A danada da Galinha Pintadinha e como lidar com a TV para os pequenos

Eu sei, seu sei. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Academia Americana de Pediatria e toda sorte de outras entidades universais de entendidos na saúde das crianças alerta: não é bom deixar que os pequenos com menos de 2 anos de idade assistam a televisão.

Mas na prática a coisa é meio diferente. Por mais que a gente sempre tenha a preocupação de deixar o Luiz longe das telas em geral, brincando com bola, canetinha, quebra-cabeças e tal, ele acaba tendo seu momento diante da tevê. Vou dar um exemplo de momento clássico e ótimo para isso: quando estou cozinhando o jantar dele. A tevê vira uma babá, deixa ele sentadinho, esperando pacientemente pelo papá pronto, sem necessidade de muita atenção extra que não posso dar quando estou com a barriga no fogão ou na pia.

É um momento rápido do dia, mas foi nesses momentos que o Luiz cultivou o gosto por desenhos animados e até passou a eleger claramente seus favoritos: principalmente Mundo Bita, Dinotrem e Masha e o Urso.

Nunca vi nenhum problema nesse contato rápido diário com desenhos. Afinal, ele não fica o dia inteiro ligado na tevê, recebe vários estímulos, de toda ordem, e as telas são uma realidade do mundo atual.

Bom, eu não via nenhum problema…

Tudo mudou na semana passada, quando, nem lembro mais como, Luiz assistiu pela primeira vez (ou prestou atenção pela primeira vez) à “bendita” Galinha Pintadinha.

Bastou ver uma vez e ele ficou completamente viciado! Nunca vi coisa igual, fiquei sem saber o que fazer. (“A galinha ficou doente e o galo nem ligou…”) Na segunda-feira à noite, quando desliguei a tevê, ele ficou meia hora chorando e gritando sem parar, apontando para a tela, pedindo pela Galinha Pintadinha. Não quis mais saber de brincar e nem mesmo outros desenhos pareciam interessar mais. Só queria saber da danada da galinha.

Depois de três dias tendo contato com a dita cuja, decidi que era melhor cortarmos o mal pela raiz. Mas que dó que dá ver o pequenino apontando desesperado para a TV e pedindo pela Popopó! Ou seja, sofrendo com algo que eu posso facilmente resolver. Fico martelando na minha cabeça: será que é melhor dar essa pequena alegria para ele agora e depois torcer para ele enjoar sozinho dos desenhos e se interessar por outras coisas? Ou é melhor insistir mais um pouco na minha decisão até ele finalmente esquecer e continuar crescendo de forma saudável, mais distante das telinhas e telonas? Ou estão todos aqueles médicos bambambãs errados e deveria mesmo era estimular o contato com as telas, mais condizente com esse mundo conectado em que vivemos hoje e em que ele viverá ainda mais no futuro?

Quem é que sabe?

O que eu sei é que meu pequeno completou um marco na última quinta-feira: 1 ano e meio de vida. E, mesmo passados esses 18 meses, continuo sem manual de instruções, tateando no escuro dos erros e acertos, mas sempre buscando o que acredito, do fundo do coração, que possa ser melhor para nosso pequeno Luiz.

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

8 comentários

  1. Cris, a galinha pintadinha era também o sonho de consumo de minha primeira neta, lembra-se?. Mas havia um momento de horror: a chegada do gavião (ou não era esse desenho, já não estou certo). O Luiz não tem esse medo? Então, não se preocupe… Como tudo mais, isso também passa.

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  2. Oi Kika,

    A Alice tem dois meses a mais que o Luiz. Ela também ficou miticamente hipinotizada com a Galinha Pintadinha. De uns tempos pra cá, contudo, ela foi desligando da coisa. Até prefere outros desenhos agora, como a Peppa Pig. Eu acho assim, “use com moderação” e “não esquenta que passa”. É isso, abração.

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  3. Na minha modesta opinião não vejo nada de errado em permitir que a criança assista TV, desde que com moderação e com uma programação adequada para a idade… Para que não fique uma atividade solitária, em alguns momentos deveria haver uma interação com o adulto, onde ele faria comentários sobre o conteúdo do desenho….veja a galinha é azul… Quantos pintinhos apareceram ali?… Lavar as mãozinhas é muito legal!…. E tantos outros comentários interessantes que servem pra promover o diálogo e enriquecer as experiencias dos pequenos…

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  4. Minha Gabi vai fazer 1 aninho agora no dia 18.10.20. Aos 3 meses e meio precisou ficar no berçário. Ainda mamava. Enquanto eu não chegava , e durante todas as atividades de berçário e bracinhos das titias super amáveis, elas colocavam para os bebês maiores a galinha pintadinha. Surpreendentemente, ela ficava quietinha e até começava seus primeiros balanços. Iniciou a pandemia e por ser eu do grupo de risco, precisei ficar em casa e ao tomar conhecimento de aua rotina, veio a informação da galinha pintadinha. Coloquei e assíria com ela em horários programados . Ela ficava hipnotizada. Quietinha, sorria, balançava e pra minha surpresa falou pela primeira vez, pó pó. Seja pombo, galinha, passarinho, tudo que tem asas, são pó pó. E ela grita e sorri. O que tem de mal nisso?! O desenho é lindo. Colorido. Cheio de canções, e claro que não gosto da parte ” E o galo nem ligou”. Mas aí a gente ensina o certo né.? Quando ela vier a entender. Kkkkk
    Agora a música do momento é do bom zoom e sua turma, mas a galinha é o repertório final. Ela até segue a o controle e dirige para a TV a ponto de mudar quando algo não lhe agrada. É divertido. Canto con ela e aproveito para ensinar novas palavras. Já fala água, au au e claro pó pó. Mamãe
    ?!?! Ela chama de bá bá. Kkkkkkkkk

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