo que esse desastre possa ser evitado, grave dano já ocorreu. Cada ano de exploração madeireira contínua reduz a habilidade de a floresta reter carbono. Desde 2001, a taxa de absorção de carbono na Amazônia brasileira caiu 1,2% ao ano, calcula The Economist.
O Brasil prometeu que o desmatamento vai parar em 2028, mas o presidente Jair Bolsonaro relaxou a execução de salvaguardas ambientais. Imagens de satélite sugerem que foi perdido o dobro das florestas em 2022, comparado com a média de janeiro a abril, entre 2010 e 2021.
Conclui The Economist: o caminho futuro do aquecimento global depende, em parte, de Bolsonaro ser reeleito ou não neste ano.
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