‘Eu vejo o futuro repetir o passado’

A letra do Cazuza, “O Tempo Não Para”, veio à minha cabeça quando li o texto que o historiador Paulo César de Araújo publicou na “Folha de S.Paulo” de 23 de janeiro, véspera do julgamento em segunda instância do ex-presidente e pré-candidato à presidência Lula. Mas não é o futuro que repete o passado, ainda. Por enquanto, é só o presente a repetir o que foi vivido por Juscelino Kubitschek quando foi banido pela ditadura militar, em 1965. Favorito às eleições, ele foi proibido de se candidatar, por causa de um tríplex em Ipanema, em um julgamento controverso e sem provas contundentes.

Se o futuro também repetirá o passado, com todas as atrocidades que se seguiram ao governo de Castelo Branco, é algo que ainda viverei para ver.

Você ainda não teve a oportunidade de ler o texto de Paulo César de Araújo? CLIQUE AQUI e vá até o fim. Te garanto que haverá momentos em que você não saberá se está lendo sobre um fato da década de 60 ou da semana passada…

Leia também:

faceblogttblog

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

2 comentários

  1. O triplex liga a história de JK e Lula, como aprendemos na leitura do artigo na Folha. E há muitas outras coincidências, como pude verificar ao reler trechos do livro “JK, exemplo e desafio, de Affonso Heliodoro, amigo e conterrâneo do ex-presidente, do qual foi auxiliar desde quando Juscelino foi nomeado prefeito de Belo Horizonte.

    Como a cassação de Dilma Rousseff teve como objetivo alijar do poder o PT e impedir a volta de Lula, a cassação de Jango Goulart visava JK, considerado o candidato invencível em 1965 pelo PSD, considerado então partido de centro. A UDN de Carlos Lacerda, que apoiou o golpe, era a grande adversária de JK. Carlos Lacerda aparecia em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, bem atrás do ex-presidente.

    Diz Heliodoro, ainda vivo aos 101 anos, na página 200 do livro, cuja 2ª edição revista e ampliada foi publicada em 2005:

    “Goulart foi o pretexto. A partir de sua deposição, o principal objetivo era JK. O golpe de 64 voltou-se contra ele tentando denegrir seu passado, desfigurar sua imagem, destruir o político, liquidar o líder. Não houve cartório, banco, empresa, órgão público, até mesmo no exterior, que não tivesse sido vasculhado, esmiuçado, e até ameaçado pelos órgãos de fiscalização e segurança do governo, no intuito de descobrir “os desmandos e desonestidades ” do ex-presidente.
    “Nada foi, todavia, encontrado.
    “O governo Castelo Branco manifestou, depois, que JK foi cassado exclusivamente por motivos políticos, conforme declaração pública de seu Ministro-Chefe do Gabinete Civil, Luiz Viana Filho. E o presidente Figueiredo falaria, mais tarde, a seu Ministro da Comunicação Social, Said Farhat, referindo-se elogiosamente ao ex-Presidente pela sua “operosidade e clarividência em matéria de desenvolvimento social, mencionando ainda a relativa pobreza de JK”

    Quem quis ser um novo JK, em seus discursos quando no governo de Minas, foi Aécio Neves, não Lula. A história prega algumas peças nos espertinhos, não?

    Nessa história, a imprensa também não fica bem. Com exceção do “Correio da Manhã” e do “Diário de Notícias”, todos defendiam a cassação de JK e sua prisão. Que só não ocorreu, porque os amigos de JK, entre eles Heliodoro, coronel da PM mineira, foram bem-sucedidos na “Operação Fuga”. Nela, estava prevista também alguns dias de refúgio na embaixada da Espanha, que ficava no primeiro andar do edifício onde JK morava,no segundo andar, na Av. Vieira Souto. Aquele mesmo do triplex localizado no quinto andar,

    Ironia da história: a embaixada da Espanha foi a escolhida. Na época, um país governado pela ditadura Franco. Mas não foi lá e sim na França que JK viveu seus três anos de exílio.

    Peixe vivo! Lula teria muito a aprender com JK. Ambos foram os mais populares presidentes do Brasil desde Getúlio Vargas. E os três jamais foram comunistas ou esquerdistas.

    O Brasil é que não aprende.

    Curtir

Deixar um comentário