Homenagem a Antônio (1942-2025), meu irmão advogado e brincalhão

Antônio de Souza Castro e os quatro filhos. Foto: arquivo pessoal
Antônio de Souza Castro e os quatro filhos. Foto: arquivo pessoal

Em outubro de 2013 publiquei aqui um caso bem interessante sobre um valentão de Santana dos Montes, em Minas. Atendendo aos insistentes apelos de sua mãe, ele não matou um inimigo, mas passou a vestir saia de mulher. Quem me contou foi meu irmão Antônio, que o ouviu do advogado Aristóteles Atheniense, seu grande amigo e vítima da Covid-19.

Nesta quinta-feira, 4 de setembro, quem morreu foi Antônio de Souza Castro, num hospital de Belo Horizonte, vítima de infecção. No dia seguinte, 5 de setembro*, seria seu aniversário: completaria 83 anos de uma vida dedicada em boa parte à advocacia e a cultivar seu bom humor.

Antônio de Souza Castro morreu em Belo Horizonte, em 4 de setembro de 2025.

Aprendi com ele muitas coisas, como abotoar camisa, quando menino, e a não desprezar bons conselhos. Se o tivesse ouvido, aos 7 anos, não teria caído de um pé de mexerica. Eu estava subindo na árvore para pegar uma das últimas frutas maduras, e ele, ainda no chão, gritou: “Olha a cobra!”. Não acreditei, e caí de susto quando minha mão tocou uma enorme sucuri que dormia enrolada no galho.

Sobrevivi a isso e a muitas outras coisas. Como àquela vez em que, quando eu já era jornalista e ele advogado, uma juíza mineira me processou por denúncia que publiquei contra ela, no primeiro blog da Cris, o Tamos com Raiva. Antônio redigiu uma defesa com fortes argumentos a favor da liberdade de imprensa. Diante da repercussão, a juíza desistiu. Ela estava errada.

Antônio de Souza Castro e uma das netinhas, quando criança. Foto: arquivo pessoal
Antônio de Souza Castro e uma das netinhas, quando criança. Foto: arquivo pessoal

Entre os amigos que se manifestaram sobre a morte de Antônio, cito o juiz aposentado José Rafael Gontijo, de Santo Antônio do Monte. Ele escreveu:

“Que pesar! O Toninho de Castro, amigo e companheiro em todas as jornadas de vida, desde 1954. Juntos, pouco mais do que crianças, estudamos internos, primeiro em Bom Despacho e, depois, Dores do Indaiá. Em seguida, Belo Horizonte, no mesmo colégio e sala de aulas, residindo numa mesma pensão e ocupando o mesmo quarto. Por fim, também juntos, fizemos vestibular e curso de Direito na mesma faculdade. Por favor, sendo possível, transmita aos irmãos José e Maurício e também aos filhos, Abelardo e irmãs, os cumprimentos de muito pesar, não só meus, mas também da Elzinha, pois o estimávamos muito mesmo”.

Com a idade, Antônio foi perdendo o bom humor. Sempre foi atleta amador, mas de repente teve que usar bengala. Entre outros perrengues, que acabaram levando-o ao hospital e, em seguida, ao Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.

Deixa os filhos Ester, Raquel, Abelardo e Gisele, a mãe deles, Edwigdes Maria Guimarães de Castro, e os netos Yasmin, Maria Diana, Felipe, Isabela, Luiza, Clara, Lucas e Cristiano.

Antônio de Souza Castro e os quatro filhos. Foto: arquivo pessoal
Antônio de Souza Castro e os quatro filhos. Foto: arquivo pessoal

Dos 12 filhos de Homero Theotônio de Castro e Maria Angélica de Souza Castro, continuam vivos: José (eu), Maurício, Maria de Lourdes, Maria Sélia, Maria do Carmo e Márcio.

 

* Na verdade ele nasceu no dia 1° de setembro, mas houve um atraso no registro no cartório, por isso a certidão tem a data do dia 5.


Nota da Cris: Como escreveu meu pai, lembro do tio Antônio sempre muito piadista. Ele adorava fazer brincadeirinhas, inclusive algumas bem bobas, daquele jeitão dele de falar com um meio-riso debochado no rosto. Era muito divertido e adorava usar boina (diz o Google que chama boné newsboy, vai saber).

Tio Antônio e a boina que gostava de usar sempre :) Foto: arquivo pessoal
Tio Antônio e a boina que gostava de usar sempre 🙂 Foto: arquivo pessoal

Lembro especialmente de uma viagem que fizemos com ele para visitar os parentes do interior (Bom Despacho, Lagoa da Prata), em que paramos no sítio. Ele e meu pai tinham um jeito único de se comunicar, relembrando histórias pessoais e trocando brincadeiras entre si. Penso nele como o tio que era mais próximo do meu pai… Inclusive muito parecidos fisicamente 🙂

Pena que adoeceu bastante nos últimos anos e acabou perdendo toda essa vitalidade alegre que ficou gravada na minha memória.

***

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

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