Para pegar na locadora: EDUKATORS (Die fetten Jahre sind vorbei)
Nota 9
Quando assisti a EDUKATORS pela primeira vez, no cinema, provavelmente em 2004, o que me saltava aos olhos era a questão ideológica. Os jovens anticapitalistas lutando contra as injustiças de um mundo desigual, de uma maneira pacifista e bastante criativa — ou “didática”, como supunham.
Eu própria me via fazendo o mesmo.
No último domingo assisti ao filme de novo (ou à metade final dele), pela terceira vez, no canal Futura, e achei curioso que outras coisas tenham me chamado mais a atenção na história do que o fator político propriamente dito.
Não sei se estou menos politizada de lá para cá (é possível) ou se estou mais aberta a olhares de mundo menos unilaterais (também provável). Embora tudo, em última instância, seja político, o mundo comporta mais matizes que, quando eu era mais nova, deixava escapar.
Desta vez me chamou a atenção, por exemplo, o valor de uma amizade que suporta até as piores traições, em nome de uma lealdade acumulada, muito mais importante.
Também me emocionou ver uma história de “amor livre”, e de como as questões do coração se sobrepõem a todas as demais.
E como é mágica a interferência que o convívio com jovens causa nos mais velhos, pelo simples desengavetamento de memórias. Necessário ter esse convívio com os mais jovens, de tempos em tempos (e nem precisam ser duas pessoas separadas por um abismo geracional: o simples convívio com alguém, digamos, quatro anos mais novo, que está pisando pela primeira vez em um local de trabalho, já é revigorante para o colega quatro anos mais velho, desde que este não seja nem arrogante nem preconceituoso).
Por fim (ao menos para este post), me saltou aos olhos a necessidade que todos temos de ter um refúgio no meio do mato, na mais longínqua montanha, para nos encontrarmos, nos revigorarmos desse mundo doido — mas não necessariamente mudarmos de vez. “Na Natureza Selvagem” levou essa lógica ao extremo, Edukators a mostra pelas beiradas, mas com conclusão semelhante.
Não quero estragar a graça do filme com todas as pequeninhas reflexões que surgiram desta segunda vez. O importante é que, seja como for, ele sempre foi um bom filme de se ver.
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