Vale ver no cinema: A Contadora de Filmes (La Contadora de Películas)
2023 | 1h56 de duração | Classificação: 14 anos | nota 9
Fazia tempo que eu não me emocionava tanto com um filme. Pois chorei e chorei em várias cenas deste belo “A Contadora de Filmes“.
Fui assistir sem saber muito a respeito dele. Sabia que partia de uma premissa muito interessante: uma família que vivia numa vila no meio do nada, em que nada acontecia no dia a dia, mas que amava os domingos, por serem os dias de ir ao cinema. Até que um acidente faz a renda da casa despencar e a filha caçula é escolhida para continuar indo ao cinema sozinha, e depois contar aos outros o que viu.
Já teria sido uma história muito interessante por si só, se fosse apenas sobre a menina María Margarita, e seu dom espetacular de rememorar cada cena de um filme, cada diálogo, e reproduzir tudo com maestria, como uma verdadeira atriz. Mas a história de “A Contadora de Filmes” vai muito além disso.
O roteiro, baseado no livro homônimo de Hernán Rivera Letelier, é assinado por três pessoas, sendo duas que conheço e admiro muito: a espanhola Isabel Coixet (dos belos “Minha Vida Sem Mim” e “A Livraria”) e, principalmente, o brasileiro Walter Salles.
Salles, que está fazendo sucesso com o filme “Ainda Estou Aqui”, também em cartaz nos cinemas, também dirigiu os maravilhosos “Diários de Motocicleta“, “Linha de Passe“, “Na Estrada” e “Central do Brasil”. Sua experiência é menor como roteirista, mas não menos qualificada, como mostra agora este “A Contadora de Filmes”.
Em quase duas horas, acompanhamos a história da menina que possui essa memória fotográfica extraordinária, capaz de transportar outras pessoas para uma sala de cinema apenas por meio de sua narrativa oral. E, muito graças a esse talento, vemos sua família sobreviver naquele miolo do deserto do Atacama, onde seu pai trabalhava em uma mina de salitre.

Vemos ela e seus irmãos – todos com nomes com a letra M – crescerem, sempre muito unidos, depois de terem passado por dois episódios dramáticos na infância.
Vemos as mudanças trazidas pela invasão da televisão e a invasão, muito mais brutal, da ditadura de Pinochet.
Vemos homens e mulheres congelando como estátuas de sal, mas também outras, indo atrás de seus sonhos e virando estátuas de pedra.
Romances e violência, crime e castigo, amor e abandono. Há um pouco de tudo nessa espécie de fábula latino-americana, que homenageia o cinema, enquanto arte e instituição, e se vale dele para criar a matéria humana.
Afinal, como bem diz a protagonista, citando Shakespeare: “Já disseram que somos feitos da mesma matéria que os sonhos. Eu acredito que somos feitos da mesma matéria que os filmes”. Somos mesmo. E um pouquinho deste filme ficou impregnado em mim.
Assista ao trailer do filme ‘A Contadora de Filmes’:
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